quarta-feira, 14 de julho de 2010

Pensamento Superficial sobre o Pecado – S. Bolton (1606-1654)


Pensamento Superficial sobre o Pecado – S. Bolton (1606-1654)


Vejam que motivo temos para humilhar nossas almas diante de Deus neste dia devido termos pensamentos tão superficiais sobre o pecado, e desde que Deus tem classificado o pecado como o maior de todos os males. Que pensamentos levianos temos do pecado? Podemos engoli-lo sem medo, podemos viver nele sem percebê-lo, podemos cometê-lo sem remorso. Tudo isso mostra a superficialidade dos nossos pensamentos sobre o pecado. Não avaliamos o pecado como sendo um mal tão grave como realmente ele é.

Agora, para que vocês possam ter conceitos mais adequados sobre a magnitude dele, para que sejam capazes de ver o pecado como algo excessivamente maligno, irei apresentá-lo resumidamente sob seis aspectos.

1. Olhem para ele sob o prisma da natureza a qual, embora seja um cristal pouco transparente, é um refletor autêntico. O pecado tem ofuscado essa lente, ainda assim ela é capaz de revelar-nos muito do mal do pecado. Mesmo os pagãos têm visto e julgado por eles mesmos, muitos pecados como sendo o maior dos males.

Embora os pecados espirituais fossem ocultos a eles, sua luz não era capaz de descobrir a infidelidade e os pecados íntimos. Todavia eles têm descoberto os pecados morais, e os evitado, e prefeririam correr o risco de sofrer do que cometer tais pecados. Os exemplos de Platão, Cipião, Catão, e muitos outros irão elucidar isso. Tudo isso foi descoberto pelo prisma da natureza, feito por ela própria, porém não pela mera natureza caída, e sim pela natureza bem administrada, pela natureza desenvolvida, pela implantação de princípios morais juntamente com a graça restringedora e de outros dons comuns do Espírito.

O grande ódio que sentem pelo pecado, o grande cuidado que têm para evitá-lo, o grande sofrimento que experimentam por não quererem cometer pecado, deveriam ser suficientes para revelar-nos quão grande é o mal do pecado - mas interromperemos o assunto aqui.

2. A segunda lente pela qual vocês podem ver até onde vai o pecado é a lente da lei, a lente que revela o pecado em todas as suas dimensões: a culpa, o demérito, a corrupção e a malignidade do pecado. Portanto, o apóstolo diz em Rom. 7:7 "... mas eu não conheci o pecado senão pela lei..." Isto é, eu não teria conhecido o pecado como sendo tão abominável quanto ele o é, eu não teria conhecido o pecado em sua amplitude e latitude. Eu não teria conhecido a gravidade do pecado se não tivesse sido pela lei, se a lei não tivesse sido a lente para revelar o pecado a mim.

Ela revelou a grandeza do pecado para Davi: "A toda a perfeição vi limite, mas o teu mandamento éamplíssimo " (Sal. 119:26), isto é, por revelar a extensão do pecado em proporção a sua amplitude e grandeza.

Que lástima! Isso irá revelar a vocês mais nudez num pecado do que o mundo todo pode cobrir, mais indigência num pecado do que todos os tesouros da justiça disponível são capazes de suprir; mais obliqüidade e injustiça num pecado, num pensamento errado, do que a morte de todos os homens e o extermínio dos anjos seriam capazes de expiar.

Procurem na lei e vocês descobrirão milhares de pecados que caem sob toda e qualquer lei de Deus. Eis aqui a lente!

3. Olhem para o pecado sob a lente das dores, feridas penetrantes e tristezas, as quais os santos encontraram em seu acesso e primeira entrada no estado de graça, em suas reincidências e retornos à insensatez.

Para o primeiro, vejam que gemidos e humilhações tiveram que suportar em sua primeira admissão ao estado de graça - Manasses em II Crôn. 33:12, Paulo em Atos, capítulo nove, os judeus convertidos em Atos 2:37 - admissão semelhante à ocasião quando os pregos perfuraram Cristo, agora cravados em seus corações como a lança no lado de um animal.

Quantos dos muitos santos que já existiram estiveram presos num leito de miserável angústia, acamados sob os golpes da justiça possi velmente por muitos anos, e tudo isso por causa do pecado. Em todas as épocas houve milhares de exemplos dessa natureza.

Olhem para as angústias e quebrantamentos que os santos t i veram quesuportar por causa de suas reincidências no pecado. Vejam nos em Pedro e em Davi. Leiam as tristes expressões que ele tem no Sal. 6:1-7 e no Sal. 32:3-5. Do mesmo modo no Sal. 51. Como ele lamenta pela sua alma perturbada, seus ossos quebrados, seus olhos consumidos pela tristeza, sua cama está encharcada com lágrimas! E tudo isso por causa do pecado. Aqui está a lente pela qual pode-se ver o mal do pecado como sendo o maior mal. Sim, quando Deus o enfoca, o menor pecado resultará em tudo isso.

4. Olhem para o pecado em Adão e vejam a extensão dele. Aquele único pecado de Adão trouxe todas as misérias, doenças, morte e outras desgraças, sobre toda a sua posteridade desde aquele tempo. O pecado tem sido a maldição de milhares de homens e ainda continua sendo. A justiça de Deus ainda não foi satisfeita. Se ela tivesse sido, haveria um fim. Não morreríamos, nem ficaríamos doentes jamais, etc. Oh, aqui vocês podem ver o pecado em sua extensão!

5. Olhem para o pecado sobre Cristo. Vejam que humilhações, que quebrantamentos, que feridas cruciantes, que ira isso trouxe sobre o próprio Cristo. Foi isso que misturou aquele cálice amargo com ingredientes tão terríveis, os quais, se tivéssemos que libá-lo quando assim estava temperado, teriam colocado nossas almas debaixo de uma ira pior do que aquela que todos os condenados sofremno inferno. Cristo suportou plena justiça por causa do pecado.

Isso fez com que Ele que era tanto Deus quanto homem, santificado pelo Espírito para essa missão, fortalecido pela Deidade, suasse gotas de sangue, e até lutasse, parecendo recuar e orar contra a obra de Sua própria misericórdia, querendo desistir do propósito de Sua própria vinda ao mundo.

Ah, ninguém sabe senão Cristo, nem é o finito entendimento humano capaz de conceber, o que Cristo suportou quando estava para carregar o pecado e com isso lutou contra a infinita ira e justiça do infinito Deus, os terrores da morte, e os poderes do mundo vindouro. Aqui está uma lente pela qual vocês podem ver a grandeza, a amplitude, a culpa, o demérito do pecado, tudo o que é revelado ao indivíduo na morte, sofrimentos, quebrantamentos e feridas do Filho de Deus.

Você, amigo, que despreza o pecado, vá para Cristo e pergunte a Ele quão duro isso foi, aquilo que você despreza esmagou-O contra o chão. E o menor pecado esmagaria você e todos os pilares do céu para o fundo do inferno para sempre.

6. A sexta lente: olhem para o pecado na condenação eterna da alma, que nada satisfaria à justiça de Deus a não ser a destruição da criatura. Nem doenças, nem prisões, nem sangue, nem sofrimentos, a não ser os sofrimentos do inferno! E esses não por um tempo, mas para sempre! Ah, vejam aqui a enormidade do pecado, o qual poderia ser ainda mais ampliado considerando-se a preciosidade da alma, a qual o pecado arruina por toda a eternidade. E portanto, vocês conheceriam o pecado? Perguntem aos condenados: o que é pecado? Volvam seus ouvidos ao inferno e ouçam todos aqueles berros, aqueles gritos, aqueles rugidos dos condenados, e tudo isso por causa do pecado. Oh, eles foram os prazeres custosamente comprados, os quais precisam ser conseqüentemente pagos com dores sem fim.

Assim através destas lentes vocês vêem o que é o pecado. E por conseguinte como devemos ser humilhados por causa de nossa indiferença em relação ao pecado, o qual é um mal tão grande!

http://www.josemarbessa.com/2010/07/pensamento-superficial-sobre-o-pecado-s.html

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