domingo, 25 de dezembro de 2011

Em que os alcunhados Neopuritanos [1] são semelhantes aos Puritanos, hoje no Brasil?

1. Em nada. 2. Os puritanos eram profundamente conhecedores e praticantes das Escrituras, os neopuritanos apenas sonham com isso e ainda têm muito a percorrer até que isso aconteça. 3. Os Puritanos eram gigantes da piedade, os neopuritanos são pigmeus, não sabem bem como torná-la experimental, mas anseiam por isso. 4. Os Puritanos amavam e zelosamente santificavam o dia do Senhor como os Presbiterianos do passado também o faziam. Neste ponto os neopuritanos, se opondo e enfrentando a “neo-hermenêutica” contemporânea, lutam quase que desesperadamente para estabelecer esta disciplina de vida pessoal e da sua família, por considerar, como os Puritanos, que este é o único dia santo a ser guardado de forma deleitosa como um santo descanso e guardando-se não somente de tudo quanto é pecaminoso, mas até de todas as ocupações e recreios seculares que são lícitos em outros dias (CM p. 158); mas os neopuritanos ainda sonham por alcançar esta prática.
5. Os Puritanos, seguindo o pensamento de Calvino, louvavam ao Senhor apenas com o Saltério. De forma natural e zelosa, defendiam a salmodia exclusiva por considerarem que, assim como o que se lê no culto deve ter um conteúdo inspirado, o cantar também. E faziam assim por questões hermenêuticas esposadas por todos os grandes teólogos puritanos e por aqueles que escreveram a CFW e os Catecismos e o Diretório de Culto. Os neopuritanos buscam esta prática puritano-reformada, mas ainda “engatinham” nisso, pois nem Saltério organizado têm, mas sonham com um saltério Brasileiro para louvar e glorificar a Deus com aquilo que Ele mesmo compôs sem impor isso às consciências daqueles que não têm esta convicção puritana. 6. Os Puritanos e as puritanas nunca permitiram que as mulheres orassem no culto público, nem que ensinassem à congregação, nem pregassem a Palavra. Eles, como Calvino, sempre entenderam que esta era uma prerrogativa dos homens que lideram a Igreja e que ninguém pode delegar esta autoridade à mulher visto que Deus nunca autorizou qualquer concílio ou liderança eclesiástica a assim proceder. Os Puritanos nunca transferiram para a mulher uma atribuição de autoridade própria dos homens por Deus delegada. Os Puritanos faziam assim, não porque achassem que isso era uma prática apenas cultural, ao contrário, era essencialmente uma questão teológica. Os neopuritanos, ainda que concordem com isso, por falta de maior convicção e hábito, por constrangimento e receio, ainda tropeçam, mas sonham com esta prática na igreja de hoje. 7. Os Puritanos levavam muito a SÉRIO o dia do Senhor e o momento de Culto a Deus. Na pregação, nos sacramentos, nas orações, nos cânticos dos salmos e na leitura bíblica. Na adoração tinham aversão a uma postura irreverente e descontraída por entenderem que estavam na presença de um Deus santíssimo; assim o zelo do Senhor os consumia porque sabiam que Deus é fogo consumidor. Criam que isso não deveria ser um traço de uma época, mas uma essencial prática teológica e piedosa. Os neopuritanos estão longe desta realidade, pois, forçosa e frequentemente, assumem, não sem constrangimento e vergonha, a posição Nicodemita[2] de desconsiderar este temor santo que caracterizava o coração puritano. No entanto, sonham e batalham neste sentido, sendo por isso criticados e ridicularizados. 8. Os Puritanos são chamados de os teólogos da santificação e conseguiram experimentar uma vida de pureza. Os neopuritanos se envergonham de sua mediocridade nesta área. Os neopuritanos não sabem o que isso significa na prática. Pecam por apenas admirar a ortopraxia puritana, mas não vivenciá-la. Nesta área, os neopuritanos são uma vergonha, no entanto sonham com dias melhores, sonham com um grande despertamento santificador na Igreja de Cristo associado a um profundo conhecimento doutrinário. 9. Os Puritanos foram exemplos de piedade e ortodoxia. Foram gigantes na pregação, na interpretação das Escrituras, no ensino, no magistério, mas também na vida santa e piedosa. Para os Puritanos Presbiterianos a ortodoxia estava representada e hermeneuticamente expressa na Confissão de Fé de Westminster, nos Catecismo Maior e Breve e no Diretório de Culto. Fora disso temiam se colocar na posição vulnerável de uma neo-hermenêutica que viesse a permear os púlpitos e o ensino da Igreja. Hoje poucos escrevem e ensinam teologia de uma forma tão ortodoxa, santa e piedosa como os Puritanos fizeram; hoje poucos meditam nas grandezas de Deus e as vivenciam como eles. Os neopuritanos têm conhecimento deste fato e, por suas incoerências, limitações e fraquezas, coram de vergonha, mas sonham com esta vivência doutrinária e experimental. 10. Os Puritanos pregavam e ensinavam que os dons extraordinários do Espírito Santo foram próprios da era apostólica quando “Os apóstolos, os profetas e os que possuíam o dom de línguas, de curar e fazer milagres, foram oficiais extraordinários empregados a princípio por nosso Senhor e Salvador para reunir seu povo de entre as nações, conduzindo-os à família da fé. Esses oficiais e dotes miraculosos cessaram há muito tempo”[3] e que, sendo a Palavra de Deus suficiente, não existem novas revelações do Espírito. O Sola Scriptura era o grande fundamento dos Puritanos. Os neopuritanos, ainda que concordando com esta verdade e lutando por ela com grande ênfase, a têm no coração ainda de forma mais teórica do que prática; no entanto sonham com a pureza desta verdade: Só a Escritura é indispensável, “tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo” (CFW – 1:1). 11. Os Puritanos não comemoravam Páscoa e Pentecostes porque consideravam que estes dias, tanto quanto as festas dos tabernáculos, das primícias, os sacrifícios expiatórios de animais, etc. foram instituições levíticas abolidas em Cristo. Os Puritanos amavam a doutrina da encarnação do Verbo e pregavam sobre os textos que falam claramente sobre este evento, mas não comemoravam o Natal por ser um dia ou uma festa não ordenada por Deus, além de ter origem pagã e papal. Os neopuritanos, porém, ainda sofrem e caem sob a pressão e imposição reivindicadas pela tradição da cultura cristã dos nossos dias, contudo ainda conseguem pelo menos se manifestar pela supressão desta prática não encontrada na Igreja primitiva apostólica. 12. Os Puritanos não tinham corais e solos no culto, mas o louvor era puramente congregacional. O esplendor dos corais e os cantores do Templo de Jerusalém que seguiam uma orientação levítico-sacerdotal-masculina eram considerados prática cerimonial e que os sacerdotes de hoje (sacerdócio de todos os santos) são todos os crentes que congregacionalmente louvam ao Senhor na simplicidade cúltica Reformada. Os Neopuritanos ainda coxeiam nesta área, mas enfrentado grande oposição, resistência e desprezo, lutam e buscam esta visão puritano-reformada. Conclusão: Os alcunhados Neopuritanos, ou devem ser encorajados a permanecer no mesmo conhecimento bíblico, convicção doutrinária, fé experimental, luta e piedade de seus pais antecessores que redigiram os documentos de Westminster ou devem ser desencorajados e não tolerados por tentarem ser cristãos como os Puritanos foram: Um suposto introspectivo grupo pietista radical de um período distante da história que, de modo não reformado, minimalista, restritivo e legalista, redigiram documentos eclesiásticos próprios da sua cultura e época — CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER, O CATECISMO MAIOR DE WESTMINSTER, O BREVE CATECISMO DE WESTMINSTER, O DIRETÓRIO DE CULTO DE WESTMINSTER E UM SALTÉRIO (que continha os salmos, hinos e cânticos espirituais “supostamente” recomendados pelo apóstolo Paulo). Manoel Canuto http://ospuritanos.blogspot.com/search/label/Neopuritanos

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Manifesto Cristão

A maior parte do cristianismo evangélico hoje é fundamentado em clichês. A maior parte do nosso cristianismo vem de músicos que se dizem cristãos, e não da bíblia. A maior parte do que os evangélicos acreditam é ditado pela cultura secular e não pela escritura. Poucos são os que encontram a porta estreita. Consequentemente, as ideias mais populares possivelmente não são os conceitos mais próximos da verdade bíblica. Nos dias de hoje, desconfie de qualquer “Best-seller”. Desconfie de qualquer um que for sucesso ou um furacão de vendas, simplesmente porque a genuína verdade cristã jamais foi e nunca será “digerida” pelas massas. A maior prova disso, é que mataram o seu autor. Se caiu no gosto da maioria é falso. Lembre-se, Jesus se referiu aos seus verdadeiros seguidores como “pequenino rebanho”. A apostasia que a Bíblia nos advertiu que seria evidente nos últimos dias já está em pleno andamento. Somente aqueles que se mantiverem firmes a Palavra de Deus serão protegidos e salvos. Este remanescente de crentes fiéis será visto como pessoas antiquadas e de mentalidade fechada. A natureza da salvação de Cristo é deploravelmente deturpada pelo evangelista moderno. Eles anunciam um Salvador do inferno ao invés de um Salvador do pecado. E é por isso que muitos são fatalmente enganados, pois há multidões que desejam escapar do Lago de fogo, mas que não têm nenhum desejo de ficarem livres de sua pecaminosidade e mundanismo. Sem santificação ninguém verá o Senhor. Os Evangélicos modernos procuram encher suas igrejas de analfabetos bíblicos, convencendo-os que eles irão para o céu, simplesmente porque levantaram a mão e fizeram uma oração, como sinal de aceitação de Jesus como Salvador, e que Ele vai lhes dar o sucesso familiar, social e financeiro, se tiverem um nível de moralidade considerável e forem dizimistas fiéis; o que se constitui propaganda enganosa. Muitos dizem não ter vergonha do evangelho, mas são uma vergonha para ele. A primeira geração de cristãos pós-modernos já está aí. São crentes que pouco ou nada sabem da Palavra de Deus e demonstram pouco ou nenhum interesse em conhecê-la. Cultivam uma espiritualidade egocêntrica, com nenhuma consciência missionária. Consideram tudo no mundo muito “normal” e não veem nenhuma relevância na cruz de Cristo. Acham que a radicalidade da fé bíblica é uma forma de fanatismo religioso impróprio e não demonstram nenhuma preocupação em lutar pelo que creem. Você sabia que 80 á 90% das pessoas que “aceitam a Cristo” em trabalhos evangelísticos se “desviam” depois? O motivo de tudo isso tem sido esse evangelho centrado no homem que é pregado nos púlpitos, nas TVs e nas casas, onde o bem-estar e a prosperidade tem se tornado “mais valiosos” que o próprio sangue de Cristo. A graça já não basta mais (apesar dos louvores e acharmos Cristo tão meigo). O que nós realmente queremos é “o segredo” para sermos bem-sucedidos. Desejamos “uma vida com propósitos” para taparmos com peneira o vazio que sentimos. O Vazio de um espírito morto que somente Deus pode ressuscitar. Ansiamos por “o melhor da nossa vida hoje” no lugar de tomarmos a nossa cruz e de negarmos a nós mesmos. Queremos conhecer “as leis da prosperidade” mais do que o Espírito de Santidade; e, para nos justificarmos, tentamos ser pessoas automotivadas e de alta performance, antes de sermos cristãos cuja alegria está em primeiro lugar Nele; e santos bem aceitos pelo mundo a despeito das Palavras de Jesus contrariar esse posicionamento. A falha do evangelismo atual reside na sua abordagem humanista. Esse evangelho é francamente fascinado com o grande, barulhento, e agressivo mundo com seus grandes nomes, o seu culto a celebridade, a sua riqueza e sua pompa berrante. Para os milhões de pessoas que estão sempre, ano após ano, desejando a glória mundana, mas nunca conseguiram atingi-la, o moderno evangelho oferece rápido e fácil atalho para o desejo de seus corações. Paz de espírito, felicidade, prosperidade, aceitação social, publicidade, sucesso nos negócios, tudo isso na terra e finalmente, o céu. Se Jesus tivesse pregado a mesma mensagem que os ministros de hoje pregam, ele nunca teria sido crucificado. Hoje temos o espantoso espetáculo de milhões a ser derramado na tarefa de proporcionar irreligioso entretenimento terreno aos chamados filhos do céu. Entretenimento religioso é, em muitos lugares rápido meio de se esvaziar as sérias coisas de Deus. Muitas igrejas nestes dias tornaram-se pouco mais do que pobres teatros de quinta categoria onde se "produz" e mercadeja falsos “espetáculos” com a plena aprovação dos líderes evangélicos, que podem até mesmo citar um texto sagrado fora de contexto em defesa de suas delinquências. E dificilmente um homem se atreve a levantar a voz contra isso. A maioria dos crentes não acredita que a Bíblia diz o que está escrito: acreditam que ela diz o que eles querem ouvir. Contornar a Palavra de Deus e chamar os nossos desejos de direção divina, só leva à multiplicação do pecado. Há muitos vagabundos religiosos no mundo que não querem estar amarrados a coisa alguma. Eles transformaram a graça de Deus em libertinagem pessoal e muitas vezes coletiva. Se você crê somente no que gosta do evangelho e rejeita o que não gosta, não é no evangelho que você crê, mas, sim, em você mesmo. Ai de vocês que pregam seu falso evangelho, transformam a casa de Deus em comércio. Vendem seus CDs, vendem seus falsos milagres, vendem suas falsas unções, vendem falsas promessas de prosperidade, enquanto na verdade só vocês têm prosperado. Como escaparão do juízo que há de vir? Conteúdo adaptado de algumas ideias, vários textos e pregações de diversos autores Cristãos. http://www.reflexaocalvinista.com/ Acesso em 09/11/2011

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Estou mais uma vez através de nota, a esclarecer o motivo pelo qual eu troquei o nome do meu blog, pois a resposta esta na última publicação minha, que foi a nota de repúdio, e quero dizer aos meus leitores e seguidores que continuarei com as postagens reformadas e puritanas, independente do nome do blog ser batistas ou não, pois não posso mais usar esse nome no meu blog depois de tudo que os batistas denominacionais fizeram comigo e toda a minha família. Qualquer outro esclarecimento, podem entrar em contato comigo pelo e-mail: sostenesrany@hotmail.com e estarei totalmente e disposição para perguntas de qualquer espécie. Atenciosamente: Sóstenes Raniely Lucena

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

NOTA DE REPÚDIO AO AFASTAMENTO DA CONGREGAÇÃO BATISTA DE AREIA BRANCA

Hoje estou através desse documento, como cristão inserido nesse sistema “gospel” de nossos dias, a esclarecer os últimos acontecimentos denominacionais referentes à minha pessoa, onde fui excluso da direção de uma das congregações da PIB de Mossoró-RN, ou seja, da Congregação Batista de Areia Branca-RN, do qual, passei ao longo de três anos e oito meses, numa labuta intelecto-braçal, sem limites de horários, e graças a Deus, feliz com isso! Mas o que quero realmente com isso são repudiar o modo como foi o processo de afastamento de minha pessoa da igreja em Areia Branca, onde táticas anticristãs foram usadas como “espionagem” e cata conversas entre membros despreparados para tal situação, e com isso, facilmente de ser manipulados, houve sucesso com isso, não todos, mas uma parte interessada no processo. Repudio o modo vergonhoso e ímpio que foi usado na “reunião” em que foi declarada na marra a minha exclusão, onde ficou claro uma conspiração pré-determinada com interesses políticos internos. Não houve qualquer critério bíblico para minha exclusão da direção da Congregação. O que se pode ver foi um total descontrole emocional de caráter psicológico por parte de dois “irmãos”, que insistentemente, pressionava para uma exclusão sumária. As desculpas apresentadas foram inicialmente com relação à organização eclesiástica, onde de modo ímpio e mundano, tentaram colocar palavras na boca de irmãos e formar discórdias, dissensões e facções na igreja, apresentando coisas sem nenhum fundamento bíblico que se torne legal o afastamento da congregação. Muitos outros detalhes da conversa poderiam ser explicados aqui, mas prefiro não comentar por causa da irracionalidade da conversa e da falta de entendimento e nexo das palavras que foram dirigidas a minha pessoa no momento da reunião, e também por que eu não quero mais comentar sobre isso. Quero apenas agradecer aos irmãos que lutaram para que a promessa que foi feita a mim fosse cumprida, pois é o mínimo esperado de um verdadeiro cristão. Sou um pai de família e as necessidades dela e de imediato, e com muitas dificuldades e calúnias vindo de uma pequena parte interessada na descaracterização de minha reputação cristã, houve uma ajuda por parte da igreja, e sou grato por isso. Com esse repúdio, quero alertar aos irmãos, que ainda tem compromisso com a palavra de Deus, que não permita de maneira nenhuma, que esse sistema ímpio, que em nossos dias reina na igreja continue crescendo, mas que sejam encorajados a “... batalhar pela fé que uma vez foi entregue aos santos ...”, e abraçar com todo entendimento e fé a palavra de Deus. Quero agradecer aos irmãos que me ajudaram direta e indiretamente nesses anos que estive na Congregação Batista de Areia Branca, e dizer que toda a ajuda de vocês não foi em vão, pois muito me alegrou e confortou meu coração! Peço apenas que se lembre de mim em vossas orações e que a Graça Soberana de Deus esteja sobre vocês! Sóstenes Raniely Lucena

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O Batismo do Espírito Santo

Por Antônio Almeida A doutrina do batismo do Espírito Santo, para ser devidamente compreendida, deve ser estudada, como as demais doutrinas bíblicas, dando-se atenção à sua evolução histórica, às circunstâncias que determinaram os acontecimentos relacionados com ela, e aos termos pelos quais a própria Bíblia a define e aplica. Vamos dividir o assunto em três partes. 1º O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO PROFETIZADO E PROMETIDO. A primeira alusão ao batismo do Espírito Santo é feita por João Batista em forma profética, e se acha nos quatro Evangelhos. Mateus 3: 11. “Eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu... ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”. Marcos 1: 8. “Eu, em verdade, vos batizo com água; ele, porem, vos batizará com o Espírito Santo”. Lucas 3: 16. “Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu ... esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”. João 1: 33-34. “Eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo. E eu vi, e tenho testificado que é o Filho de Deus”. João foi e ficou sendo chamado Batista porque foi o profeta do batismo. Sua pregação foi acompanhada e confirmada pelo simbólico batismo com água em sinal de arrependimento e em preparação para o recebimento do Messias; foi ele quem aplicou esse mesmo batismo simbólico ao próprio Jesus quando este quis identificar-se com os pecadores afim de poder cumprir por eles toda a justiça, e foi ele quem profetizou que Jesus administraria um batismo superior ao seu, batismo não simbólico, mas real, o batismo do Espírito Santo. É a primeira noção que aparece dessa doutrina. Quando mais tarde Jesus ensinava aos discípulos o valor da oração e a boa vontade do Pai em lhes conceder todas as coisas boas que lhe pedissem, proferiu esta promessa, a que ainda mais tarde alude como “a promessa do Pai que de mim ouvistes”: “E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á: buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á... Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”. Lucas 11: 9-13. Aqui não se emprega a palavra batismo. Parece, porém, razoável crer que Jesus se referisse ao batismo do Espírito Santo juntamente com todos os outros aspectos de sua vinda especial como se realizou no Pentecostes, visto que o Espírito Santo como agente do novo nascimento já tinha neles exercido sua renovadora influência. Foi a esses discípulos que criam nele, a quem, por conseguinte, fora dado o poder de se tornarem filhos de Deus (João 1: 12-13), e a quem Jesus ensinara a dirigir-se a Deus como filhos a um Pai, que ele fez essa valiosíssima promessa. Debalde, porém, procuraremos encontrar esses discípulos a pedir ao Pai celestial essa dádiva tão preciosa, e não menos debalde buscaremos vê-la cumprida durante o ministério terrestre do Senhor. Assim chegamos a uma terceira etapa nas predições concernentes ao batismo do Espírito Santo. Não o tendo os discípulos pedido nem recebido, Jesus mesmo agora, na véspera de sua morte, promete-lhes: “Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador para que fique convosco para sempre, o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós” (João 14: 16-17). Notemos as verdades mais salientes deste texto antes de passarmos adiante. Primeiro que tudo, é notável a substituição da recomendação — pedi — da passagem anteriormente citada, pela declaração: “Eu rogarei”. Já não são mais os discípulos quem tem de pedir; porque Jesus mesmo se encarrega de rogar e obter. Em segundo lugar, contrasta-se o mundo, que não pode receber o Espírito Santo, com os crentes — “vós” — que o conhecem e em quem ele há de estar. Este contraste é sempre mantido no Novo Testamento, e nunca um contraste entre crentes que tenham recebido o Espírito Santo e crentes que o não tenham recebido. Segundo Jesus, ao passo que nenhum descrente pode receber o seu Espírito, nenhum crente pode deixar de o receber e de o ter permanentemente residindo em seu coração. Vemos, em terceiro lugar, as duas atitudes do Espírito Santo em relação aos discípulos, antes e depois de sua prometida vinda como Paráclito. Antes ele estava com eles, pois presidia a todo o ministério de Jesus; mas depois estaria neles, residindo em seus corpos, que se tornariam em santuários de Deus. Avancemos para outro marco. Depois de ressuscitado, Jesus se manifestou aos discípulos por espaço de quarenta dias. “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (Atos 1: 4-5). Esta ordem de Jesus confirma a promessa anterior, de que ele mesmo é que ia rogar ao Pai que lhes enviasse o Paráclito; define a natureza dessa vinda como sendo o batismo do Espírito Santo profetizado por João e simbolizado no seu batismo d’água; e determina o lugar e o tempo em que esse batismo se havia de realizar, isto é, em Jerusalém e dentro de poucos dias. Lançando agora um olhar retrospectivo, vemos que a profecia de João Batista deu lugar a uma promessa do Pai à disposição dos discípulos que orassem; esta cedeu lugar a uma incumbência de Jesus, que promete pedir ele mesmo e obter do Pai a vinda do Paráclito divino; e, por fim, o mesmo Jesus instrui aos discípulos quanto ao tempo e ao lugar em que iam receber essa benção do céu. Suponhamos que algum desses discípulos, em vez de esperar em Jerusalém, se retirasse para a Galiléia e reunisse outros crentes, alegando a promessa de Lucas 11: 13, e se pusessem a orar e a pedir com instâncias, com rogos, com lágrimas, com jejuns, com êxtases, com todas as desordens nervosas a que está sujeita a sensibilidade humana quando dominada por uma idéia fixa. Que diríamos desse discípulo? Que era um insensato, e que estava se desencaminhando a si mesmo e aos outros da única maneira legítima de receber a bênção. Felizmente os discípulos do Senhor souberam seguir a natural evolução da doutrina, passando de Lucas 11: 13 para João 14: 16-17 e daí para Atos 1: 4-5. O cumprimento da promessa que tinha dependido de eles pedirem o Espírito Santo, agora não mais dependia deles, e sim de Jesus pedir e o enviar da parte do Pai, e já agora estava tudo tão certo e definido que eles sabiam quando e onde devia se realizar a promessa. É como a vinda de Jesus ao mundo. A princípio ele foi prometido como a “semente da mulher”, de maneira que qualquer mulher, em qualquer tempo e em qualquer lugar do mundo podia esperar ser a mãe do Redentor. Mais tarde a promessa é restrita à “semente de Abraão”, depois ele tem de vir da descendência de Isaque, depois é da linhagem de Jacó e não de Esaú, é da tribo de Judá, da casa de Davi, tem de nascer de uma virgem, em Belém de Judá, quatrocentos e tantos anos depois do cativeiro babilônico e nos dias em que ainda existisse o segundo templo de Jerusalém. Quando chegou o tempo determinado, tudo se cumpriu como estava predito e já nenhuma mulher neste mundo tem base para esperar dar à luz o Filho de Deus, porque isso já se efetuou como e quando estava predito que se efetuaria. De igual modo, a vinda do Espírito Santo para habitar na terra, no coração de cada crente, foi um acontecimento definido e único, marcado para um tempo e um lugar e realizado quando e onde estava predito que se realizaria, e isto naquele memorável dia de Pentecostes em Jerusalém; e ninguém tem mais base alguma para pedir a Deus e esperar um novo Pentecostes. A denominação de Pentecostal dada a qualquer movimento de tal natureza é falsa e antibíblica. 2º O BATISMO DO ESPIRITO SANTO DEFINIDO No dia de Pentecostes se realizou a vinda do Espírito Santo. Essa vinda foi a mudança temporária de sua residência do céu para a terra, onde ele veio habitar em cada coração crente, e significou, como já vimos, um selo, um penhor, uma unção e um batismo, além do fato declarado de haver ele naquele dia enchido a todos quantos se achavam sentados na casa. Daí se segue que procedem precipitadamente os que concluem, sem mais estudos do assunto, que todos os fenômenos daquele dia são inseparáveis do batismo do Espírito Santo. O que nos convém fazer é indagar nas Escrituras, deixando que elas mesmas nos digam em que consiste o batismo do Espírito Santo, assim como já nos mostraram em que consistem o selo, o penhor e a unção. (1) A definição. O apóstolo Paulo nos diz com suficiente clareza em que consiste o batismo do Espírito Santo, tornando o assunto ainda mais claro por meio de uma ilustração. Abramos a Primeira Epístola aos Coríntios no capítulo 12 e leiamos os vs. 12 e 13. “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em[1] um Espírito, formando um corpo”. De que se ocupa o apóstolo nestes dois versículos? Da unidade de Cristo com seu corpo místico constituído de todos nós que nele cremos. Como ilustra ele esse ponto? Comparando-o com um corpo humano, em que há muitos membros ou muitas partes, mas todos constituem um só corpo. Como é que ele explica a formação do corpo? “Todos nós fomos batizados com um Espírito, formando um corpo”. Daí se conclui, necessariamente, o seguinte: a) Visto que Paulo não diz que precisamos ser batizados, nem que devemos ser batizados, nem que o podemos ser, e sim que fomos batizados, claro está que esse batismo com o Espírito é um fato já realizado em relação ao crente, e não alguma coisa que ele deva procurar ainda conseguir. A confusão que fazem os propagandistas de um novo Pentecostes no uso dos tempos dos verbos é uma indicação segura do erro em que laboram. Quando os apóstolos de Cristo escreviam aos crentes sobre este assunto, diziam que eles já tinham sido batizados com o Espírito Santo, ao passo que os apóstolos do erro vêm admoestando os crentes a que orem pedindo esse batismo. b) Visto que Paulo diz que todos nós fomos batizados com o Espírito Santo, claro está que não havia então nem há hoje crentes que estejam sem ser batizados com esse Espírito. E observe-se cuidadosamente a quem é que o apóstolo escreve e de quem é que fala. Não é aos fiéis tessalonicenses, nem aos bondosos filipenses, nem aos espirituais efésios, mas aos carnais coríntios (3: 1). Quando ele diz: todos nós fomos batizados, inclui alguns que eram culpados de vil imoralidade, de litígios contra irmãos perante os tribunais pagãos e de comer viandas sacrificadas aos ídolos. Sem excluir estes, o apóstolo diz: “Todos nós fomos batizados com um Espírito, formando um corpo” (w. Grahasn. Soroggie). Por conseguinte, o batismo do Espírito Santo não indica haver o crente atingido a um alto grau de espiritualidade, mas apenas sua posição em Cristo. c) Dizendo Paulo que “fomos batizados com um Espírito, formando um corpo”, fica explicado em que consiste o batismo do Espírito Santo. É o ato pelo qual o Espírito Santo nos une ao corpo místico de Cristo, de modo que ficamos fazendo parte dele, como o pé ou a mão fazem parte do corpo humano (v. 15). Não é geralmente reconhecido, mas é verdade que a idéia fundamental de batizar, nas Escrituras, é unir, identificar, tornar um. Quando os israelitas atravessaram o Mar Vermelho miraculosamente aberto e viram perecer afogados os seus perseguidores egípcios que tinham saído para os destruir, tiveram pela primeira vez os seus corações verdadeiramente unidos ao de Moisés em sua atitude para com o Egito e para com Deus, atitude que Moisés assumira quarenta anos antes. O cap. 14 do Êxodo, que narra esse acontecimento, encerra-se com a afirmação: “E creram no Senhor e em Moisés, seu servo”. Paulo, querendo indicar como o povo se identificou com Moisés nessa transação, diz: “E todos foram batizados em Moisés na nuvem e no mar” (1 Co. 10: 2). (2) A confirmação Vejamos agora outros textos nas epístolas que confirmam a definição acima, isto é, que o batismo do Espírito Santo consiste em ele nos unir ao corpo místico de Cristo, que é sua Igreja Invisível. Gl. 3: 27-28. “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem gentio, não há servo nem livre, não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo”. Embora não se diga aqui expressamente que este batismo é com o Espírito Santo, claro fica que outro qualquer processo não batiza em Cristo, nem nos reveste de Cristo, nem desfaz as nossas diferenças nacionais e sociais, tornando-nos um em Cristo. Isto posto, vemos que este texto confirma o anterior. 1º Em dizer que os crentes já foram batizados em Cristo; 2º Em mostrar que esse batismo consiste em unir todos os crentes espiritualmente, de modo a poder o apóstolo concluir: “Todos vós sois um em Cristo”. Ef. 4: 3-5. Tendo exortado os crentes a andar de uma maneira digna da vocação com que foram chamados (v.1), o apóstolo lhes indica um dos meios de o realizar: “Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (v. 3). Notemos logo aqui que o assunto é a unidade do Espírito, isto é, aquela unidade em Cristo como um só corpo, efetuada,como já vimos, pelo batismo do Espírito Santo. O que Paulo recomenda é que na prática ordinária da vida essa unidade seja mantida entre os crentes pelo vínculo da paz. Em seguida ele dá a razão, mostrando a possibilidade dessa harmonia cristã no fato de já existir essa unidade espiritual: “Há um só corpo (a Igreja invisível e real é uma só e indivisível) e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (o batismo do Espírito Santo, que realiza a unidade espiritual, identificando-nos a todos como membros do corpo único). Fica, pois, iniludivelmente claro que o batismo do Espírito Santo de que nos falam as Santas Escrituras é aquele ato da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade pelo qual, quando oremos em Jesus Cristo como nosso Salvador, somos unidos ao seu corpo místico, tornando-nos participantes da sua vida ressurreta, como o sarmento participa da seiva da videira. Antes do dia de Pentecostes, os filhos de Deus estavam dispersos e não unidos em um corpo (João 11: 52): naquele dia o Espírito veio e reuniu (batizou) em um corpo aqueles discípulos em Jerusalém, que eram todos judeus; e, desde então, ele vem unindo ao corpo todos quantos se convertem a Cristo, quer judeus quer gentios. O batismo do Espírito Santo não é uma experiência emocional, nem é necessariamente acompanhado de sinais visíveis ou audíveis, como supõe muita gente. É simplesmente o ato de nos unir ao corpo de Jesus Cristo, ato que se efetua sem que nós tenhamos dele consciência alguma, e só sabemos que ele se realizou em nós porque Deus o afirma em sua Palavra. Visto que o batismo do Espírito Santo é que faz de nós membros ou partes do corpo de Cristo, segue-se que, si somos membros do corpo de Cristo, é porque já fomos batizados com o Espírito Santo. Por conseguinte, é grande erro pedir o batismo do Espírito Santo. Se não sois crentes, crede no Senhor Jesus Cristo, e sereis salvos e batizados com o Espírito Santo para vos tornardes membros do seu corpo, sem mais necessidade de pedi-la. Si, porém, já sois crentes, salvos por Jesus Cristo, sois também membros do seu corpo, relação esta em que entrastes em virtude do batismo do Espírito Santo, e, por isso mesmo, não tendes necessidade de pedir o que já tendes. Como se vê, pedir o batismo do Espírito Santo é manifestar crassa ignorância do ensino das Escrituras sobre o assunto. E, quando sucede que alguém, nessa ignorância, se entrega a prolongados exercícios de concentração psíquica e vem a experimentar emoções estranhas, sensações que dizem inexplicáveis e indescritíveis, acreditando haver nesse momento recebido o batismo do Espírito Santo, nós não podemos deixar de protestar em nome das Santas Escrituras que tais pessoas laboram em grave erro e se expõem a grandes perigos em sua vida espiritual. Aqui podemos dogmatizar pela autoridade da Palavra de Deus: isso não é, nem pode ser o batismo do Espírito Santo. 3º O BATISMO DO ESPIRITO SANTO REALIZADO Até aqui temos visto, pelo ensino claro e insofismável da Palavra de Deus, que o batismo do Espírito Santo é esse ato pelo qual ele une os crentes espiritualmente de modo a formarem o corpo místico de Cristo, o qual é sua Igreja invisível e real, assim como pelo batismo ritual com água somos unidos à Igreja visível. Vimos que houve em todos os tempos pessoas renascidas pelo Espírito Santo, e que, com a vinda de Jesus ao mundo, os que nele creram foram tornados filhos de Deus, mas esses filhos se achavam dispersos, não constituídos em um corpo, pois ainda lhes faltava o vínculo, o batismo do Espírito Santo, que os havia de unir, ligar, formar esse organismo místico, cuja cabeça é o Senhor Jesus Cristo glorificado. A formação desse corpo começou no dia de Pentecostes com a vinda especial do Espírito de Deus para residir nos crentes como selo, penhor, unção e batismo. Sendo o cumprimento de uma promessa especial; importando na inauguração da nova residência da Terceira Pessoa da Trindade na terra, e efetuando o início de uma nova entidade no mundo; que era a Igreja Universal, — não podia esse acontecimento deixar de ser acompanhado de manifestações exteriores, sensíveis, que o autenticassem perante crentes e descrentes. Assim aconteceu, como narra S. Lucas nos Atos (2: 1-4). “E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. Assim se cumpriu, se consumou, o dia de Pentecostes, e consummatum est. O Pentecostes, tal como se cumpriu naquele ano em Jerusalém, foi acontecimento único, singular, e não há mais Pentecostes. 1. A situação foi única na história. a) A festa de Pentecostes era uma das festividades anuais de Israel, as quais tinham sua exata sucessão e sua significação típica. Naquele ano as outras duas festividades que precediam a de pentecostes já tinham visto realizada sua tipologia. A páscoa, cujo simbolismo se concentrava na imolação do cordeiro, cumprira-se na cruz, como o declara S. Paulo: “Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificado por nós” (1 Co. 5: 7), o que dava ao apóstolo ensejo de apelar aos seus leitores para que realizassem a pureza de vida simbolizada nos asmos de que se fazia uso na páscoa e após ela. A festa das primícias, que era celebrada no dia seguinte ao sábado da semana pascoal e consistia principalmente no oferecimento de um molho das primícias do trigo, tinha igualmente sido cumprida em sua significação típica no dia exato de sua celebração pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos “feito as primícias dos que dormem” (1 Co. 15: 20 e 23). Agora, cinquenta dias depois, era chegado o dia exato de se cumprir também o que significava tipicamente o pentecostes. Cumpriu-se, de fato, com a descida do Espírito Santo. Ora, se as outras duas festas de um só dia tiveram cada uma um só cumprimento, de modo que ninguém tem direito de esperar que Jesus morra e ressuscite muitas vezes, é claro que a terceira festividade, também de um só dia, teve cumprimento em um só acontecimento, não devendo ninguém jamais esperar que o Espírito de Deus tenha de vir do céu muitas vezes, mormente quando é sabido que ele veio para ficar, e continua conosco. Verdade é que Jesus há de vir ao mundo segunda vez; mas não para cumprir de novo a páscoa. Assim também é certo que o Espírito Santo há de ainda ser derramado sobre toda a carne; mas não para repetir o Pentecostes, nem antes que ele volte para o céu levando consigo a Igreja ao encontro do Noivo celeste, e portanto não nesta dispensação e não para a Igreja cristã.[2] b) As pessoas que em Jerusalém estavam reunidas tinham uma promessa especial do batismo do Espírito Santo, que devia se realizar naquele lugar determinado e dentro de poucos dias (Atos 1: 4-5). Nunca mais, em tempo algum, houve um grupo de crentes que pudesse alegar tais circunstâncias. É pura insensatez, ainda que muito bem intencionada, reunirem-se em tempo e lugar que o Senhor não lhes determinou para reclamarem uma promessa que lhes não foi feita a eles, promessa, porém, que o Senhor já cumpriu nos termos em que foi feita. 2. O conjunto de sinais exteriores só essa vez se efetuou. a) Um som ou ruído como de um vento veemente e impetuoso, que encheu toda a casa, e foi também ouvido fora na cidade (v. 6,V.B.). b) Línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. c) O “fala em outras línguas” nos dialetos de catorze nacionalidades ali representadas, que os ouviram exprimir-se nos provincianismos das terras donde vieram. Verificado que a situação histórica do Pentecostes não se pode reproduzir em tempo algum, já porque a significação típica da festa se realizou então de uma vez por todas, à semelhança do que se deu com as festividades da páscoa e das primícias, já porque ninguém, senão aqueles discípulos, recebeu do Senhor instruções e promessas tão definidas para lugar e tempo determinados: verificado igualmente que os fenômenos exteriores da presença do Espírito de Deus no Pentecostes jamais se reproduziram em seu conjunto, podemos ter a mais absoluta certeza de que o Pentecostes nunca se repetiu, não se está repetindo, nem jamais se repetirá. RESUMINDO O Pentecostes foi a vinda do Espírito de Deus para residir na terra, habitando nos crentes, cujos corpos se tornaram santuário de Deus. Com essa vinda e essa residência, ele veio a ser para nós: 1º Um selo da propriedade que o Senhor tem em nós — nossa relação para com Deus. 2º Um penhor de nossa herança, até que estejamos de posse dela — nossa relação futura. 3º Uma unção pela qual somos separados e consagrados — nossas funções na casa de Deus. 4º Um batismo que nos une ao corpo místico de Cristo — nossa relação para com a Igreja Invisível. Tudo isso se estabelece de uma vez para sempre no momento em que cremos no Senhor Jesus Cristo como nosso Salvador e, nunca se repete. ______ NOTAS: [1] A proposição grega en aqui traduzida em, é a mesma posta nos lábios de João Batista em todos os quatro evangelhos quando disse que Jesus batizaria com o Espírito Santo, e a mesma de que usou Jesus sobre o mesmo assunto em Atos 1:5. [2] Infelizmente aqui o autor revela sua posição pré-milenista dispensacionalista que era comum no meio presbiteriano da época (NE). Extraído do livro A Doutrina Bíblica do Espírito Santo do Pastor Antônio Almeida, publicado em 1934 pela Tipografia Norte Evangélico, Garanhuns. Dr. Antônio Almeida fez seu aperfeiçoamento em Teologia no Union Seminary – Richmond -Virginia, USA, foi Reitor do Seminário Evangélico do Norte (depois SPN) e Professor de Hebraico, Hermenêutica e Exegese do referido Seminário; foi o quinto pastor da Primeira Igreja Presbiteriana do Recife onde desenvolveu um ministério profícuo durante vinte anos (1911-1930). http://ospuritanos.blogspot.com/ acesso em 07/10/2011

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Os Cinco Pontos do Calvinismo - parte 03

A ELEIÇÃO REQUER A EVANGELIZAÇÃO
Muitos perguntam: Se a Bíblia diz que os eleitos serão salvos inevitavelmente, por que pregar o Evangelho?

Esta pergunta revela total incompreensão da doutrina da Soberania de Deus na salvação. A Eleição é feita na eternidade, mas sua concretização é um processo que se dá no tempo, dentro da história. Muitos fatores participam desse processo. E o mais importante é a pregação do Evangelho. Não esqueçamos que o decreto soberano e eterno de Deus não só visa o fim, e exclui os meios. Não; antes, Deus preordenou tudo de forma que o homem eleito para a salvação, só a receberá através da fé em Cristo, e esta fé vem pela pregação do Evangelho. A fé salvadora vem pela Palavra de Deus.

O pregador do Evangelho tem de dizer ao pecador, não apenas que a salvação é pela graça soberana, mas também que, para ser salvo, ele precisa CRER em Cristo como salvador e Senhor. E como eles são eleitos, crerão e serão salvos com toda segurança. Mas também temos de dizer que aqueles que não crerem, a ira de Deus permanecerá sobre eles. Porém o método de salvação dos eleitos é a pregação da Palavra de Deus.

A eleição requer a evangelização. Todos os eleitos de Deus têm de ser salvos. Nenhum poderá perecer e o evangelho é o meio pelo qual Deus comunica a fé salvadora. A fé vem pelo ouvir e ouvir e, o ouvir pela Palavra de Deus. (Rm.10.17).

Deus tem seus eleitos em todas as nações da terra. Deus quer que o Evangelho seja pregado no mundo todo e em todo o tempo para que seja congregada a soma dos eleitos. Por isso dizemos novamente: a eleição exige evangelização. (II Tessalonicensses 2.13-14).

EXPIAÇÃO LIMITADA
Se eu entendi o ponto anterior entenderei bem este próximo. Aliás, este é âmago do Evangelho: O propósito da morte de Cristo na cruz. Por quem morreu Jesus? Spurgeon disse que a ELEIÇÃO “marca somente a casa para onde viaja a salvação”.Lembre-se de que Deus escolheu para si um povo seu. Acho que a pergunta importante é esta: Na cruz do Calvário, Jesus suportou o castigo de quem? Pagou para salvar a quem?

Vou dar três opções para você escolher.
1 - Cristo teria morrido para salvar a todos os homens.
2 - Para salvar a ninguém em especial, ninguém particular.
3 - Para salvar a alguns apenas. Um povo em particular.

1. Se você acha que ele morreu para salvar todos, você é universalista. Acredita que todos serão salvos. Ou que pelo menos Jesus falhou no seu propósito visto que não são todos os que são salvos. Jesus teria morrido, coitado, em vão; pelo menos pela maioria.
2. Se você acha que Ele morreu para salvar ninguém em especial, você é defensor do arminianismo (lembra-se de Armínio?). Ele achava que Cristo obteve em “potencial” a salvação para todos, mas eficientemente só para aqueles que se decidissem, por livre e expontânea vontade, ao lado de Cristo. O problema é que ele achava que o homem tinha capacidade em si mesmo de aceitar a Cristo. Ou seja, Cristo teria morrido para aqueles que tivessem capacidades em si mesmos de crer em Cristo. Não teria morrido pôr ninguém especial, visto que as pessoas é que decidem escolhê-lo. Seria mais ou menos assim: Jesus fez a sua parte, agora depende de você! Depende de mim? Oh meu Deus, quem é o homem para que possa escolher a Cristo. Ele mesmo disse: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros...” (Jo.15.16).

Meus irmãos, não há outra saída, você tem de aceitar o que a Palavra de Deus diz. Jesus morreu positiva e eficazmente pelos seus eleitos e escolhidos. Por eles satisfez a justiça do Pai. Por isso Ele disse: “...isto é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (Mt.26.28). O que foi que disse o anjo a José em sonho, anunciando o nascimento do Messias: “... lhe porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt.1.21). Oh, irmãos, Cristo amou a Igreja e por ela se entregou (Ef.5.25); pela Igreja, a reunião dos eleitos, dos escolhidos. Todas as vezes que você ler que Jesus morreu por “todos”, amou o “mundo” está se referindo aos eleitos. De fato Deus não faz acepção de pessoas, todo tipo de pessoas são salvas: judeus e gregos, pretos e brancos, ricos e pobres. É por isso que devo evangelizar, para ir salvar, pela palavra, os eleitos.

Ele morreu por você e por mim, povo seu. Isso nos humilha ao pó. Quem somos nós para que Te lembres de miseráveis criaturas. Oh glória a ti Senhor, por Tua graça especial e salvadora. Nenhuma gota do Teu sangue foi perdida!!! Vamos cantar a 2. estrofe do 87.

GRAÇA IRRESISTÍVEL
(aplicação da obra redentora pelo E.S.)

Veja a correlação deste ponto com os demais.

Se o homem é depravado e incapaz de salvar-se. Se Deus o escolheu e propôs salvá-lo, então é lógico se pensar que este mesmo Deus promoverá os meios para efetuar esta salvação. É assim que se manifesta a providência divina. Os eleitos virão pela providência e ação irresistível do Espírito Santo. Ele é que nos convence do pecado da justiça e do juízo. Ele não pode ser frustrado. Jó disse que nenhum dos planos de Deus pode ser frustrado. Quando Ele chama e convence o homem, este ato é irresistível. Só agora pude entender com mais profundidade a expressão Bíblica de que a Palavra de Deus nunca volta vazia. De fato ela é irresistível para os eleitos. Vejamos alguns versículos que falam por si só:

“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo algum o lançarei fora”(Jo.6.37). Deus dá, e este virá sem dúvida. E ao virem não serão lançados fora.

“Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer”.(Jo.6.44). É o Pai quem os traz, quem os atrai. Ninguém resiste a atração de Deus.

“...todo aquele que do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim”. (Jo.6.45). É Deus quem fala e ensina. O Espírito Santo não é mau professor.

“...vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.(I Pe.2.9)”.

“Mas aprouve a Deus que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça”.(Gl.1.15). Aprouve revelar seu Filho em mim.

Eu pergunto: Quando Deus chama mesmo, quem é que prevalece? O homem ou Deus? O Diabo ou Deus? Thomas Watson, um puritano do século XVII disse: “É Deus que segue em frente conquistando na carruagem de Seu Evangelho...”.

“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação”(II TM.1.9).

Eu quero dizer uma coisa muito importante com respeito a isso. Todas as vezes que vejo um crucifixo, com um Cristo esquelético, anêmico, enfraquecido, morto, creio que estou vendo o que as pessoas vêm. Um Cristo sem poder. (Lembrar de Jesus caminhando para o calvário Lc.23.27-30) Um Cristo que está querendo salvar mas as pessoas são mais fortes que Ele. Creio que as pessoas estão imaginando um Cristo, coitado, que implora, como muitos evangelistas fazem, para que estas pessoas aceitem a Jesus e assim usam de todo tipo de artifício para convencê-los a receberem a Cristo. Esta é uma visão distorcida do Senhor da Glória, o todo poderoso Senhor. Quando Ele chama a seus escolhidos, eles virão; e virão convencidos, arrependidos, transformados pelo poder deste grandioso Deus. Glória a Ele. Amém!!! (3.estrofe do hino 87).

PERSEVERANÇA DOS SANTOS
Este é o último ponto. Todas as vezes que penso neste ponto, lembro-me de um fato interessante que ocorreu quando estávamos examinando uma irmã (no Conselho da Igreja) que vinha de uma outra igreja, de outra denominação sabidamente arminiana. O Conselho a interrogava. O Pr. perguntou se ela agora aceitava a nossa doutrina calvinista. Ela disse que sim. Um dos nossos presbíteros de espírito irrequieto e brincalhão de repente perguntou à jovem: “Então você deixou mesmo de acreditar na existência do “anjo borrachudo”? Ela ficou surpresa e respondeu que não sabia de fato do que se tratava. Ele então explicou. Eu sei que na igreja onde você freqüentava eles ensinavam que existem dois anjos importantes. São eles, o “anjo escrivão” e o “anjo borrachudo”. O escrivão, na hora que o crente se converte, assina o seu nome no livro da vida. Mas se ele cair em pecado, então entra em cena o anjo borrachudo que com uma borracha apaga o nome do ex-cristão do livro da vida. É sem dúvida uma brincadeira, mas que no fundo tem algo de verdade. O arminianismo ensina que o crente pode perder a sua salvação. Isso não pode ser segundo as Escrituras. Porque? Porque os que Deus escolheu antes da fundação do mundo para a salvação, para serem conforme a imagem do seu Filho, foram eficazmente santificados, regenerados, justificados e não podem apostatar. Não se perdem. Seria necessário esquecer tudo o que dissemos até agora. Ler “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”(Rm.8.29); “Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor...”(Ef.1.4); “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”. (Jo.6.37).

Lembre-se que Paulo afirma que “aos que predestinou, a estes também justificou, e aos que justificou, a estes também glorificou” Disse mais: “se Deus é por nós, quem será contra nós... porque estou certo de que nem a morte nem a vida... nem alguma outra cousa poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”. Ler (Rm.8.31-39).

Pense bem, se Deus salva os seus escolhidos antes da fundação do mundo como poderiam estes se perder? Se Deus determina salvar, se Jesus morre para salvar e chama exatamente os escolhidos, os eleitos para esta salvação, perguntamos: como poderão se perder? Pelo contrário, serão preservados para a vida eterna, para a glória do seu nome.

Assim entendemos a palavra do apóstolo Paulo; “...aquele que começou a boa obra em vós há de completá-la até o dia de Cristo Jesus”. (Fp.1.6).

Como negar o que o próprio Jesus disse: “E a vontade do Pai que me enviou é esta: que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia” (Jo.6.39). Disse mais: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão”. (Jo. 10.28). Quando Jeremias fala na Nova aliança que Deus faria com seu povo, se referindo à Igreja ao sangue da Nova aliança citado por Cristo, em Jeremias 32. Ele se expressa da seguinte forma: “Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim”. (Jeremias 32.40). Percebeu? Na Nova aliança, o povo de Deus, os eleitos, nunca se apartarão. Nunca!!! “Portanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. (Rm.8.1)

Não irmão, a obra de Cristo é total, o que Ele começa, certamente completará. Paulo disse: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la”. E Pedro arrematou: “Sois guardados pelo poder de Deus mediante a fé, para a salvação” (I Pe.1.5). Sim somos guardados pelo poder de Deus. Nunca nos apartaremos do Senhor. Glória, Aleluia, amém,!!! Vamos cantar última estrofe do hino 87.

Isto não foi Calvino que inventou, mas é o que a Palavra Santa de Deus nos ensina claramente. Este foi o ensino dos grandes missionários que o mundo conheceu - Willian Carey, David Brainerd. Os grandes evangelistas do passado como George Whitefield, Daniel Holland, Asael Netleton; pastores puritanos; escritores e teólogos piedosos, como Agostinho, Lutero, Calvino, Tyndale, Latimer, John Knox, John Bunyan, John Owen, Flavel, Jonathan Edwards, Newton, Spurgeon. Por falar em Spurgeon, gostaria de citar o que ele disse com respeito ao Calvinismo, ele disse: “É um apelido chamar isso Calvinimo; pois o Calvinismo é o Evangelho, e nada mais. Não creio que possamos pregar o Evangelho... a menos que preguemos a SOBERANIA de Deus em sua dispensação da GRAÇA.” Disse mais: “A antiga verdade pregada por Calvino a qual Agostinho pregou, assim como Paulo, é a verdade que tenho de pregar hoje, ou serei falso para com a minha consciência e meu Deus. Não posso moldar a verdade, não conheço algo como tirar as arestas de uma doutrina. O Evangelho de John Knox é o meu Evangelho; aquilo que trovejou pala Escóciar deve trovejar pela Inglaterra de novo”. E eu completo deve trovejar também pelo Brasil. Assim seja.

Pr. Josafá Vasconcelos
http://ospuritanos.blogspot.com/ Acesso em 08/05/2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Os Cinco Pontos do Calvinismo - parte 02

DEPRAVAÇÃO TOTAL
Este ponto é fundamental. Ele nos mostra o que o pecado fez com o homem. Se tivermos uma perspectiva correta deste ponto, teremos uma conclusão correta do que Deus fez por este homem. Caso contrário se imaginarmos que a queda foi apena parcial, concluiremos que a salvaão é algo atribuido parcialmente ao homem e parcialmente a Deus. Por isso disse J.C.Ryle:“Perspectivas erradas sobre a corrupção da natureza humana sempre trarão consigo perspectivas erradas sobre o grande antídoto e cura daquela corrupção”. Mas o homem é totalmente depravado e incapaz de obter ou mesmo contribuir em favor de sua própria salvação. Ele está morto.

O homem é totalmente depravado. Isto não quer dizer que ele não seja capaz de realizar atos de bondade, mas quando assim afirmamos estamos querendo dizer que a personalidade do homem foi afetada como um todo pela queda e todas as suas faculdades, toda sua natureza foi corrompida. A graça comum é a explicação para a capacidade deste homem corrompido praticar atos de bondade. Mas mesmo assim são atos imperfeitos. Romanos 3 e 8. Até os atos de bondade que ímpio pratica são pecados aos olhos de Deus, pois são praticados com propósitos soberbos.

Por natureza o homem está MORTO. “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”. (Rm.5.12) “Ele vos deu vida estando vós mortos nos vossos delitos e pecados...” (Ef.2.1).

Está CEGO. “...obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza de seus corações”. (Ef.4.18).

Está CORROMPIDO na sua consciência, “...porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas... são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra”.(Tt.1.15,16) ; Gn.6.5; Gn.8.21; Ec.9.3; Jr.17.9; Tt.1.15).

Estão ESCRAVIZADO AO PECADO. “Todo o que comete pecado é escravo do pecado”.(Jo.8.34) ; Ef.2.12; Rm.6.17; e Ef.2.1-3).

São INIMIGO DE DEUS. “O pendor da carne é inimizade contra Deus” (Rm.8.7 e Rm.3.18).

Estão SEM DESEJO POR DEUS. “...não há quem busque a Deus”. (Rm.3.11)
Não têm SEM TEMOR A DEUS. “Não há temor de Deus diante de seus olhos”. (Rm.3.18)

Já nascemos assim, diz o salmista no Salmo 51, “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe”. Não veja um nenezinho como um anjinho, mas como um pecadorzinho. (J.C.Ryle).

O apóstolo Pedro afirma em II Pedro 2.22 que o homem é como “O Cão que volta ao seu próprio vômito; e: a porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal.”

Em Jeremias 13.23 lemos - “Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal”. Esta é a situação do homem. está de mãos e pés atados como Lázaro antes da ressurreição. Morto, preso, cego, sem nenhuma possibilidade de “ver o Reino de Deus” e buscar este Deus. É o oposto do que ensinava Armínio e Pelágio no século VI. O livre arbítrio do homem natural só o leva para longe de Deus. George Whitefielde, o maior pregador inglês do século XVIII disse que o livre arbítrio do homem só o leva para o inferno. Jó pergunta em Jó 144: “...quem do imundo tirará o puro?”; ele mesmo responde: “Ninguém!”. Só Deus pode oprrar este milagre da ressurreição espiritual. Só Deus pode dar nova vida. “Ele vos deu vida estando vós mortos em vossos delitos e pecados” (Ef.2:1). A compreensão deste ponto é fundamental para que entendamos o ponto seguinte. Este ponto nos mostra a inabilidade do homem para se salvar.


ELEIÇÃO INCONDICIONAL
Se o homem, que está morto, não pode levantar-se de sua morte espiritual, como pode então sair desta situação. Como pode “nascer de novo”? A resposta maravilhosa é: Deus e só Deus o pode levantar, só Ele o faz nascer de novo. Mas nem todos serão salvos. Se é Deus que salva e se todos não são salvos, concluímos que Deus não escolheu salvar a todos. Esta não é uma filosofia cega e absurda. É a Palavra de Deus que nos diz isso. Lembre-se que Deus não escolheu todos os povos para ser o “seu povo”. Mas chamou a Abraão de Ur dos Caldeus para dele constituir um povo especial seu. Ele mesmo diz em Deuteronômio 7.7, que não escolheu aquele povo porque eram maior do que os outros povos, mas porque os amava. Lembre-se que Deus escolheu antes a Jacó, o mais novo em lugar do primogênito Esaú e isso antes deles nasceram. “Amei a Jacó e me aborreci de Esaú”(Rm.9.13). Lembre-se que havia muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas Deus purificou apenas a Naamã o siro. Havia muitas viúvas em Isarel mas Deus pelo profeta só escolheu a uma em Sidon, a viúva de Serepta (I Reis 17.8-24).

Lembre-se que Ele disse “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão” (Rm.9:14). Ele tem misericórdia do seu povo escolhido antes da fundação do mundo. Não foi isso que disse o apóstolo Paulo? “...nos escolheu nEle antes da fundação do mundo...” (Ef.1.4); “nos predestinou para Ele para a adoção de filhos por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade”(Ef.1.5); “aos que de antemão conheceu, também os predestinou...e aos que predestinou a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm.8.28,29). Independentemente de nossas obras, Deus nos escolheu. Lembra-se do que Ele disse através do profeta Amós: “De todas as famílias da terra somente a vós outros vos escolhi” (Amós 3.2). Não foi pelo que fazemos de boas obras que Ele nos escolheu, visto que até estas obras foram preparadas pôr Ele para que andássemos nelas. (Ef.2.10).

“Não fostes vós que me escolhestes a mim: pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros, e vos designei para que vades e deis frutos...” (Jo.15.16).

Você poderia dizer que o homem é salvo pela fé (Atos 13.48; Hb.12.2; Tt.1.1). É verdade. Mas até esta fé é um dom de Deus. “Pela graça sois salvos mediante a fé, isso não vem de vós é dom de Deus, não de obras, para que ninguém se glorie”(Ef.2.8). A fé é dos eleitos de Deus (Tito 1:1; Atos 13:48 - “Creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna”; Hb.12:2). Que coisa tremenda, nada somos sem Deus. Ele nos amou antes que o sol brilhasse. Vamos cantar a estrofe do hino 87.

Com respeito a eleição quero citar o que Spurgeon falou:

“Eu sei que foi Deus que me escolheu, porque se Ele não me escolhesse eu jamais o escolheria”.
“Ele me escolheu antes de eu nascer, porque depois que eu nasci, Ele jamais me escolheria”.
“Deus me escolheu por razões que eu desconheço, porque eu não conheço nenhuma razão para Ele me escolher e não escolher outros”.


Pr. Josafá Vasconcelos
http://ospuritanos.blogspot.com/ Acesso em 08/05/2011