quinta-feira, 7 de outubro de 2010

MISTICISMO RELIGIOSO NO CONTEXTO DA IGREJA


Como bem falou o grande “príncipe dos pregadores”, o grande C. H. Spurgeon, a mais de cem anos: “A apatia está por toda à parte. Ninguém se preocupa em verificar se o que está sendo pregado é verdadeiro ou falso. Um sermão é um sermão, não importa o assunto”. Esta ainda é a realidade de muitas igrejas em nosso século.

O QUE É MISTICISMO? Esta palavra pode significar muitas coisas dependendo do contexto que está inserida. Por exemplo: Se alguém gosta de orar muito ou de buscar de maneira enfática o poder de Deus, ele é denominado por alguns de místico. Vejamos uma definição de misticismo:

Aurélio: Misticismo: 1. Crença ou doutrina religiosa dos místicos; 2. Disposição para crer no sobrenatural. Místico: 1. Misterioso e espiritualmente alegórico ou figurado. 2. Relativo à vida espiritual e contemplativa; 3. Religioso; 4. Aquele que procura atingir o estado extático de união direta com a divindade.
Misticismo: Conjunto de normas e práticas quem tem por objetivo alcançar uma comunhão direta com Deus. O problema que os místicos sempre exaltam a experiência em detrimento a Palavra. É a atitude da pessoa que deposita sua confiança em algo que não existe, ou, mesmo que exista, é ineficaz. Exemplos: orixás, iemanjá, ninfas, duendes, ídolos, amuletos, simpatias, água benta, óleo ungido, galho de arruda e sal grosso. Seu nome deriva do termo grego “mystikós”, relativo aos mistérios. Estes eram religiões herméticas, somente reveladas aos iniciados, que deviam fazer voto de guardar total silêncio a seu respeito. Na Grécia antiga, conhece-se os mistérios de Elêusis e de Dioniso como seus principais representantes. O adjetivo “mystikós” deriva do verbo “mio”, que significa fechar; mais especificamente, fechar os olhos, porta de entrada do mundo sensível, para que se torne possível o acesso a uma experiência de ordem anímica ou espiritual; e fechar a boca, para que esta não procure falar disso que, em sua essência, manifesta-se como indizível. Em sentido amplo, podemos considerar a mística como a irrupção do absoluto dentro da vida humana. Para a filosofia neoplatônica, a mística é a atividade que conduz ao contato direto entre a alma individual e seu fundamento divino. Este contato possui o caráter de participação da alma em Deus. Para isso, é preciso deixar de lado a realidade sensível, uma vez que Deus é intelecto puro, sendo a alma, de caráter inteligível, a única via de acesso a Ele.
A mística neoplatônica influenciou marcadamente o pensamento de vários filósofos e teólogos da Idade Média, de modo a que se constituísse, assim, uma mística cristã medieval. A mística é trabalhada pelos pensadores alexandrinos, em especial Orígenes e São Clemente, em relação à história da salvação por Cristo e à experiência de apreensão da Unidade Trinitária de Deus. Também no gnosticismo ela se faz presente. Os Pais da Igreja alargam esta noção, denominando místico todo o conhecimento da realidade divina, cujo acesso é facultado através de Cristo. Santo Agostinho a define como uma iluminação da alma pela luz procedente de Deus. Entre os séculos XI e XIV, ela aparece como contraposição à tendência excessivamente racionalista da teologia e filosofia escolástica. No século XVI, a mística volta a ser intensificada, especialmente na Espanha, através de São João da Cruz e de Santa Teresa d‟Ávila.
Além dos acima citados, os principais representantes do pensamento místico no Ocidente são Fílon, Dionísio Aeropagita, São Bernardo, São Boaventura, João Gerson, Mestre Eckhart, João da Bohêmia, João Ruysbroek, Angela de Foligno e Ângelo Silésio.

MISTICISMO MODERNO: O problema é que quase sempre, os místicos são induzidos a prescindir da Bíblia e se basear apenas em suas experiências. Este é um dos grandes problemas dos neopentecostais, pois eles colocam suas experiências acima da Bíblia e dão a ela uma interpretação particular fora dos recursos hermenêuticos.
O Misticismo neopentecostalista é a mistura de figuras, objetos e símbolos para representarem elementos espirituais. Eles tomam figuras do Antigo e Novo Testamento e as espiritualizam, transformando-as em "proteções" semelhantes às usadas pelas magias pagãs. E deste ato aparecem crentes com fitinhas no braço, com medalhas de símbolos bíblicos, ungindo portas e janelas com azeite, colocando sal ao redor da casa para impedir a entrada de maus espíritos; outros bebem copos de água abençoada, usam óleos consagrados em Jerusalém, guardam gravetos que misteriosamente aparecem brilhando nos montes, ungem roupas para libertar as pessoas e etc.
As magias pagãs estabelecem como pontos de contatos objetos tais como amuletos, talismãs, patuás, cristais, pedras e coisas para "proteção". O problema é que tais pessoas acabam baseando sua fé em objetos. Estamos vendo novamente a famigerada doutrina da Idade Média das indulgências, só que agora no meio evangélico. A bênção é comprada. Quando mais dá, mais bênção. Hoje em dia, estão sendo chamadas de correntes místicas todas as crenças em seres intermediários, sejam anjos, demônios do bem e do mal, forças ocultas e todos os poderes que podem interferir no cotidiano das pessoas e que têm que ser dominados e controlados. Este tipo de misticismo poderia englobar as correntes da Teologia da Prosperidade e da Nova Era.
Essa tendência pode ser vista no número cada vez maior de pessoas que acreditam em uma revelação especial fora da Bíblia, que buscam nortear-se por sonhos e visões e não pela Palavra de Deus. Com a perda crescente dessa norma objetiva como regra de fé e prática a tendência é buscar o subjetivismo e emocionalismo. Cada um passa a crer naquilo que os grupos têm experimentado, e por isso o testemunho de experiências sensacionais vai cada vez mais substituindo o lugar da pregação da Palavra de Deus no culto.
É uma prática usada por várias seitas. Por exemplo: A ROSA-CRUZ. Utiliza-se de objetos em suas práticas ocultistas tais como: incenso, estátuas, toalhas, aventais, bandeiras, decalques, discos, fitas K-7; publicações como monografias, de vários graus, enviadas pelo Correio para os membros do Sanctum da Grande Loja. Promete desenvolver o poder da vontade; manter a saúde; superar hábitos maus, atingir uma conscientização cósmica; mudar o ambiente; superar o complexo de inferioridade; decifrar antigos símbolos.
O Misticismo tem estado presente em todas as épocas da humanidade. O Evangelho e as cartas de João e Colossenses foram escritos para combater o pensamento gnóstico que era cheio de misticismo (Cl 2.16-23). O Misticismo está intimamente ligado ao panteísmo (tudo é Deus e Deus é tudo). Nos Estados Unidos houve um movimento chamado Transcendentalismo que foi influenciado pela filosofia Hindu, paralelamente a isso foi fundado o movimento teosófico por Helena (Madame) Blavatsky, escritora russa. Paralelamente surgiu a Ciência Cristã. O que eles tinham em comum?
A idéia de que o homem deve desenvolver a sua divindade. Se descobrir o pleno poder que existe dentro deles. Tendo o poder sobre a enfermidade, dos problemas etc. Essek Kenyon, pastor evangélico, estudou numa das escolas da Ciência Cristã. Começou a pregar que nós somos pequenos deuses, que temos o poder de criar a realidade pelo que nós dizemos. Ele discipulou pela sua literatura Kenneth Hagin que introduziu grandes heresias dentro da igreja evangélica. No Brasil, a literatura de Hagin foi introduzida por R. R. Soares.

“HERESÍAS DENTRO DAS IGREJAS”
“Se existe algo que a história nos ensina, este ensino é que os ataques mais devastadores desfechados contra a fé sempre começaram com erros sutis surgidos dentro da própria igreja”. – John F. MacArthur Jr.
• ORAÇÃO MÍSTICA: R. R. Soares disse certa vez: "Nunca ore dizendo; Faça a tua vontade". Paul (David) Yonggi Cho, especificando seus pedidos sobre a escrivaninha, bicicleta e a cadeira de rodas, disse: “Depois que aprendi a especificar os meus pedidos, eu não tive mais medo de Deus errar na entrega". No entanto, veja estas passagens: Sl 94.10; Is 29.16 e Mt 6.8.
Resposta Bíblica. Contradizendo o que esses pregadores ensinam veja os seguintes exemplos: O pedido de Moisés (Dt 3.23-27), o espinho na carne de Paulo (2Co 12.7-10) e o próprio Jesus (Mt 26.39). O conselho de Tiago (4.13-16) A galeria dos heróis da fé (Hb 11.32-40). A Falácia do "Há poder em suas palavras" (até para criar) Exemplos bíblicos: Jacó (Gn 42.36); Davi (1Sm 27.1); os jovens na fornalha (Dn 3.17,18) e o pai do jovem lunático (Mc 9.23,24). Todos cristão, por mais fiel que possa ser, sempre passará por tribulações.
Usam palavras mágicas, é o “abracadabra” da fé. Não é preciso pedir e sim exigir. Jesus não só nos ensinou a orar: ... seja feita a tua vontade (Mt 6:9 e 10), como também pôs em prática o que ensinou: ... todavia, faça-se a tua vontade ... (Mt 26.42). Pronunciar uma frase por deliberação própria e dar a entender que está autorizado por Deus, sem, na verdade, estar, é enganar o rebanho do Senhor. Deus não opera onde há engano; não compactua com enganadores e não terá por inocente aquele que tomar seu nome em vão (Êx 20.7).
• HINOS ESTRANHOS E SEM CONTEÚDO: Devemos oferecer a Deus um culto racional – Rm 12.1-2. A música está sendo usada para animar os crentes. Há um triunfalismo exarcebado. A verdadeira adoração é voltada para Deus, nunca para o homem. O louvor místico não é adoração a Deus, mas instrumento de psicologia humanística. Quase não há hinos que exaltem a Pessoa de Deus.
Onde está a Cruz em nosso meio? Os grandes temas e mensagens de hoje são: “Você pode!”; “Você tem poder!”; “Você faz e acontece!” Além disso, você é que diz se pode liberar, soltar, prender e conquistar. É o homem, mediante fé na fé, que obriga Deus a agir. O sangue de Jesus virou uma confissão positiva-mágica, para ser usada antes de um tá amarrado! Assim, o sangue de Cristo não purifica mais todo o pecado, mas virou palavra de ordem para amarrar o pecador. O grande problema é que o fogo divino depende de Deus e o fogo humano é produzido a qualquer hora, circunstância e empolgação. “Emoções fortes despertadas durante o culto não constituem necessariamente uma evidência de que houve verdadeira adoração” – John MacArthur Jr.
• OS CRENTES NÃO PODEM ADOECER: Os pregadores da fé afirmam que tanto a salvação quanto à cura física estão totalmente garantidas em Is 53.4,5. Veja Mt 8.14-17 e 1Pe 2.24. Ora, em Mt 8.14-17, Jesus ainda não havia morrido. Assim, o que Mateus quis dizer é que dentre as atribuições do Messias, uma delas seria curar os enfermos. Quanto ao texto de 1Pedro 2.24, podemos ver que o apóstolo aplicou a passagem de Isaías 53 para se referir ao pecado e não à enfermidade física. Deus cura sempre? A enfermidade de Timóteo (1Tm 5.23), de Trófimo (2Tm 4.20) e de Epafrodito (Fp 2.25-30). O espinho na carne do apóstolo Paulo (2Co 12.7-10). Veja Gl 4.13-15; 6.11 e At 23.1-5. A morte do profeta Eliseu (2Rs 13.14-21). Devemos nos lembrar que há uma cura melhor que a do corpo, é a cura da alma. Tenhamos mais medo do pecado que dos sofrimentos.
• PROFETISMO SEM BÍBLIA: Escutamos frequentemente: “Eu profetizo!”; “Profetize pra seu irmão”. A Bíblia ensina que a profecia não depende do "EU" querer: “... porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirado pelo Espírito Santo”. (2Pe 1:21). É bom observarmos que os homens santos de Deus também não usaram essa frase; ao contrário, quando profetizaram, disseram: “Assim veio a mim a palavra do Senhor...” (Jr 1.4); “Assim diz o Senhor...” (Jr 2.5; Is 56:1; 66.1); “Ouví a palavra do Senhor...” (Jr 2.4); “E veio a mim a palavra do Senhor” (...) “disse o Espírito Santo...” (At 13:2); “...Isto diz o Espírito Santo...” (At 21.11); “Mas o Espírito expressamente diz...” (1Tm 4.1). Em todos os casos, não aparece o "EU", aparece a pessoa divina.
Outro fator a pensar é este: As pessoas que profetizam bênçãos não esclarecem que tipos de bênçãos. As profecias bíblicas sempre especificaram que tipo de bênção ou de juízo sobreviria ao povo. Mas, hoje, é só isto: "Eu te abençôo". É um procedimento totalmente fora da palavra de Deus. Deus é quem abençoa.
• EXALTAÇÃO DO HOMEM: Algumas pessoas dizem: “Eu não quero saber o que a Bíblia dia, eu quero saber o que Kenneth Hagin diz”. O homem é o centro das atenções. O culto é preparado para ele. Os louvores, a pregação “positiva”. "Muitos vêm ouvir a Palavra somente para satisfazer seus ouvidos; eles apreciam a melodia da voz, a doçura suave da expressão, a novidade do conceito (At.17:21). Isso é amar mais o enfeite do prato do que o alimento em si; isso é o mesmo que desejar mais agradar a si mesmo do que ser edificado. É o mesmo que uma mulher que pinta o seu rosto e se esquece de sua saúde". Thomas Watson.
• ÊNFASE DEMASIADA NO MINISTÉRIO DOS ANJOS: A Nova Era fala também sobre o ministério dos anjos. Em nenhum lugar das Escrituras somos ensinados que podemos mandar nos anjos. Hoje existe até a troca do anjo. Os anjos estão sob a autoridade exclusiva do Senhor.
• INTERPRETAÇÕES E PREGAÇÕES MÍSTICAS: Alguns dizem que existe um sentido oculto que só pode ser alcançado pelas pessoas especiais. As pessoas dizem: “Eu quero dizer uma coisa que não está revelada na Bíblia, pois Deus me revelou nesta noite”. Ignoram as regras de Hermenêutica e Exegese. Afinal, “Deus dá na hora”. As pregações de hoje são mais de auto-ajuda do que a ministração do alto. “A demanda gera o suprimento. Os ouvintes convidam e moldam os seus próprios pregadores. Se as pessoas desejam um bezerro de ouro para adorar, o ministro „que fabrica bezerros‟ logo é encontrado” – John MacArthur Jr.
• USO DE CHAVÕES: Chavões tais como: “Eu declaro”, “Eu ordeno”, “Eu profetizo”, "Eu decreto", são pronunciados sem a menor reflexão ou sentido de responsabilidade. Os crentes e, infelizmente, muitos líderes, comportam-se como se fossem Deus; colocam o "EU" na frente e soltam palavras que não fazem parte das alianças divinas, das promessas divinas, dos oráculos divinos, dos estatutos divinos, da graça divina, da misericórdia divina, do amor divino. Falam da forma como Deus não mandou falar, declaram o que Deus não mandou declarar. “Eu declaro”, “Eu ordeno”, “Eu profetizo”, "Eu determino" são expressões despidas da espiritualidade ensinada na palavra de Deus; são frases que revelam a altivez do coração humano, são palavras que, por não terem respaldo bíblico, não mudam situação alguma. Veja o assunto: “Existe realmente poder em nossas palavras?”, na página 32.
“Toma posse da bênção”. Comparando isso com o procedimento de Jesus e dos apóstolos, afirmamos que é errado usar o termo "Toma posse da bênção" como meio de termos as bênçãos divinas concretizadas em nossa vida. Os discípulos e o próprio Jesus nunca cometeram esse tipo de equívoco, pois, em lugar de dizerem: "Toma posse da bênção”, eles disseram: “...se tu podes crer; tudo é possível ao que crê” (Mc 9.23); “...Tende fé em Deus...” (Mc 11.22), “...grande é a tua fé!...” (Mt 9.28) “...Seja-vos feito segundo a vossa fé” (Mt 9:23); “Em nome de Cristo, o nazareno, levanta-te e anda...” (At 3:6). Assim, em vez de as bênçãos serem direcionadas para o homem, a palavra de Deus ensina as pessoas a direcionarem suas esperanças para Deus, através da fé. Alguns pregadores, como Lutero, falam em “tomar posse” mas num sentido muito diferente dos pregadores hodiernos.
• FALSIFICAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS: É “fogo estranho”. Levítico 9:1-24; 10:1-3. Podem-se encontrar incensários à venda, fogo em pacotinhos, se você quiser. Ninguém faz esta avaliação, ninguém pondera sobre estes sistemas, ninguém questiona nada, o que interessa é fazer o povo feliz e deter o controle e o poder. Que tipo de espiritualidade nós queremos? – Gl 3:3. Alguns dizem: - Está sob o nosso controle: a gente faz dançar, a gente faz pular, a gente faz chorar, se o Espírito não derrubar não faz mal não, a gente dá uma pernadinha e o irmão cai; uma tapa na testa e pronto, tá resolvido. É isto que o povo quer, é de espetáculo que o povo gosta, é novidade que mantém o interesse da Igreja. A diferença entre a chama divina e o fogo estranho é a de que a chama divina está no controle soberano de Deus. Fala-se hoje de “Tapete de Fogo”; “Metralhadora do Espírito”; “Granada do Espírito”; “Vassoura de Fogo”; “Unção do Riso”; “Cola do Espírito Santo”.
• USO DE AMULETOS: Um amuleto é um objeto de superstição. Pode ser descrito como: “um objeto no qual está escrito uma fórmula de encantamento ou sobre a qual se recitou um encantamento, com o fim de proteger a pessoa que usa contra perigos, doenças, demônios, fantasmas, magia negra, e para trazer boa sorte e fortuna”. (Frank Gaynor. Ed. Dictionary of Mysticism. Nova Yorque. Citadel Press. sd.pp.10).
O uso dos elementos mágicos dos cultos e das superstições populares do Brasil, entre eles o sal grosso (para afastar maus espíritos), a rosa ungida (usada nos despachos e nas oferendas a Iemanjá), a água fluidificada (usada por credos espiritualistas a fim de trazer a influência espiritual para o corpo humano), fitas e pulseiras (semelhantes na sua designação às fitas do chamado Senhor do Bonfim), o ramo de arruda (usado para afastar coisas más) e uma quantidade enorme de apetrechos aos quais se emprestam supostos valores espirituais que podem ser passados por seus usuários.
No começo era a simples fé na oração, agora a mistificação de objetos. Na crença animista cada objeto possui uma alma, ou seja, é um ser espiritual. Atualmente alguns segmentos acreditam que uma vez que se unge alguma coisa, ela passa a ter poder, ou nos proteger como se fosse um espírito.
Ao aceitarmos o senhorio de Jesus, recebemos o Espírito Santo (1Co 6.19 Ef 1.13); nossos pecados são perdoados (At 10.43; Rm 4.6-8); somos recebidos como filhos de Deus (Jo 1.12); somos filhos, logo somos também herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo (Rm 8.17); passamos da morte espiritual para a vida espiritual (1Jo 3.14); somos novas criaturas (2Co 5.17); o Diabo se afasta e não nos toca (Tg 4.7; 1Jo 5.18); não estamos mais sujeitos às maldições (Jo 8.32,36); a salvação nos leva a um relacionamento pessoal com nosso Pai e com Jesus como Senhor e Salvador (Mt 6.9; Jo 14.18-23); estamos livres da ira vindoura (Rm 5.9; 1Tss 1.10; 4.16-17; Ap 3.10), além de outras bênçãos.

Pr. Antonio Pereira da Costa Júnior

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

PENTECOSTAIS COMO PRINCIPAL COMBUSTÍVEL DO FOGO DO INFERNO. PARTE 2


Quando há uma inexistência de uma verdade absoluta, a busca por respostas se torna uma questão infinita. Inundados por idéias de novas experiências que ensinam somente a pura procura do prazer e as soluções rápidas e superficiais, que parecem nunca saciar nossa sede, ficamos alienados. Ficamos totalmente viciados e dependentes em consumo de produtos, tecnologia, relacionamentos superficiais, etc...
Quando nos são oferecidos um cristianismo de consumo, uma indústria cristã de música e mídia, igrejas do dinheiro e das respostas fáceis, olhamos com desprezo dando o mesmo valor que damos ao resto. Com isso estamos levando o cristianismo como se leva uma mercadoria. Engolimos esse sapo com pouca água assim como mais um produto. Nada muda. Então, como a igreja pode cumprir a missão de proclamação do evangelho? Comunicando a verdade de forma genuína e radical, apresentando ao mundo as antigas doutrinas da graça assim como Nosso Senhor Jesus Cristo fez.
No artigo anterior vimos um grande montante de heresias no movimento pentecostal, que de maneira terrível têm contribuído muito para que essas notícias cheguem aos nossos ouvidos. Em alguns ramos desse movimento, o Senhor Jesus é levado como uma mercadoria para satisfazer seus desejos carnais e pecaminosos. Recentemente estive em um trabalho de implantação de igreja em uma cidade vizinha e pode perceber quanta heresia o movimento pentecostal tem produzido através de sua influência maligna em igrejas tradicionais e históricas.
O método de evangelismo é totalmente humanista, onde o Juízo de Deus é retirado da palavra, prejudicando o arrependimento tão necessário a conversão genuína do pecador. É por esses motivos que escrevo esse artigo para denunciar essas malditas heresias pentecostais que está alucinando até mesmo pastores com o apóstata movimento de “crescimento de igreja” e defender a fé reformada que também sofre um pouco com essas heresias. Nessa parte dois deste artigo, continuarei a tentar convencê-lo de que os pentecostais são o principal combustível do fogo do inferno.
Vamos começar por um ponto de bastante polêmica e muito discutido por diversos autores e teólogos, que é a questão do “Batismo com o Espírito Santo e com Fogo”.
“E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mateus 3:11).
Analisando com bastante cautela, tanto o texto como todo o contexto da narrativa bíblica poderá perceber que o discurso de João Batista usando a expressão “batizará com o Espírito Santo e com fogo” refere-se a dois batismos.
O batismo com o Espírito é para o trigo, ou seja, para aqueles que produziram, pela graça de Deus, frutos dignos de arrependimento, aqueles escolhidos de Deus para a salvação. O trigo é recolhido no Seu celeiro em virtude de ser algo muito valioso, muito precioso, pois são os salvos pela expiação de Cristo na cruz do calvário.
O batismo com fogo é para a palha, ou seja, para aquelas “árvores” que não produziram frutos,que são as pessoas que Deus, por sua soberana vontade, resolveu não amar e entregá-las aos seus próprios desejos carnais para a degradação do corpo, as quais serão cortadas e lançadas no lago de fogo. Assim, a palha será separada do trigo, ou seja, os ímpios dos bons, e será queimada no fogo que nunca se apaga.
Aqueles hereges pentecostais que persistem em afirmar que o “batismo com o Espírito Santo e com fogo” se refere a um só batismo, experimentado pelos crentes, costumam apelar apenas para Atos 2:3 como prova de sua teoria absurda. Contudo, lemos assim nesse verso: “Apareceram línguas como de fogo, pousando sobre cada um deles”. Uma leitura atenta desse texto poderá nos mostrar que as línguas eram COMO de fogo e não DE fogo, ou seja, elas tinham apenas aparência de fogo. Além do mais, não vemos este ato repetido em numa parte da Bíblia.
O Espírito tanto ilumina como purifica. Mateus 3:11 não se refere a esta obra purificadora nos crentes, mas ao juízo final preparado para os ímpios. Portanto, quero usar as palavras de um artigo que vi na internet de Felipe Sabino de Araújo Neto, onde ele cita as palavras de um puritano Dr. John Gill: “E como este sentido [o de julgamento para os ímpios] melhor concorda com o contexto, creio ser ele o genuíno; visto que João não está falando para os discípulos de Cristo, que ainda não tinham sido chamados, e que somente no dia de Pentecostes foram batizados com o Espírito Santo e com fogo, no outro sentido desta frase [no sentido de fogo como a obra da graça purificadora para os crentes – ver Isaías 6:6,7; Zacarias 13:9; Malaquias 3:3; 1 Pedro 1:7]; mas ele se dirigia aos Judeus, alguns dos quais tinham sido batizados por ele”.
Portanto, fugir dessas verdades seria profanar a Santa Graça de Deus concedida aos homens, tornando-os como principal combustível do fogo do inferno.

O CONHECIMENTO DE DEUS FULGE NA OBRA DA CRIAÇÃO DO MUNDO E EM SEU CONTÍNUO GOVERNO - JOÃO CALVINO


1. INESCUSABILIDADE DO HOMEM
Além de tudo isso, visto que no conhecimento de Deus está posto a finalidade
última da vida bem-aventurada, para que a ninguém fosse obstruído o acesso à feli-
cidade, não só implantou Deus na mente humana essa semente de religião a que nos
temos referido, mas ainda de tal modo se revelou em toda a obra da criação do
mundo, e cada dia nitidamente se manifesta, que eles não podem abrir os olhos sem
se verem forçados a contemplá-lo. Por certo que sua essência transcende a compre-
ensão, de sorte que sua plena divindade escapa totalmente aos sentidos humanos.
Entretanto, em todas as suas obras, uma a uma, imprimiu marcas inconfundíveis de
sua glória, e na verdade tão claras e notórias, que por mais brutais e obtusos que
sejam, tolhida lhes é a alegação de ignorância.
Daí, com mui procedente razão exclama o Profeta [Sl 104.2] que ele se veste de
luz como de um manto; como se quisesse dizer que a partir de então começara a
mostrar-se de forma insigne em ornato visível: desde o instante em que, na criação
do mundo, exibiu seus adereços, em virtude dos quais agora, quantas vezes volve-
mos os olhos para qualquer lado, sua glória nos é patente. Ainda nesta mesma pas-
sagem, com admirável arte, o mesmo Profeta compara os céus, como se acham
expandidos, a seu régio pavilhão; diz que nas águas fincou os vigamentos de suas
recâmaras; que as nuvens lhe são carruagens; que sobre as asas dos ventos cavalga;
que os ventos e os relâmpagos lhe são os mensageiros velozes. E visto que mais
plenamente nas alturas lhe refulge o esplendor do poder e da sabedoria, em várias
ocasiões o céu é chamado de seu palácio.
E, em primeiro lugar, para todo e qualquer rumo a que dirijas os olhos, nenhum
recanto há do mundo, por mínimo que seja, em que não se vejam a brilhar ao menos
algumas centelhas de sua glória. Nem podes, realmente, de um só relance contem-
plar quão amplamente se estende esta vastíssima e formosíssima engrenagem, que
não te sintas de todos os lados totalmente esmagado pela imensa intensidade de seu
fulgor.
Essa é a razão por que, com finura e arte, o autor da Epístola aos Hebreus [11.3]
chama aos mundos de expressões visíveis das coisas invisíveis, já que essa ordem


tão admiravelmente estruturada do universo nos serve de espelho em que podemos
contemplar ao Deus que de outra sorte seria invisível. Razão pela qual o Profeta
atribui [Sl 19.1] às criaturas celestiais uma linguagem desconhecida a toda e qual-
quer nação, visto que aí se patenteia com mais evidência a comprovação da divinda-
de do que deve escapar à consideração de qualquer pessoa, por mais retrógrada seja
ela. O Apóstolo, expondo isso mais explicitamente [Rm 1.19], diz haver sido reve-
lado aos homens o que se fazia necessário para o conhecimento de Deus, visto que
todos à uma contemplam suas coisas invisíveis, até seu eterno poder e divindade,
dados a conhecer desde a criação do mundo.
2. VISIBILIDADE DA SABEDORIA DIVINA
Inumeráveis são, tanto no céu quanto na terra, as evidências que lhe atestam a
mirífica sabedoria. Não apenas aquelas coisas mais recônditas, a cuja penetrante
observação se destinam a astronomia, a medicina e toda a ciência natural, senão
também aquelas que saltam à vista a qualquer um, ainda o mais inculto e ignorante,
de sorte que nem mesmo podem abrir os olhos e já se vêem forçados a ser-lhes
testemunhas.
De fato, quantos nessas artes liberais à farta se abeberaram, ou mesmo apenas
de leve as experimentaram, ajudados por sua contribuição, são levados muito mais
longe na penetração dos segredos da divina sabedoria. Todavia, ninguém, ao igno-
rá-las, é impedido de ver nas obras de Deus bastante ¬ e mais do que bastante! ¬ de
arte donde se possa arrojar-se à admiração do Artífice.
Sem dúvida que para investigar os movimentos dos astros, determinar-lhes as
posições, medir as distâncias, notar as propriedades, requer-se arte e a mais rigorosa
aplicação. Como, ao serem essas coisas perscrutadas, mais explicitamente se proje-
ta a providência divina, assim, para contemplar-lhe a glória, impõe-se à alma que se
eleve um tanto mais alto. Quando, porém, nem mesmo a pessoa mais simples e as de
cultura mais elementar, que foram ensinadas só pelo recurso dos olhos, não podem
ignorar a excelência da divina arte a revelar-se profusamente nesta incontável e,
além do mais, particularmente distinta e harmoniosa variedade da milícia celestial,
salta à vista que não existe ninguém a quem o Senhor não manifeste sobejamente
sua sabedoria.
De igual modo, perscrutar na estrutura do corpo humano, com essa perspicácia
que Galeno aplica, a correlação, a simetria, a beleza, o funcionamento, é tarefa de
exímia habilidade. E todavia, confessam-no todos, o corpo humano revela composi-
ção tão engenhosa que, à sua vista, com razão, quão admirável se julgará ser o
Artífice.