sábado, 31 de julho de 2010

TULIP - Os Cinco Pontos do Calvinismo


TULIP - Os Cinco Pontos do Calvinismo
Embora o calvinismo não seja resumido somente aos famosos 5 Pontos (tulip), creio que uma idéia resumida dos principais pontos quanto à soteriologia (doutrina da salvação) da teologia reformada (calvinista) possa dar uma ajuda aos interessados. Eis aqui, então, um resumo dos famosos cinco pontos do calvinismo dispostos no histórico acróstico TULIP.
TULIP
Acróstico formado pelas iniciais, em inglês, das cinco doutrinas reformadas da salvação, conhecidas também como as Doutrinas da Graça.
• Depravação Total (Total Depravity)
• Eleição Incondicional (Unconditional Election)
• Expiação Limitada (Limited Atonement)
• Graça Irresistível (Irresistible Grace)
• Perseverança dos Santos (Perseverance of the Saints)
Depravação Total
A Bíblia diz que Deus criou o primeiro homem, Adão, à Sua imagem e semelhança. Deus fez um pacto com esse homem a fim de que, através da obediência aos Seus mandamentos, este pudesse obter vida. Contudo, o homem falhou desobedecendo a Deus deliberadamente, fazendo uso do seu livre-arbítrio, rebelando-se contra o seu Criador. Este pecado inicial de desobediência (conhecido como a Queda do Homem) resultou em morte espiritual e ruptura na ligação de sua alma com Deus, o que mais tarde trouxe também sua morte física. Sendo Adão o representante de toda a raça humana, todos caímos com ele e fomos afetados pela mesma corrupção do pecado. Tornamo-nos objetos da justa ira de Deus e a morte passou a todos os homens.

Toda a humanidade herdou a culpa do pecado de Adão e por isso todos nascemos totalmente depravados e espiritualmente mortos. A morte espiritual não quer dizer que o espírito humano esteja inativo, mas sim que o homem é culpado (tem um passado manchado) e corrupto (possui uma natureza má). A depravação total não quer dizer que os homens são intensivamente maus (que somos tão maus quanto poderíamos ser), mas sim que somos extensivamente maus (todo o nosso ser, intelecto, emoções e vontade estão corrompidos pelo pecado).

A depravação total também significa que o homem possui uma inabilidade total para restaurar o relacionamento com seu Criador. Por causa da depravação, o homem natural, por si mesmo, é totalmente incapaz de crer verdadeiramente em Deus. O pecador está morto, cego e surdo para as coisas espirituais. Desde a Queda o homem perdeu o seu livre-arbítrio e passou a ser escravo de sua natureza corrompida e por isso ele é incapaz de escolher o bem em questões espirituais. Todas as falsas religiões são tentativas do homem de construir para si um deus que lhe seja propício. Porém, todas essas tentativas erram o alvo, pois o homem natural por si mesmo não quer buscar o verdadeiro Deus.

Devido ao estado de depravação do homem, se Deus não tomasse a iniciativa de salvá-lo, ele continuaria morto eternamente. O homem natural sem o conhecimento de Deus jamais chegará a este conhecimento se Deus não ressuscitá-lo espiritualmente através de Jesus Cristo.

REFERÊNCIAS BÍBLICAS: Gn 2:17; Gn 6:5; Gn 8:21 / 1Rs 8:46 / Jo 14:4 / Sl 51:5 / Sl 58:3 / Ec 7:20 Is 64:6 / Jr 4:22; Jr 9:5-6; Jr 13:23; Jr 17:9 / Jo 3:3; Jo 3:19; Jo 3:36;Jo 5:42; Jo 8:43,44 / Rm 3:10-11; Rm 5:12; Rm 7:18, 23; Rm 8:7 /1Co 2:14 / 2Co 4:4 / Ef 2:3 / Ef 4:18 / 2Tm 2:25-26 / 2Tm 3:2-4 / Tt 1:15
Eleição Incondicional
Devido ao pecado de Adão, seus descendentes entram no mundo como pecadores culpados e perdidos. Como criaturas caídas, elas não têm desejo de ter comunhão com o seu Criador. Deus é santo, justo e bom, ao passo que os homens são pecaminosos, perversos e corruptos. Deixados à sua própria escolha, os homens inevitavelmente seguem seu coração corrupto e criam ídolos para si. Conseqüentemente, os homens têm se desligado do Senhor dos céus e têm perdido todos os direitos de Seu amor e favor. Teria sido perfeitamente justo para Deus ter deixado todos os homens em seus pecados e miséria e não ter demonstrado misericórdia a quem quer que seja. É neste contexto que a Bíblia apresenta a eleição.

A eleição incondicional significa que Deus, antes da fundação do mundo, escolheu certos indivíduos dentre todos os membros decaídos da raça humana e os predestinou para serem o objeto de Seu imerecido amor e para trazê-los ao conhecimento de Si mesmo. Esses, e somente esses, Deus propôs salvar da condenação eterna. Deus poderia ter escolhido salvar todos os homens (pois Ele tinha o poder e a autoridade para fazer isso), ou Ele poderia ter escolhido não salvar ninguém (pois Ele não tem a obrigação de mostrar misericórdia a quem quer que seja), porém não fez uma coisa nem outra. Ao invés disso, Ele escolheu salvar alguns e excluir (preterir) outros. Sua eterna escolha de determinados pecadores para a salvação não foi baseada em qualquer ato ou resposta prevista da parte daqueles escolhidos, mas foi baseada tão somente no Seu beneplácito e na Sua soberana vontade. Desta forma, a eleição não foi condicionada nem determinada por qualquer coisa que os homens iriam fazer, mas resultou inteiramente do propósito determinado pelo próprio Deus.

Os que não foram escolhidos foram preteridos e deixados às suas próprias inclinações e escolhas más para serem punidos pelos seus pecados. Não cabe à criatura questionar a justiça do Criador por não escolher todos para a salvação. Deve-se ter em mente que, se Deus não tivesse graciosamente escolhido um povo para Si mesmo e soberanamente determinado prover-lhe e aplicar-lhe a salvação, ninguém seria salvo.

REFERÊNCIAS BÍBLICAS: Dt 4:37; Dt 7:7-8 / Pv 16:4 / Mt 11:25; Mt 20:15-16; Mt 22:14 / Mc 4:11-12 Jo 6:37; Jo 6:65; Jo 12:39-40; Jo 15:16 / At 5:31; At 13:48; At 22:14-15 /Rm 2:4; Rm 8:29-30; Rm 9:11-12; Rm 9:22-23; Rm 11:5; Rm 11:8-10 /Ef 1:4-5; Ef 2:9-10 / 1Ts 1:4; 1Ts 5:9 / 2Ts 2:11-12; 2Ts 3:2/ 2Tm 2:10,19/1 Pe 2:8 / 2 Pe 2:12 / Tt 1:1 / 1Jo 4:19 / Jd 1:3-4 / Ap 13:8; Ap 17:17


Expiação Limitada
Embora Deus tenha resolvido salvar da condenação um certo número de homens, Sua santidade e justiça exigem que o pecado seja punido. Como os escolhidos de Deus são pecadores, uma expiação completa e perfeita era necessária. Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, suportou o castigo merecido pelos pecadores e obteve a Salvação para os Seus eleitos.

A eleição em si não salvou ninguém; apenas destacou alguns pecadores para a salvação. Os que foram escolhidos por Deus Pai e dados ao Filho precisavam ser redimidos para serem salvos. Para assegurar sua redenção, Jesus Cristo veio ao mundo e tomou sobre Si a natureza humana para que pudesse identificar-se com os Seus eleitos e agir como seu representante ou substituto. Cristo, agindo em lugar do Seu povo, guardou perfeitamente a lei de Deus e dessa forma produziu uma justiça perfeita a qual é imputada aos eleitos ou creditada a eles no momento em que são trazidos à fé nele. Através do que Cristo fez, esse povo é constituído justo diante de Deus. Os eleitos são libertos da culpa e condenação como resultado do que Cristo sofreu por eles. Através do Seu sacrifício substitutivo, Jesus sofreu a penalidade dos pecados dos eleitos e assim removeu a culpa deles para sempre. Por conseguinte, quando Seu povo é unido a Ele pela fé, é-lhe creditada perfeita justiça pela qual ficam livres da culpa e condenação do pecado. São salvos não pelo que fizeram ou irão fazer, mas tão somente pela fé na obra redentora de Cristo.

A obra redentora de Cristo foi definida em desígnio e realização. Foi planejada para render completa satisfação em favor de certos pecadores específicos e, de fato, assegurou a salvação para esses indivíduos e para ninguém mais. A salvação que Cristo adquiriu para o Seu povo inclui tudo que está envolvido no processo de trazê-los a um correto relacionamento com Deus, incluindo os dons da fé e do arrependimento. Deus não deixou aos pecadores a decisão se a obra de Cristo será ou não efetiva. Pelo contrário, todos aqueles por quem Cristo morreu serão infalivelmente salvos. A redenção, portanto, foi designada para cumprir o propósito divino da eleição.

REFERÊNCIAS BÍBLICAS: 1Sm 3:14 / Is 53:11-12 / Mt 1:21; Mt 20:28; Mt 26:28 / Jo 10:14-15 /Jo 11:50-53; Jo 15:13; Jo 17:6,9,10 / At 20:28 / Rm 5:15 / Ef 5:25 / Tt 3:5 /Hb 9:28 / Ap 5:9
Graça Irresistível
Cada membro da Trindade divina – Pai, Filho e Espírito Santo – participa e contribui para a salvação dos pecadores eleitos. Deus Pai, antes da fundação do mundo, selecionou aqueles que iriam ser salvos e deu-os ao Filho para serem o Seu povo. Na época oportuna o Filho veio ao mundo e assegurou a redenção desse povo. Mas esses dois grandes atos – a eleição e a redenção – não completam a obra da salvação, pois está incluída no plano divino para a recuperação do pecador perdido a obra renovadora do Espírito Santo, pela qual os benefícios da obediência e da morte de Cristo são aplicados ao eleito. A Graça Irresistível ou Eficaz significa que o Espírito Santo nunca falha em trazer à salvação aqueles pecadores que Ele pessoalmente chama a Cristo. Deus aplica inevitavelmente a salvação a todo pecador que tencionou salvar, e é Sua intenção salvar todos os eleitos.

O apelo do evangelho estende uma chamada à salvação a todo que ouve a mensagem. Ele convida a todos os homens, sem distinção, a beber da água da vida e viver. Ele promete salvação a todo que se arrepender e crer. Mas essa chamada geral externa, estendida igualmente ao eleito e ao não eleito, não trará pecadores a Cristo. Por que? Porque os homens estão, por natureza, mortos em pecado e debaixo de seu poder. Eles são, por si mesmos, incapazes de abandonar os seus maus caminhos e se voltarem a Cristo, para receber misericórdia. Nem podem e nem querem fazer isso. Conseqüentemente, o não regenerado não vai responder à chamada do evangelho para arrepender-se e crer. Nenhuma quantidade de ameaças ou promessas externas fará um pecador cego, surdo, morto e rebelde se curvar perante Cristo como Senhor e olhar somente para Ele para a salvação. Tal ato de fé e submissão é contrário à natureza do homem.

Por isso, o Espírito Santo, para trazer o eleito de Deus à salvação, estende-lhe uma chamada especial interna em adição à chamada externa contida na mensagem do evangelho. Através dessa chamada especial, o Espírito Santo realiza uma obra de graça no pecador que inevitavelmente o traz à fé em Cristo. A mudança interna operada no pecador eleito o capacita a entender e crer na verdade espiritual.

No campo espiritual, são lhe dados olhos para ver e ouvidos para ouvir. O Espírito Santo cria no pecador eleito um novo coração e uma nova natureza. Isto é realizado através da regeneração (novo nascimento), pela qual o pecador é feito filho de Deus e recebe a vida espiritual. Sua vontade é renovada através desse processo, de forma que o pecador vem espontaneamente a Cristo por sua própria e livre escolha.

REFERÊNCIAS BÍBLICAS: Jr 24:7 / Ez 11:19-20; Ez 36:26-27 / Mt 16:17 / Jo 1:12-13; Jo 5:21; Jo 6:37; Jo 6:44-45 / At 16:14; At 18:27 / 1Co 4:7 / 2Co 5:17 / Gl 1:15 / Rm 8:30 / Ef 1:19-20 / Cl 2:13 / 2Tm 1:9 / 1Pe 2:9; 1Pe 5:10 / Hb 9:15
Perseverança dos Santos
Os eleitos não são apenas redimidos por Cristo e regenerados pelo Espírito; eles são mantidos na fé pelo infinito poder de Deus. Todos os que são unidos espiritualmente a Cristo, através da regeneração, estão eternamente seguros nEle. Nada os pode separar do eterno e imutável amor de Deus. Foram predestinados para a glória eterna e estão, portanto, assegurados para o céu. A perseverança dos santos não significa que todas as pessoas que professam a fé cristã estão garantidas para o céu. Somente os santos – os que são separados pelo Espírito – é que perseveram até o fim. São os crentes – aqueles que recebem a verdadeira e viva fé em Cristo – os que estão seguros e salvos nele. Muitos que professam a fé cristã desistem no meio do caminho, mas eles não desistem da graça, pois nunca estiveram na graça. A perseverança dos santos está diretamente ligada à santificação, que é o processo pelo qual o Espírito Santo torna os eleitos cada vez mais semelhantes a Jesus Cristo em tudo o que fazem, pensam e desejam. A luta dos crentes contra o pecado dura toda a vida e, às vezes, eles podem cair em tentações e cometer graves pecados, mas esses pecados não os levam a perder a salvação ou a afastar-se de Cristo.A Bíblia diz que o povo de Deus recebe a vida eterna no momento em que crê. São guardados pelo poder de Deus mediante a fé e nada os pode separar do Seu amor. Foram selados com o Espírito Santo que lhes foi dado como garantia de sua salvação e, desta forma, estão assegurados para uma herança eterna.

REFERÊNCIAS BÍBLICAS: Is 54:10 / Jr 32:40 / Mt 18:14 / Jo 6:39; Jo 6:51; Jo 10:27-29 / Rm 5:8-10; Rm 8:28-32, Rm 8:34-39; Rm 11:29 / Gl 2:20 / Ef 4:30 / Fp 1:6 / Cl 2:14 /2Ts 3:3 / 2Tm 2:13,19 / Hb 7:25; Hb 10:14 / 1Pe 1:5 / 1Jo 5:18 / Ap 17:14

Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org/calvinismo/tulip-cinco-pontos-calvinismo.html#ixzz0vHU7TR9L
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terça-feira, 20 de julho de 2010

Spurgeon e a Liga da Bíblia

- Spurgeon foi um pastor e líder cristão que amou nitidamente o Senhor e defendeu sua causa com integridade. O fato jamais foi tão bem ilustrado como no fim da década de 1880, poucos anos antes da sua morte, quando tinha sido uma figura central em uma situação das mais difíceis dentro da igreja britânica, conhecida como a Controvérsia da Degradação. Esse referido debate doutrinário começou dentro das igrejas protestantes da Inglaterra (mais notadamente na União Batista), quando Spurgeon não pôde mais evitar a crítica à igreja com respeito àquele alarmante abandono das sãs doutrina e prática. Muitas igrejas e seus pastores, que antes haviam sido firmemente conservadores e evangélicos, tornaram-se mais tolerantes quanto às teorias que minavam a autoridade da Escritura e sua visão do homem. Spurgeon observou também um desvio das grandes doutrinas da Reforma e do próprio papel da graça soberana de Deus na salvação. De seu púlpito e nas páginas de sua revista, The Sword and the Trowel (A espada e a pá), ele, corajosa e firmemente, defendeu a verdade e instou com o crente comum que resistisse ao falso ensino e que permanecesse firme nos fundamentos do cristianismo.

Entretanto, a maré do declínio doutrinário prosseguiu nos dias de Charles Spurgeon, e ele foi constrangido por uma consciência piedosa a deixar a União Batista. Pouco depois da sua morte, na década de 1890, alguns dos partidários de Spurgeon formaram uma nova sociedade, chamada Liga da Bíblia, para continuar o combate em favor da pureza e da prática da ortodoxia nas igrejas evangélicas.

Durante os meses da controvérsia, Spurgeon recebeu duras críticas dos seus opositores, porém jamais se abalou na defesa da verdade. O seguinte excerto, pregado durante a Controvérsia da Degradação em um sermão entitulado "Something Done for Jesus" (Algo feito para Jesus), revela a verdadeira natureza dos motivos justos e da própria integridade de Spurgeon:

"Amamos nossos irmãos por causa de Jesus, mas ele é o principal entre dez mil, em todos os sentidos, amável. Não poderíamos viver sem ele. Usufruir sua companhia é extremo gozo para nós; tê-lo volvendo o rosto de nós é nossa tristeza da meia-noite... Oh! Ter o poder de viver, de morrer, de trabalhar e de sofrer diante dele, e tão somente diante dele!...

Se uma obra feita por causa de Cristo pudesse fazê-lo menos amado e ameaçasse privá-lo de toda utilidade, isto seria pouco. Considero meu caráter, popularidade e utilidade como ciscos de poeira, comparados com a fidelidade do Senhor Jesus. É a lógica do Diabo que diz: "Você percebe? Eu não posso vir à luz e defender a verdade porque tenho uma esfera de utilidade que conservo mediante contemporização com aquilo que receio seja falso." Senhores, que temos nós a ver com as conseqüências? Que os céus desabem, mas seja o homem um bom servo obediente do seu Mestre e leal à sua verdade.
Ó homem de Deus, sê justo e não temas! As conseqüências estão na mão de Deus e não nas deles. Se um bom trabalho foi feito diante de Cristo, ainda que lhe possa parecer aos seus pobres olhos baços, como se fosse um grande mal, ainda assim ele teria sido feito, e ele o teria anotado, e, para sua consciência, ele teria oferecido um sorriso de aprovação." (Citado em The Forgotten Spurgeon, 205. ).

Obs: Será que nos nosso dias podemos dizer Amém!??

http://www.josemarbessa.com/2010/05/spurgeon-e-liga-da-biblia.html

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Meditação Puritana: O Portão da Mente para o Coração



Stephen Yuille


Uma definição

Sobre o tema da meditação puritana, James Packer escreve: “Sabendo que eles próprios eram criaturas de raciocínio, afeições, e vontade, e sabendo que o caminho de Deus para o coração humano (a vontade) é através da cabeça humana (a mente), os puritanos praticaram a meditação, discursiva e sistemática, em todo escopo da verdade bíblica conforme viam-na sendo aplicada a eles mesmos”. De forma similar, Horton Davies descreve a meditação puritana como um “mover das questões intelectuais ao exercício das afeições do coração, a fim de libertar a vontade para se conformar a Deus”.
Esta abordagem à meditação advém da convicção puritana que a vontade é uma faculdade “cega”. De acordo com Edward Reynolds (1599-1676), a vontade “não pode enxergar o bem devido que deveria influenciar sem a assistência de um poder informador” e nem “pode ver o caminho correto que deveria tomar para alcançar aquele bem, sem a direção de um poder condutor”. Este poder “informativo” e “condutor” é o entendimento: a faculdade principal da alma. Quando esta “mais nobre faculdade”, como Stephen Charnock (1628-1673) chama, é “empregada para o objeto mais excelente”, ela informa e conduz a vontade através das afeições para escolher o “bem correto”.
Com este paradigma firmemente reconhecido, George Swinnock (1627-1673) define a meditação como “uma séria aplicação da mente a algum assunto sagrado, até que as afeições sejam aquecidas e despertadas, e a resolução elevada e fortalecida através disso, contra aquilo que é mal, e por aquilo que é bom”.
O método da meditação
De acordo com a definição de Swinnock, o método da meditação é uma séria aplicação da mente… até que as afeições sejam aquecidas e despertadas. Este método remonta a Joseph Hall (1574-1656), que afirma que “a prática da verdadeira piedade” depende da meditação – “o melhor aprimoramento do cristianismo”. Ele define essa meditação como “um voltar da mente para algum objeto espiritual, através de diversas formas de discurso, até que nossos pensamentos cheguem a uma conclusão”. Este voltar-se da mente se manifesta de duas formas: “extemporânea” e “deliberada”. Hall foca-se no segundo, buscando descrever o seu “processo”.
Resumindo, a meditação deliberada “começa no entendimento, e termina na afeição; começa no cérebro, desce ao coração; começa na terra, ascende aos céus, não de repente, mas por determinados passos e degraus até que estejamos no topo”. Hall divide estes “passos e degraus” em duas seções. A primeira se refere à prática da meditação no entendimento. Ela envolve o estudo das verdades divinas de acordo com determinadas “cabeças”: descrição, divisão, efeitos, assuntos, qualidades, contras, comparações, títulos e testemunhos. A segunda se refere à prática da meditação nas afeições. Para Hall, essa “é a própria alma da meditação, para a qual todas as coisas anteriores sevem apenas como um instrumento”. Ela envolve pressionar as verdades divinas sobre as afeições através de sete passos: experimentação, queixa, desejo do coração, confissão, petição, aplicação e confiança. James Ussher (1581-1656) também recomenda essa abordagem dupla, afirmando que o “trabalho” da meditação consiste de “duas faculdades principais da alma. Primeiro, o entendimento, o qual atribuo à memória; em segundo lugar a vontade, o qual atribui às afeições”. A primeira envolve um “chamado à mente”, onde as verdades bíblicas são lembradas e debatidas. A segunda envolve “depositar no coração” essas verdades.
Swinnock descreve este “depositar no coração” como “uma consideração séria” ou “um ato de entendimento prático, mediante o qual reflete sobre suas ações e intenções, compara-as com a regra da palavra, e continua para colocar o seu mandamento sobre a vontade e afeições, a fim de colocar o que é bom em ação”. Essa “reflexão” geralmente consiste de solilóquios, que Richard Baxter (1615-1691) define como “questões despertadoras”. Seu objetivo é fazer com que as pessoas sintam a pulsação de sua alma com o propósito da auto-avaliação. Para Ussher, este é o “assunto mais importante” da meditação – “ver como a matéria se encontra entre Deus, e minha própria alma”. Com este objetivo em mente, ele sugere: “Primeiro olhe para trás, e diga, o que eu fiz? Depois olhe para frente e diga, o que farei?” De forma similar, William Gurnall (1617-1679) escreve: “Reflita sobre si mesmo, e pense seriamente sobre o seu próprio comportamento – o que ele tem sido diante de Deus e dos homens ao longo do dia”.
O objeto da meditação
Em sua definição, Swinnock descreve o objeto da meditação como “algum assunto sagrado”. De sua parte, Hall fala “daquelas questões divinas que podem mais que tudo produzir compulsão no coração e levar-nos à devoção”. Ao todo, existem sete assuntos “sagrados” que aparecem de forma proeminente na meditação puritana.
O primeiro é a majestade de Deus. “Acima de tudo”, escreve Swinnock, “medite na infinita majestade, pureza e misericórdia daquele Deus contra quem tens pecado”. Charnock concorda: “Tenham sempre em vista as excelências de Deus”. Gurnall encoraja seus leitores a meditarem na “infinita santidade de Deus”. Similarmente, Baxter direciona seu público a “mergulhar nas meditações do Todo-Poderoso”, adicionando: “Alguém pensaria que se eu não lhes desse nenhuma outra tarefa, e nem falasse de nenhuma outra questão para a meditação, esta seria suficiente; pois esta é, de certa forma, tudo”. A urgência de Baxter origina-se de sua convicção que o “melhor cristão” é aquele “que tem a mais plena impressão sobre a sua alma, pelo conhecimento de Deus em todos os seus atributos”.
O segundo assunto é a severidade do pecado. Para os puritanos, o conhecimento do pecado e o conhecimento de Deus estão inescapavelmente relacionados. Swinnock explica: “O homem nunca chega ao conhecimento apropriado de si mesmo, que miserável deplorável e abominável ele é, até que chegue ao conhecimento apropriado de Deus, a saber, que incomparável majestade Ele é”. Charnock concorda: “Na consideração da santidade de Deus somos relembrados da nossa própria impureza… de forma que sua imensidão deveria nos fazer, segundo nossa própria natureza, parecer pequenos aos nossos próprios olhos”. Em outras palavras, as pessoas chegam a um entendimento apropriado da escuridão do pecado somente à luz da santidade de Deus, porque é então que podem enxergar seu pecado como um ataque contra Deus. Com isto em mente, Joseph Alleine (1634-1668) insta seu público a meditar sobre o “número”, “gravidade”, “deformidade”, e “torpeza” de seus pecados.
O terceiro assunto é a beleza de Cristo, que só pode ser devidamente apreciada sobre o pano de fundo da majestade de Deus e a severidade do pecado. De acordo com Alleine: “Enquanto os homens não estiverem cansados e oprimidos, e com seus corações aflitos, não buscarão a cura em Cristo nem perguntarão sinceramente: ‘O que devemos fazer?’”. Quando chegarem a esse ponto, eles verão a beleza do amor de Cristo conforme ele tapa a distância imensurável entre um Deus glorioso e uma criatura pecadora. Isso leva Gurnall a declarar: “Banhe a tua alma com a freqüente meditação do amor de Cristo”.
O quarto assunto é a certeza da morte. “Se deseja se exercitar na santidade”, escreve Swinnock, “pense com freqüência no dia da sua morte”. Robert Bolton (1572-1631) direciona seus leitores a ponderar na certeza de que “todos os prazeres, tesouros, e confortos desta vida… precisam todos, diante do choque da morte… ser súbita, completa e eternamente deixados para trás.”
O quinto assunto é a finalidade do julgamento. Gurnall lembra: “Certamente você não poderá dormir facilmente enquanto este trompete, que chamará toda a humanidade a julgamento, estiver tocando em seus ouvidos. A razão porque os homens dormem tão tranqüilamente em segurança é que ou não acreditam, ou pelo menos não pensam nisso com a seriedade que se espera”. Com esta letargia em mente, Bolton instrui as pessoas a ponderarem sobre como será dar um relato exato de “todas as coisas feitas na carne”, de testemunhar a revelação de todos os “pecados secretos” e as “vilanias escondidas”, e “ouvir a terrível sentença de condenação a tormentos e horrores eternos”.
O sexto assunto é a miséria do inferno. Swinnock descreve o inferno como uma miséria “pessoal”, porque os pecadores perdem os “prazeres terrenos”, os “contentamentos carnais”, o “favor espiritual”, “a sociedade de todos os piedosos”, a “esperança”, a sua “preciosa alma” e “o Deus infinitamente bendito”. Da mesma forma, Bolton fala da “privação da gloriosa presença de Deus, e a separação eterna daquelas alegrias, felicidades e bem-aventurança eternas”. Swinnock também descreve o inferno como uma miséria “positiva”, por causa do que os pecadores ganham, explicando que “os perversos deverão no outro mundo se separar de Cristo para o fogo… Eles não somente serão privados de tudo o que é bom… mas também serão cheios de tudo o que é mau”. Nesse momento, eles ganharão uma “perfeição de pecado” e uma “plenitude de angústia”.
O sétimo assunto é a glória do céu. Em termos de ganho “pessoal”, Swinnock diz que os cristãos obterão liberdade do mal do pecado, ou seja, liberdade de cometer o pecado e de ser tentado ao pecado. Eles também obterão liberdade do mal do sofrimento. Em termos de ganho “positivo”, eles receberão a companhia dos cristãos perfeitos, a comunhão mais próxima com Cristo, e a fruição plena e imediata de Deus. Para Baxter, esse ganho é da maior importância. “Eu não tiraria você de outras meditações”, ele diz, “mas certamente assim como o céu tem a preeminência na perfeição, deveria tê-la também em nossa meditação. Aquilo que nos dará a maior felicidade quando o possuirmos, nos fará mais alegres quando meditarmos nele”.
O resultado da meditação
Através da meditação, o significado destes assuntos “sagrados” é sentido na alma. Um vislumbre da majestade de Deus produz temor e amor. Um senso da severidade do pecado produz tristeza e ódio. Um gostinho da beleza de Cristo incita prazer e desejo. As verdades remanescentes, conhecidas como as “últimas quatro coisas”, produzem aquilo que os puritanos chamavam de uma “mentalidade celestial”. “A pessoa com uma mentalidade celestial”, explica o historiador Dewey Wallace, fica “absorvida nas coisas divinas, distante do mundo, e em profunda comunhão com Deus”. Seu objetivo é “meditar naquele estado, atando seu coração tão próximo de Deus que tudo o mais empalidece e se torna insignificante”.
De acordo com a definição de Swinnock, este “aquecimento” e “despertar” das afeições levam a uma “elevação” e “fortalecimento” da “resolução” da vontade contra “aquilo que é mal e para o que é bom”. Como Gurnall explica: “As afeições são afetadas quando seu objeto está diante delas. Se amamos uma pessoa, o amor é excitado pela visão dela, ou qualquer coisa que a lembre; se odiamos alguém, nosso sangue ferve muito mais contra ela quando estamos diante da mesma”. Ao meditar nas verdades divinas, o amor é direcionado ao supremo bem (Deus) e o ódio ao supremo mal (pecado). Como resultado, a vontade fica resoluta em buscar a Deus e abandonar o pecado. Para os puritanos, esta “resolução” se manifesta em piedade: conformidade à vontade de Deus. Baxter estava tão convencido deste relacionamento entre meditação e piedade que escreve: “Se, por estes meios, tu não percebes um aumento de todas as tuas graças, não cresce além da estatura dos cristãos comuns, não te tornas mais útil em teu lugar, e mais precioso aos olhos de todas as pessoas com discernimento; se tua alma não desfruta de maior comunhão com Deus, e tua vida não se enche de conforto, e não estás mais preparado para a hora de tua morte: então jogue fora estes conselhos, e acuse-me eternamente de enganador”.
Conclusão
Para os puritanos, portanto, a meditação é essencial para a prática da piedade. Como Baxter observou, “o Espírito usa nosso entendimento para ativar nossas vontades e afeições”. Isto necessariamente implica que a meditação é um dos meios principais pelo qual o Espírito Santo santifica o cristão.
É por esta razão que Hall muito lamentou a negligência generalizada da meditação em seus dias, comentando: “Se houver qualquer dever cristão cuja omissão é notoriamente vergonhosa e prejudicial para as almas dos professos, esse é o dever da meditação. Esse é o próprio fim para o qual Deus nos deu nossas almas, de forma que estaremos desperdiçando-a se não a usarmos assim”. As palavras de Hall são tão verdadeiras em nossos dias quanto no dia em que as escreveu, assim como Joel Beeke observa: “Um estorvo para o crescimento entre os cristãos hoje é o nosso fracasso em cultivar o conhecimento spiritual. Falhamos em dar tempo suficiente para a oração e a leitura da Bíblia, e temos abandonado o tempo para a prática da meditação”. Dado este fato, faríamos muito bem em escutar o pedido de Gurnall para “nos retirarmos freqüentemente para fazer algumas meditações que despertem a alma”, lembrando que “se a buscares como a prata e como a tesouros escondidos a procurares; então, entenderás o temor do SENHOR e acharás o conhecimento de Deus” (cf. Pv. 2:5).

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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Pensamento Superficial sobre o Pecado – S. Bolton (1606-1654)


Pensamento Superficial sobre o Pecado – S. Bolton (1606-1654)


Vejam que motivo temos para humilhar nossas almas diante de Deus neste dia devido termos pensamentos tão superficiais sobre o pecado, e desde que Deus tem classificado o pecado como o maior de todos os males. Que pensamentos levianos temos do pecado? Podemos engoli-lo sem medo, podemos viver nele sem percebê-lo, podemos cometê-lo sem remorso. Tudo isso mostra a superficialidade dos nossos pensamentos sobre o pecado. Não avaliamos o pecado como sendo um mal tão grave como realmente ele é.

Agora, para que vocês possam ter conceitos mais adequados sobre a magnitude dele, para que sejam capazes de ver o pecado como algo excessivamente maligno, irei apresentá-lo resumidamente sob seis aspectos.

1. Olhem para ele sob o prisma da natureza a qual, embora seja um cristal pouco transparente, é um refletor autêntico. O pecado tem ofuscado essa lente, ainda assim ela é capaz de revelar-nos muito do mal do pecado. Mesmo os pagãos têm visto e julgado por eles mesmos, muitos pecados como sendo o maior dos males.

Embora os pecados espirituais fossem ocultos a eles, sua luz não era capaz de descobrir a infidelidade e os pecados íntimos. Todavia eles têm descoberto os pecados morais, e os evitado, e prefeririam correr o risco de sofrer do que cometer tais pecados. Os exemplos de Platão, Cipião, Catão, e muitos outros irão elucidar isso. Tudo isso foi descoberto pelo prisma da natureza, feito por ela própria, porém não pela mera natureza caída, e sim pela natureza bem administrada, pela natureza desenvolvida, pela implantação de princípios morais juntamente com a graça restringedora e de outros dons comuns do Espírito.

O grande ódio que sentem pelo pecado, o grande cuidado que têm para evitá-lo, o grande sofrimento que experimentam por não quererem cometer pecado, deveriam ser suficientes para revelar-nos quão grande é o mal do pecado - mas interromperemos o assunto aqui.

2. A segunda lente pela qual vocês podem ver até onde vai o pecado é a lente da lei, a lente que revela o pecado em todas as suas dimensões: a culpa, o demérito, a corrupção e a malignidade do pecado. Portanto, o apóstolo diz em Rom. 7:7 "... mas eu não conheci o pecado senão pela lei..." Isto é, eu não teria conhecido o pecado como sendo tão abominável quanto ele o é, eu não teria conhecido o pecado em sua amplitude e latitude. Eu não teria conhecido a gravidade do pecado se não tivesse sido pela lei, se a lei não tivesse sido a lente para revelar o pecado a mim.

Ela revelou a grandeza do pecado para Davi: "A toda a perfeição vi limite, mas o teu mandamento éamplíssimo " (Sal. 119:26), isto é, por revelar a extensão do pecado em proporção a sua amplitude e grandeza.

Que lástima! Isso irá revelar a vocês mais nudez num pecado do que o mundo todo pode cobrir, mais indigência num pecado do que todos os tesouros da justiça disponível são capazes de suprir; mais obliqüidade e injustiça num pecado, num pensamento errado, do que a morte de todos os homens e o extermínio dos anjos seriam capazes de expiar.

Procurem na lei e vocês descobrirão milhares de pecados que caem sob toda e qualquer lei de Deus. Eis aqui a lente!

3. Olhem para o pecado sob a lente das dores, feridas penetrantes e tristezas, as quais os santos encontraram em seu acesso e primeira entrada no estado de graça, em suas reincidências e retornos à insensatez.

Para o primeiro, vejam que gemidos e humilhações tiveram que suportar em sua primeira admissão ao estado de graça - Manasses em II Crôn. 33:12, Paulo em Atos, capítulo nove, os judeus convertidos em Atos 2:37 - admissão semelhante à ocasião quando os pregos perfuraram Cristo, agora cravados em seus corações como a lança no lado de um animal.

Quantos dos muitos santos que já existiram estiveram presos num leito de miserável angústia, acamados sob os golpes da justiça possi velmente por muitos anos, e tudo isso por causa do pecado. Em todas as épocas houve milhares de exemplos dessa natureza.

Olhem para as angústias e quebrantamentos que os santos t i veram quesuportar por causa de suas reincidências no pecado. Vejam nos em Pedro e em Davi. Leiam as tristes expressões que ele tem no Sal. 6:1-7 e no Sal. 32:3-5. Do mesmo modo no Sal. 51. Como ele lamenta pela sua alma perturbada, seus ossos quebrados, seus olhos consumidos pela tristeza, sua cama está encharcada com lágrimas! E tudo isso por causa do pecado. Aqui está a lente pela qual pode-se ver o mal do pecado como sendo o maior mal. Sim, quando Deus o enfoca, o menor pecado resultará em tudo isso.

4. Olhem para o pecado em Adão e vejam a extensão dele. Aquele único pecado de Adão trouxe todas as misérias, doenças, morte e outras desgraças, sobre toda a sua posteridade desde aquele tempo. O pecado tem sido a maldição de milhares de homens e ainda continua sendo. A justiça de Deus ainda não foi satisfeita. Se ela tivesse sido, haveria um fim. Não morreríamos, nem ficaríamos doentes jamais, etc. Oh, aqui vocês podem ver o pecado em sua extensão!

5. Olhem para o pecado sobre Cristo. Vejam que humilhações, que quebrantamentos, que feridas cruciantes, que ira isso trouxe sobre o próprio Cristo. Foi isso que misturou aquele cálice amargo com ingredientes tão terríveis, os quais, se tivéssemos que libá-lo quando assim estava temperado, teriam colocado nossas almas debaixo de uma ira pior do que aquela que todos os condenados sofremno inferno. Cristo suportou plena justiça por causa do pecado.

Isso fez com que Ele que era tanto Deus quanto homem, santificado pelo Espírito para essa missão, fortalecido pela Deidade, suasse gotas de sangue, e até lutasse, parecendo recuar e orar contra a obra de Sua própria misericórdia, querendo desistir do propósito de Sua própria vinda ao mundo.

Ah, ninguém sabe senão Cristo, nem é o finito entendimento humano capaz de conceber, o que Cristo suportou quando estava para carregar o pecado e com isso lutou contra a infinita ira e justiça do infinito Deus, os terrores da morte, e os poderes do mundo vindouro. Aqui está uma lente pela qual vocês podem ver a grandeza, a amplitude, a culpa, o demérito do pecado, tudo o que é revelado ao indivíduo na morte, sofrimentos, quebrantamentos e feridas do Filho de Deus.

Você, amigo, que despreza o pecado, vá para Cristo e pergunte a Ele quão duro isso foi, aquilo que você despreza esmagou-O contra o chão. E o menor pecado esmagaria você e todos os pilares do céu para o fundo do inferno para sempre.

6. A sexta lente: olhem para o pecado na condenação eterna da alma, que nada satisfaria à justiça de Deus a não ser a destruição da criatura. Nem doenças, nem prisões, nem sangue, nem sofrimentos, a não ser os sofrimentos do inferno! E esses não por um tempo, mas para sempre! Ah, vejam aqui a enormidade do pecado, o qual poderia ser ainda mais ampliado considerando-se a preciosidade da alma, a qual o pecado arruina por toda a eternidade. E portanto, vocês conheceriam o pecado? Perguntem aos condenados: o que é pecado? Volvam seus ouvidos ao inferno e ouçam todos aqueles berros, aqueles gritos, aqueles rugidos dos condenados, e tudo isso por causa do pecado. Oh, eles foram os prazeres custosamente comprados, os quais precisam ser conseqüentemente pagos com dores sem fim.

Assim através destas lentes vocês vêem o que é o pecado. E por conseguinte como devemos ser humilhados por causa de nossa indiferença em relação ao pecado, o qual é um mal tão grande!

http://www.josemarbessa.com/2010/07/pensamento-superficial-sobre-o-pecado-s.html