sexta-feira, 17 de julho de 2009

A Tocha da Evangelização Levada pelos Puritanos

EU CONSEGUI ESSE ARQUIVO SOBRE OS PURITANOS E GOSTEI MUITO, E HOJE QUERO COMPARTILHAR COM TODOS QUE ABRAÇARAM A CAUSA DOS PURITANOS, OU SEJA, O EVANGELHO SEM ADIÇÕES OU SUBTRAÇÕES.

A Mensagem da Evangelização Puritana

A preocupação evangelística puritana
Quais os métodos que os puritanos usaram para comunicar a sua mensagem? Qual a disposição interior do evangelista puritano?
Ao analisarmos a mensagem da evangelização puritana, procuraremos cobrir pelo menos quatro características e, assim fazendo, procuraremos contrastar a evangelização puritano com a evangelização moderna.
Antes disso, quero, de forma sumária, definir o que entendo por puritano. Estou usando a palavra "puritano" no sentido geral da palavra, que inclui aqueles piedosos ministros e teólogos ingleses do século XVI e XVII, que estavam preocupados com uma vida pura de acordo com as doutrinas da graça soberana de Deus. Eles estavam preocupados com as seguintes áreas:
1. Com a manutenção do ensino das Escrituras e do pensamento reformado sadio.
2. Com a necessidade de desenvolver um padrão pessoal de piedade, conforme as prescrições das Escrituras, que flui do correto entendimento de doutrina, e que dá ênfase à conversão pessoal e se manifesta numa religião experimental resultante do poder transformador do Espírito Santo.
3. Com a necessidade de uma vida eclesiástica baseada nas Escrituras, onde o Deus triúno é adorado conforme as determinações de Sua Palavra.
Quando me refiro à evangelização puritana estou focalizando a proclamação que era efetivada pelos puritanos de todo o conselho de Deus como revelado em Sua Palavra. Percebe-se que a palavra Escritura está presente e inferida nos três itens. Por isso queremos considerar quatro características bem abrangentes da pregação puritana. Dentro de cada característica veremos o contraste com a evangelização moderna.

Característica da pregação puritana - contraste com a evangelização moderna
Em primeiro lugar, os puritanos, por serem profundamente embasados nas Escrituras Sagradas, apresentavam sermões extensamente baseados nas Escrituras. Para o puritano, o sermão nunca estava só ligado às Escrituras, mas ele saía e crescia de dentro da Palavra de Deus. Para o pregador puritano o texto não estava no sermão, mas o sermão estava no texto. Por isso, um velho membro de uma igreja puritana poderia dizer: "Ouvir um sermão, para mim, é como estar dentro da Bíblia".
Se você abrir um livro de sermões puritanos, encontrará de dez a quinze versículos citados em cada página, além de encontrar dez a doze referências textuais. Os pastores puritanos sabiam como usar suas Bíblias. Eles viviam e respiravam os textos da Palavra de Deus. Eles tinham centenas e até milhares de textos das Escrituras memorizados e sabiam como citá-los para os problemas da alma ou para qualquer outro problema pessoal. Eles usavam as Escrituras de forma sábia, não passando por elas de forma superficial, porém trazendo o texto e fazendo-o permanecer de acordo com a doutrina que estava sendo enfocada. Os sermões evangelísticos de hoje muitas vezes são perturbadores, não porque não citem as Escrituras, mas porque o fazem de modo repetitivo, superficial. Quando alguém saía da igreja, após um sermão puritano, nunca esquecia o texto que fora usado, pois aquele texto lhe fora colocado inteiramente aberto, tendo sido levado até o seu coração.
Hoje, na evangelização moderna, temos toda razão para ficarmos perturbados quando testemunhamos que há uma seleção muito pequena dos textos bíblicos utilizados, além de textos que são tirados do seu contexto bíblico. Nós pregadores sabemos que podemos citar uma porção de textos sem estarmos sendo bíblicos nestas citações. Uma seqüência de textos intercalados por anedotas não faz, de maneira alguma, com que um sermão seja bíblico em si.
Os puritanos acreditavam fortemente em Sola Scriptura. Você pode procurar nos seus escritos e sermões, qualquer história ou referência pessoal e não as encontrará. Pelo fato de pensarem que o púlpito era um lugar de grande importância, este não podia ser degenerado com uma pregação egocêntrica. Eles sabiam que só uma coisa pode salvar pecadores: o Espírito Santo ligando-Se à semente incorruptível da Palavra de Deus. Por isso a tarefa deles era exatamente expor a Palavra de Deus incorruptível, orando para que o Espírito a aplicasse aos corações dos ouvintes. Se estamos convencidos de que conhecemos bem as nossas Bíblias e abrirmos um livro puritano, logo ficaremos muito humilhados. Eles foram gigantes espirituais nas Escrituras e nós somos anões, pigmeus perante eles. Por isso é muito importante lermos os puritanos. Eles são nossos mentores para nos ensinar como usar a Bíblia de uma forma pastoral, evangelística e na nossa pregação. Você sem dúvida seria um evangelista mais sábio e útil se buscasse mais as Escrituras como faziam os puritanos. Ame a Palavra de Deus de maneira mais calorosa. Pesquise a Palavra de Deus em suas devoções pessoais. Busque a bênção de pensar biblicamente, de falar biblicamente, viver biblicamente e perceberá que sua palavra contém uma autoridade divina. Você não precisará persuadir as pessoas pela sua personalidade ou por você mesmo, mas a Palavra de Deus é que vai persuadi-las. A Palavra quando exposta, passo a passo, abre as Escrituras perante nós. Esse é o primeiro ponto da pregação puritana. Eram profundamente bíblicos.
Em segundo lugar, o pregador puritano era doutrinador. A mensagem puritana não pedia desculpas por apresentar doutrina. O puritano não temia pregar todo o conselho de Deus para o povo. Os puritanos achavam que você não podia contar uma história qualquer, sem que esta tivesse doutrina. Doutrina é simplesmente a apresentação das verdades de Deus trazidas das Escrituras numa forma que pode ser entendida e que se relaciona com as nossas vidas. Não diluíam suas mensagens com anedotas, humor, histórias triviais e levianas durante a pregação. Eram profundamente sérios, verdadeiros e austeros no púlpito, pois sabiam que ao chegar ali estariam lidando com verdades eternas e almas eternas. Sentiam a realidade solene do seu chamado divino. Pregavam a verdade de Deus como um homem que está morrendo para homens que estão morrendo.
Vejamos alguns exemplos:

1. Quando pregavam a doutrina do pecado tinham a coragem de chamar pecado de pecado mesmo. Eles pregavam o pecado como uma rebelião moral contra Deus, uma rebelião que traz um sentimento de culpa e, se não houver arrependimento e perdão, a conseqüência será a condenação eterna certamente. Pregavam a respeito de pecados específicos; pecados de omissão e pecados de comissão; pecados por palavras e ações; falavam do quanto foi horroroso o nosso pecado original em Adão e Eva; falavam à congregação que eles tinham um referencial muito ruim e um coração mal por natureza; que o homem natural não pode amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo; ensinavam de forma "aberta" que uma reforma, apenas externa na nossa vida, não é suficiente para salvação eterna; a reforma interna produzida pelo Espírito Santo é absolutamente necessária e por isso pregavam como aquela regeneração podia ser experimentada e então vivida.

2. Outro exemplo se vê na sua pregação. Pregavam de uma maneira muito forte a doutrina de Deus. A evangelização deles era construída em cima de forte base teísta; pregavam Deus no Seu ser majestoso e em todos os Seus atributos gloriosos. Não só deixavam Deus ser Deus, mas declaravam que Deus é Deus. Os puritanos colocavam Deus em uma posição bem elevada - como deve ser. Quando se aproximavam de Deus em oração não falavam com Ele como quem fala com o vizinho pela janela, ou como um vizinho que pode ajustar seus atributos de acordo com suas necessidades e desejos pessoais. O puritano sempre exaltou a majestade de Deus e, quando se aproximava de Deus, você podia perceber aquele sentimento profundo de reverência. O Deus que o puritano pregava era o Deus da Bíblia. Talvez um dos versículos mais importantes, na Bíblia, para um puritano, seria exatamente Gênesis 1:1 - "No princípio, Deus". E de Deus que emanam e se desdobram todas as coisas neste mundo. Todas as coisas são preparadas, iniciadas, projetadas e feitas para a glória de Deus!

3. A evangelização puritana também proclamava de forma completa e plena a doutrina de Jesus Cristo. Pregavam o Cristo integral para o homem integral. Recusava-se em separar os benefícios que advêm de Cristo, da própria Pessoa de Cristo. Um dos grandes puritanos, Joseph Alleine, em seu clássico livro originalmente intitulado, An Alarm to the Unconverted (Publicado no Brasil pela PES, como Um Guia Seguro para o Céu), disse que o ser de Cristo integral é aceito por aquele que é realmente convertido. Os verdadeiros convertidos não aceitam apenas as recompensas de Cristo, mas a própria obra de Cristo. Não amam apenas os benefícios de Cristo, e sim também o "fardo" de Cristo ("...tomai sobre vós o meu jugo..."). Amam não só tomar os mandamentos, mas também, a cruz de Cristo. Por outro lado, o falso convertido recebe Cristo pela "metade". Ele quer os privilégios de Cristo, porém não quer se inclinar diante do senhorio de Cristo. Ele divide os ofícios de Cristo e os benefícios de Cristo. Esse é o problema dos "crentes" de hoje.
Freqüentemente Jesus tem sido apresentado na evangelização de hoje como alguém que está aí para satisfazer todas as necessidades e desejos dos homens. Na pregação de hoje, Jesus é apresentado como alguém que não exige que o homem ofereça o seu coração completo e a sua vida completa. Quando os puritanos pregavam, instavam com os pecadores a se voltarem para Jesus e avisavam que eles precisavam avaliar o preço de seguir a Jesus, e o preço era perder a sua vida; morrer diariamente por amor a Cristo, negar-se a si mesmo, tomar a cruz e segui-lO. Os puritanos tinham horror àquilo que hoje é chamada "a graça barata", porque, na verdade, essa não é uma graça verdadeira. Graça barata significa que eu aceito Jesus na minha própria força; Ele reforma um pouco a minha vida por fora, porém eu continuo agindo com os princípios egocêntricos no meu ser interior. A graça barata me leva a pensar que, por um lado, eu tenho a Jesus, que estou a caminho para o céu, mas, por outro lado me permite continuar vivendo uma vida mundana. Na verdade, eu estou mesmo no meu caminho para o inferno. Os puritanos apresentavam Jesus como um Salvador completo para um pecador completo. Um puritano disse: "O pregador que é o seu melhor amigo, é aquele que vai dizer mais verdades sobre você mesmo". Eles não estavam preocupados em causar dano ao amor próprio dos ouvintes das suas congregações. Eles estavam mais preocupados com Cristo do que com os ouvintes. Estavam preocupados com a Trindade. O cristão encontra o seu amor próprio a medida que ele ama ao Pai que o criou, ao Filho que o restaurou através da cruz, e no amor ao Espírito Santo que mora nele e que faz com que sua alma e seu corpo sejam templo do Espírito Santo.

4. A doutrina puritana expandia e explanava com detalhes a doutrina da santificação. A vida inteira do crente era para ser colocada aos pés de Deus. Ele tinha que trilhar a vereda do Rei no caminho da justiça. Ele precisava conhecer a vida de uma forma experimental. Precisava conhecer essas "irmãs siamesas" que são, a vida e a experiência. Quando o ministro prega sobre santificação, você precisa saber o que está sendo requerido de sua parte. Você não pode entender estas coisas sem doutrina e isso nos traz à terceira característica da pregação dos puritanos.
Em terceiro lugar, destacamos que a pregação puritana era experimentalmente prática. A ausência de uma pregação experimental e prática é uma das grandes falhas no culto e na evangelização de hoje. O que significa uma pregação experimental? A palavra experimental vem da palavra experiência. Em termos de cristianismo, a religião experimental significa que a Palavra de Deus e suas doutrinas precisam ser recebidas não apenas na mente (os puritanos chamavam isso de conhecimento na cabeça, apenas), mas também precisam ser experimentadas e vividas no coração. Isso eles chamavam de "conhecimento do coração". Eles baseavam este tipo de ensinamento, por exemplo, em Provérbios 4:23: "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida".
Para os puritanos os pensamentos precisam fluir das Escrituras e as experiências do coração, fluem do ensino da doutrina e das Escrituras. Dessa forma, experiência não é alguma coisa mística, separada da Bíblia. Isso eles rejeitavam totalmente! Ao mesmo tempo, eles também rejeitavam completamente o tipo de religião que se satisfaz com o conhecimento apenas na cabeça, que é só racional. Estas doutrinas sobre as quais falamos resumidamente, a doutrina de Deus, de Cristo e do pecado, para os puritanos deviam ser tão reais quanto as cadeiras em que sentamos. Estas doutrinas precisam ser transformadas numa realidade que queime dentro de minha alma. Elas precisam influenciar toda a minha vida, todo o meu estilo de vida. Dessa forma, os puritanos acreditavam em viver, na prática, o que eles experimentavam. Sempre eles traziam suas experiências às Escrituras para terem a certeza de que estavam sendo totalmente bíblicos - até nas suas experiências. Para os puritanos, doutrina seria algo vazio se não fosse acompanhada pela experiência. Toda experiência verdadeira leva a uma experiência pessoal com Cristo. Por isso é necessária a pregação da Pessoa de Cristo e esta pregação será honrada pelo Espírito Santo, porque Ele toma estas coisas e as aplica aos pecadores.
Os puritanos, na sua pregação, incluíam o que chamavam de "marcas de um auto exame". Estas marcas de exame eram os sinais que distinguiam a Igreja do mundo. Distinguiam os verdadeiros crentes daqueles que eram crentes nominais ou apenas por professarem a fé. Os puritanos faziam distinção entre fé salvadora e fé temporária. Muitos livros têm sido escritos a respeito deste assunto. O mais famoso deles foi escrito por Jonathan Edwards: Afeições Religiosas. Também o livro de João Bunyan, O Peregrino, contém tais marcas. O que nós hoje, desesperadamente precisamos, é de uma volta a este estilo de evangelização reformado-puritano que sempre está pesquisando e sondando o coração. Os puritanos nunca diziam de uma forma "leviana" que os pecados do povo estavam perdoados, mas pregavam de forma profunda o que realmente o pecado é e como ele tem afetado as pessoas. Eles procuravam tirar do pecador todo o seu sentimento de justiça própria para, então, levá-lo ao Senhor Jesus Cristo.
Alguém disse que a religião da América, hoje, tem 2.000 km de comprimento por 3.500 Km de largura (essas são as dimensões do país), mas com uma profundidade de mais ou menos 12 centímetros, apenas! O problema, em todos os lugares no mundo, hoje, é que a evangelização freqüentemente começa num lugar errado. Poderíamos dizer muitas coisas sobre as diferenças entre a evangelização moderna e a puritana, em relação à experiência do povo de Deus. Pois bem, quero apenas destacar um ponto e este é a resposta a uma pergunta: quando olhamos atrás para a história da Igreja, e também na história bíblica, observando as épocas de avivamento verdadeiro, não produzido pelo homem, qual era o elemento evidente naquela época que hoje está claramente ausente? Respondemos sem hesitação que é a ausência de profunda convicção de pecado. Este é um grande problema nos nossos dias.

Convicção de pecado
Hoje há muito pouca convicção de pecado entre os não salvos. A maioria dos chamados "cristãos" contemporâneos vive de maneira tão descuidada em sua vida, que é muito difícil alguém diferenciá-los de homens não convertidos. O problema é que freqüentemente o pecado não é pregado como pecado para as pessoas; o horror do pecado não é enfatizado às pessoas. Isso nos leva a uma pergunta ainda mais profunda: por que as épocas de avivamento realizado pelo Espírito Santo foram períodos de profunda convicção de pecado? A resposta é que o Espírito Santo, como Jesus nos diz, vem para convencer do pecado, da justiça e do juízo. Assim, o convencimento do pecado é o caminho pelo qual Deus age para abrir espaço no coração do pecador. Quando o homem vê a realidade de Deus e a realidade do pecado contra Deus, ele se humilha até o pó. Só então, ele vai apreciar o que aquele Deus-homem, Jesus Cristo, fez por nós pecadores. Foi o que aconteceu com Isaías quando ele chegou à presença de Deus: "Ai de mim porque sou um homem de lábios impuros..." O mesmo aconteceu com Jó ao chegar à presença de Deus. Por cerca de quarenta capítulos no livro de Jó ele estava mais ou menos se defendendo, estava lutando para entender o que Deus havia feito com ele. Mas ao se sentir na presença de Deus, o Senhor Se tornou tão grande e Jó tornou-se tão pequeno, que perdeu todas as suas defesas. Então Jó falou: "Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso me abomino, e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42:5-6). Ele já havia ouvido falar de Deus antes, porém agora ele "viu a Deus", pela fé e perdeu tudo que estava do seu lado e se lançou como um pobre pecador, tão somente na misericórdia de Deus. É isso que está faltando na evangelização moderna. Não se vêem pecadores chegando até a cruz e clamando como aquele publicano que disse em sua oração: "Ó Deus, tem misericórdia de mim pecador".
Vocês vêem o que é realmente o pecado, e quem é Deus? Se assim acontecer seremos levados à cruz e, quando experimentarmos pela fé a beleza e plenitude de Cristo na cruz, não precisaremos de nenhuma explicação da parte de Deus por aquilo que Ele está fazendo em nossa vida. Nós nos inclinamos diante dEle e dizemos que seja feita a Sua vontade. Deus nunca explicou a Jó por que Ele fez tudo aquilo com sua vida. Entretanto, veio de Deus o poder para que Jó fosse justo aos Seus olhos.

Avivamento
Isso nos leva a outra questão. Se a falta de convicção de pecado é um problema tão sério, como pode esse tipo de convicção ser restaurado à Igreja hoje? Novamente aqui a história da Igreja nos dá uma resposta muito clara. O Espírito Santo encontra um homem caído, quebrantado; este homem chega diante da cruz e encontra a plenitude da salvação em Cristo Jesus, e o Espírito envia esse tipo de homem para pregar o pecado e a conversão aos outros. Em outras palavras, Deus está levantando homens que sejam santos, que sejam humildes, homens de oração para usá-los; homens que odeiam o pecado e que amem a Deus; homens que estejam tremendamente convictos da necessidade da salvação de almas; homens que estejam orando sempre por um avivamento bíblico, um avivamento do Espírito Santo. Deus usa este tipo de homem para trazer avivamento. Lembrem-se que o avivamento começa com uma convicção experimental de pecado.

Arrependimento
Isso nos leva a outra questão. Quando Deus Se agrada em levantar esse tipo de homem, será que alguma coisa específica em sua pregação tem conexão com a convicção de pecado? Creio que a resposta é sim! É esse tipo de homem, que de forma incisiva, se dirige à convicção da consciência, de uma forma bem aguçada. Eles mostram aos pecadores de forma clara a necessidade de arrependimento e o Espírito Santo Se agrada em honrar e abençoar a Sua Palavra quando este homem prega de forma convincente. O que aconteceu com João Batista quando ele começou a pregar com convicção? Os homens começaram a fugir da ira vindoura. O que aconteceu quando Pedro pregou com profunda convicção no dia de Pentecoste? O Espírito Santo desceu sobre os que ouviam a sua palavra.

Evangelização moderna
Por isso minha tese é: a evangelização moderna está se levantando como um obstáculo frontal, com raras exceções, à verdadeira convicção de pecado, ao arrependimento e ao verdadeiro avivamento. A evangelização moderna tem uma visão superficial de pecado; fala tão pouco de um assunto que a Bíblia tanto menciona. Por que a evangelização moderna fala tão pouco a respeito do pecado? A evangelização moderna tem medo de falar às pessoas as verdades a respeito delas mesmas; tem medo de perdê-las. Ensina que nós não devemos ofender as pessoas, e sim, sempre conquistá -las. A razão humana diz que não vamos ganhar as pessoas se lhes falarmos do pecado. A evangelização moderna não nega que o homem esteja morto nos seus delitos e pecados; não nega que a Bíblia diz em Romanos 8:7, que a mente carnal está em inimizade contra Deus; não nega que está escrito em 1 Coríntios, capítulo 2, que o homem natural não aceita, não compreende as coisas de Deus, mas a evangelização moderna diz que textos assim são apenas afirmações doutrinárias. Diz que esses textos são relevantes para os crentes, todavia não seriam relevantes para os não salvos. Dizem: "Como podemos ganhar as pessoas se dissermos que elas não podem se salvar a si próprias?" Concluem, assim, que qualquer ensino que retira da mente dos ouvintes a capacidade de responder imediatamente ao evangelho, na verdade é alguma coisa que impede a evangelização.
Dessa forma fazem do cristianismo alguma coisa bem simples e fácil. Dizem: "aceite a Jesus hoje, é simples, não precisa se preocupar com seus pecados, Ele já lhe perdoou. " Mas eles não somam aí o que é que significa realmente ser perdoado e quais os frutos de uma vida verdadeiramente perdoada. Por isso, a evangelização moderna produz cristãos muito superficiais, com uma religiosidade de apenas "12 centímetros" de profundidade. O pastor batista, Erroll Hulse, trabalhou certa vez em uma cruzada evangelística de massa com o Dr. Billy Graham e logo após, teve de escrever um livro intitulado, O Dilema do Pastor, onde esclarece que menos de cinco por cento dos que vinham à frente, no apelo, mostravam frutos subseqüentes em suas vidas. Se formos comparar por um momento, tudo isso, com o ministério do puritano Richard Baxter, que teve 600 pessoas convertidas na pequenina cidade de Kidderminster onde foi pastor, fazendo-o dizer no fim de sua vida que ele não sabia de nenhum que tivesse caído ao longo do caminho, perceberemos que há uma grande diferença. Há uma diferença entre uma pregação superficial a respeito de Jesus e que ignora o pecado, e uma pregação que diz ao pecador que ele não vai saber valorizar a Jesus enquanto não souber claramente o que é pecado. A evangelização moderna põe toda a pressão em cima da vontade do pecador e o pecador precisa tomar uma decisão imediata. Um ato de decisão feito pelo homem usurpa o papel do Espírito Santo em salvar pecadores.

Evangelização puritana
A evangelização puritana tem uma mensagem bem mais ampla sobre o que é o evangelho. O dever da fé é enfatizado, mas outros deveres também são ressaltados. Os evangelistas puritanos vão dizer aos seus ouvintes, não salvos, que eles precisam se arrepender, precisam parar de fazer o mal, precisam ser santos como Deus é santo, precisam amar a Deus de todo o coração e precisam entrar pela porta estreita. Tudo isso é enfatizado na evangelização puritana. Noutras palavras, a evangelização puritana apresenta a Bíblia como um todo para confrontar o incrédulo. Contudo, sejamos cuidadosos aqui. Eles não pregavam que o incrédulo tinha capacidade de fazer estas coisas, mas pregavam a seus ouvintes as exigências das Escrituras, sabendo que o Espírito Santo é quem faz tudo isso para mostrar aos pecadores que eles não podem cumpri-las por sua própria força.
O alvo do puritano era levar a alma não sal va a uma encruzilhada, quando duas estradas se cruzam. Uma dessas estradas poderia ser chamada a estrada da necessidade e o pecador realmente convencido diria: "Eu preciso ser salvo, salvação é minha necessidade!" A outra estrada poderia ser chamada a estrada da impossibilidade. O pecador diria: "Eu não posso ser salvo; eu não consigo ser santo como Deus é santo; não posso ir a Jesus e me dobrar diante dEle por minha própria força". Qual era o alvo do puritano? Era o de levar o pecador a esta encruzilhada e ao chegar lá descobrir que precisa ser salvo mas não pode. Dessa forma ele vai clamar ao Deus todo-poderoso: "Faze por mim ó Senhor, o que eu não posso fazer por mim mesmo!". É isso que Paulo faz nos capítulos 1,2 e 3 de Romanos; o mesmo fez João Batista quando pregava assim: "Arrependei-vos porque o reino de Deus está próximo". João Batista não começou dizendo: "Eis o Cordeiro de Deus...", porém começou dizendo "arrependei-vos". Quando Jesus começou Seu ministério pastoral, Ele não disse "tome uma decisão por mim", mas também começou dizendo "arrependei-vos porque o reino de Deus é chegado". Como foi que Jesus evangelizou Nicodemus?Ele disse: "você precisa nascer de novo". Como Jesus evangelizou o jovem rico? Ele disse: "Guarde os mandamentos". Por que Jesus lhe disse isso? Ele sabia que o jovem não podia guardar todos os mandamentos no seu coração. Jesus estava colocando como alvo a convicção de pecado.
Os puritanos não faziam na sua evangelização nada que os apóstolos e o próprio Senhor Jesus não fizesse. Eles pregavam a lei para que os pecadores se sentissem culpados perante Deus e aí pregavam Cristo, não um Cristo de 12 centímetros de profundidade, e sim, Cristo completo na Sua altitude, na Sua amplitude e na Sua profundidade. Pregavam Cristo destacando Seus ofícios, Seus nomes e Seus títulos. Pregavam Sua natureza e Sua Pessoa, pregavam-no plenamente. Isso nos leva a uma conclusão: o que nós estamos precisando desesperadamente é de uma evangelização centralizada em Deus; uma evangelização centralizada na mensagem; centralizada na Bíblia; não uma evangelização feita pelo homem, mas uma evangelização onde o Espírito Santo está agindo na Palavra e por meio dela. Para este fim você e eu, como evangelistas, nós mesmos fomos restaurados para um relacionamento mais vital e íntimo com Deus por Jesus Cristo. O que nós precisamos desesperadamente é de carregadores da tocha, homens e mulheres que estejam em chamas por Deus. Não de homens que estejam em fogo por ensinos não bíblicos, mas de homens inflamados pelo ensino da Palavra de Deus - sim, de homens cheios daquele temor filial a Deus. Você já percebeu que todas as vezes que Paulo fala a pastores e presbíteros para dar-lhes algum conselho ele sempre diz, "Tem cuidado de ti mesmo e depois do rebanho"?

Conclusão
Querido irmão, se você não odiar o pecado, se você não amar a Deus, se não estiver cheio do poder de Cristo, não deve ficar surpreso de seu ministério ser tão infrutífero. Se as pessoas perceberem que viver religiosamente não é viver a realidade da nossa vida, elas vão ser levadas a desobedecer as nossas mensagens. Um dos nossos grandes problemas hoje é que a nossa própria casa não está em ordem. Que Deus nos leve a conhecê-lo de uma forma íntima e pessoal, seguindo-0 de forma incondicional e pregando todo o conselho de Deus.
Queridos amigos, o tempo está curto, muito cedo vamos pregar nosso último sermão, fazer a nossa última oração, participar da nossa última conferência, e a única coisa que realmente vai contar é a seguinte: conhecemos realmente a Deus e a Jesus Cristo a quem Ele levou assunto aos céus? Que Deus nos faça portadores da tocha da evangelização puritana em nossa geração.

EXTRAÍDO DO LIVRO A TOCHA DOS PURITANOS
Palestras proferidas no simpósio OS PURITANOS em 1995
Joel R. Beeke
PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS
Caixa Postal 1287 10159-970-São Paulo-SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário