sexta-feira, 31 de julho de 2009

Entretenimento, uma estratégia do inimigo


Entretenimento, uma estratégia do inimigo
Archibald Brown
Cada época requer sua própria maneira de testemunhar. A sentinela que é fiel ao seu Senhor e à cidade do seu Deus precisa observar atentamente os sinais dos tempos e dar ênfase ao seu testemunho, de modo apropriado. Acerca do alerta que se requer no tempo presente, há bem pouca ou quase nenhuma dúvida. Na seara do Senhor, existe um mal tão grosseiro e tão atrevido em sua falta de pudor, que, dentre os homens espirituais, o de menor visão dificilmente deixaria de perceber.
Durante os últimos anos, este mal tem se alastrado de uma maneira fora do comum, mesmo para uma atividade maligna. Tem funcionado como fermento; e, até agora, a massa continua crescendo. Em qualquer direção que você olhe, a presença deste mal se faz manifesta. Há pouco, ou quase nada, a escolher entre as igrejas, capelas ou encontros missionários. Embora possam diferir em alguns aspectos, eles exibem uma semelhança impressionante nos cartazes que abarrotam seus quadros de avisos. Entretenimento para o público é a principal atração divulgada em cada cartaz. Se qualquer dos meus leitores duvidar de minha afirmativa ou considerá-la muito radical, que dê uma volta pelas igrejas da vizinhança e olhe no quadro de anúncios da semana; ou que leia as divulgações religiosas nos periódicos locais. Eu tenho feito isto vez após vez, até a total comprovação do fato terrível de que o entretenimento tem usurpado, como grande atração, o lugar da pregação do evangelho. Concertos, divertimentos, bazares, sociais, esquetes — são as palavras destacadas em letras grandes e cores surpreendentes. Os concertos musicais têm sido crescentemente considerados como parte integrante da vida da igreja, equiparando-se à reunião de oração, e, na maioria dos lugares, têm sido bem mais freqüentados do que esta.
A menos que se levantem algumas vozes firmes que se façam ouvir, o provimento de recreação às pessoas logo será visto como uma parte necessária do culto cristão e como uma obrigação para a igreja de Deus, à semelhança de um mandamento divino. Não presumo ser uma dessas vozes, mas nutro a esperança de poder despertar outras que ecoem mais alto. De qualquer forma, repousa sobre mim o peso do Senhor quanto a este assunto, e submeto a Ele o fazer repercurtir o meu testemunho ou o deixá-lo evaporar em silêncio. Em ambos os casos terei cumprido o meu dever. Contudo, minha mente se enche da convicção de que, em todos os lugares, existem homens e mulheres fiéis que enxergam o perigo e o lamentam. Estes apoiarão meu testemunho e minha advertência.
Só durante os últimos anos o entretenimento tem se tornado uma reconhecida arma de nosso combate e se desenvolvido a nível de missão. Neste aspecto tem ocorrido uma constante decadência. Partindo de uma posição contrária, como a dos Puritanos, a igreja vem amenizando, gradualmente, suas objeções, ignorando e justificando as frivolidades diárias. Então, elas têm sido toleradas no meio cristão, que agora as adotou e providenciou-lhes lugar em suas atividades, sob o pretexto de alcançar as massas e aproximar-se dos ouvidos do povo. Poucas vezes o diabo tem feito coisa mais esperta do que dar à igreja de Cristo a sugestão de que parte de sua missão é prover entretenimento, com o objetivo de atrair pessoas às suas fileiras. A natureza humana, que habita em cada coração, tem mordido a isca. Eis, agora, uma oportunidade de se gratificar a carne e, ainda assim, manter uma consciência tranqüila. Pode-se, agora, agradar a si mesmo, com a finalidade de fazer o bem a outros. A rude e antiga cruz já pode ser trocada por roupas da moda, e isto com o propósito benevolente de edificar as pessoas. Tal quadro é muito entristecedor, e ainda mais porque pessoas verdadeiramente sinceras têm sido levadas pelo pretexto ilusório de que esta é uma forma de serviço cristão. Elas se esquecem de que um anjo de aparência bela pode ser o próprio diabo, “porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz” (2 Co 11.14).
Minha primeira argumentação é que em nenhum lugar das Sagradas Escrituras é mencionado que uma das funções da igreja é prover entretenimento ao povo.
Mais adiante, veremos quais são seus deveres, mas no momento estamos tratando do lado negativo da questão. É certo que, se o nosso Senhor tivesse planejado que sua igreja fosse provedora de entretenimento, para neutralizar a ação do deus deste século, dificilmente teria deixado de mencionar uma obra tão importante. Se este é um trabalho cristão, por que Cristo não fez ao menos uma alusão a ele? A ordem “ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15) é suficientemente clara. Se Ele tivesse acrescentado: “E providenciai entretenimento aos que não apreciam o evangelho”, teria sido igualmente claro. Contudo, tal complemento não é encontrado, nem qualquer expressão equivalente, em nenhuma das declarações do nosso Senhor. Este tipo de serviço parece não lhe ter ocorrido à mente. Em outra ocasião, Cristo, como Senhor ressurreto, deu à sua igreja homens com qualificações especiais para a continuação de sua obra, mas não mencionou qualificação alguma para o referido tipo de serviço. “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.11,12). Onde os entretenedores do público entram? O Espírito Santo se cala a respeito deles; e o seu silêncio é eloqüente.
Se prover recreação no culto faz parte do trabalho da igreja, certamente poderíamos encontrar alguma promessa bíblica para encorajá-la em sua laboriosa tarefa. Mas, onde encontrá-la? Há uma promessa sobre a Palavra: “A palavra... não voltará para mim vazia” (Is 55.11). Há uma declaração procedente de um coração exultante a respeito do evangelho: “É o poder de Deus” (Rm 1.16). Há, também, para o pregador do evangelho, a doce segurança de que ele é um aroma agradável a Deus (2 Co 2.15), quer seja bem-sucedido, quer não — a julgar pelo que o mundo considera ser sucesso. Há, ainda, a bem-aventurança aos que com seu testemunho, ao invés de entreterem o mundo, despertam sua ira: “Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mt 5.11,12). Os profetas foram perseguidos por que agradaram o povo ou por que se recusaram a entretê-lo? O evangelho do entretenimento não produz mártires. É inútil alguém procurar por uma promessa de Deus quanto à recreação [espiritual] para um mundo iníquo. Aquilo que não tem autoridade da parte de Cristo, nem qualquer apoio do Espírito ou promessa vinculada a si por intermédio de Deus, só pode ser uma atividade hipócrita, quando reivindica ser uma faceta do serviço do Senhor.
Continuando, prover entretenimento ao povo é algo diretamente antagônico ao ensino e à vida de Cristo e de seus apóstolos.
Qual deve ser a atitude da igreja em relação ao mundo, de acordo com o ensino do Senhor? Rígida separação e oposição inflexível. Se, por um lado, os lábios do Senhor jamais sugeriram o agradar o mundo, a fim de conquistá-lo, ou o adaptar métodos ao gosto dele; por outro lado, é constante e enfática sua exigência de desapego ao mundo. Ele apresentou de forma objetiva o que os seus discípulos deveriam ser: “Vós sois o sal da terra” (Mt 5.13). Sim, o sal! — não o algodão doce ou bolo com recheio de creme, mas algo que o mundo estaria mais disposto a cuspir do que a engolir com satisfação. Algo mais propenso a trazer lágrimas aos olhos do que riso aos lábios.
As declarações são curtas e penetrantes: “Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus” (Lc 9.60); “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia” (Jo 15.19); “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33); “Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo” (Jo 17.14); “O meu reino não é deste mundo” (Jo 18.36).
É difícil serem conciliadas estas passagens com a idéia moderna de que a igreja deve prover entretenimento aos que não têm inclinação para as coisas mais sérias — em outras palavras, agradar o mundo. Se esses textos trazem quaisquer ensinamentos, não são outros senão estes: que a fidelidade a Cristo suscitará a ira do mundo e, que Cristo tencionava que seus discípulos compartilhassem com Ele o escárnio e a rejeição do mundo. Como Jesus agia? Quais eram os métodos da única testemunha perfeitamente fiel que o Pai já teve?
Visto que ninguém questionará que Jesus tinha como alvo o ser modelo para seus servos, vamos observá-Lo mais demoradamente. Como é significativo o relato introdutório dado por Marcos! “Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o Evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no Evangelho” (1.14,15). No mesmo capítulo, respondendo ao aviso dado pelos discípulos de que todos O buscavam, nós O encontramos, dizendo: “Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim” (v. 38). Em Mateus, nós lemos: “Ora, tendo acabado Jesus de dar estas instruções a seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar, nas cidades deles” (11.1). E, em resposta à pergunta de João — “És tu aquele que estava para vir?” (Mt 11.3) — Ele disse: “Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho” (Mt 11.4,5). Não faz parte deste relatório qualquer item do tipo: Os desinteressados recebem entretenimento, e os que estão perecendo são providos de recreação inocente.
Não somos deixados em dúvida quanto à substância de sua pregação, pois lemos: “Muitos afluíram para ali, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra” (Mc 2.2). Não houve mudança na metodologia adotada pelo Senhor, durante o curso de seu ministério; nem veio Ele a aprender, pela experiência, um método melhor. Sua primeira ordenança aos seus evangelistas foi: “E, à medida que seguirdes, pregai” (Mt 10.7); e sua última ordem a eles: “Pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Evangelista algum jamais sugeriu que, em qualquer tempo de seu ministério, Jesus tenha deixado a pregação para entreter as pessoas, com o propósito de atraí-las. Ele tinha uma seriedade diligente, e assim era o seu ministério. Se tivesse sido mais flexível e inserido elementos atrativos em sua missão, Ele teria sido mais popular.
Contudo, na ocasião em que muitos de seus discípulos voltaram atrás, por causa da natureza penetrante de sua pregação, não observamos que houve qualquer tentativa de aumentar o número daquela reduzida congregação, valendo-se de algo mais agradável para a carne. Tampouco o ouvimos dizer: Precisamos manter a audiência, de qualquer maneira. Então, Pedro, corre em busca daqueles amigos e diz-lhes que amanhã teremos um tipo diferente de culto — uma reunião muito breve e atrativa, com pouca ou talvez nenhuma pregação. Hoje o culto foi dedicado a Deus, mas amanhã teremos uma noite agradável dedicada ao povo. Diz-lhes que certamente irão gostar e terão momentos aprazíveis. Vai, rápido, Pedro! Precisamos ganhar o povo a qualquer custo. Se não for pelo evangelho, então que seja pela tolice. Não! Não foi assim que Ele argumentou. Fitando com tristeza os que não quiseram dar ouvidos à Palavra, simplesmente voltou-se para os doze e lhes perguntou: “Quereis também vós outros retirar-vos?” (Jo 6.67).
Jesus sentia dó dos pecadores, apelava para eles, lamentava por eles, os advertia, pranteava por eles, mas nunca buscou diverti-los. Quando as sombras do entardecer da sua vida consagrada estavam se aprofundando na noite da morte, Ele reviu seu santo ministério e encontrou conforto e doce consolo no pensamento: “Eu lhes tenho dado a tua palavra” (Jo 17.14). Os discípulos agiram como o Mestre – o ensinamento deles é um eco do ensinamento de Jesus. Em vão estudaríamos as epístolas a fim de descobrir qualquer traço de um evangelho de entretenimento. O mesmo chamado para a separação do mundo está em cada uma delas. “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos” é a ordem em Romanos 12.2. “Retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras” (2 Co 6.17) é o chamado das trombetas ao coríntios. Em outras palavras, este chamado é: Retire-se – Permaneça fora – Mantenha-se limpo, pois “que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno?” (2 Co 6.14,15)
“Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo” (Gl 6.14). Aqui está o verdadeiro relacionamento entre a igreja e o mundo, de acordo com a epístola aos gálatas. “Portanto, não sejais participantes com eles” (Ef 5.7). “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as” é a atitude ordenada em Efésios 5.11. “Filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra da vida” são as palavras em Filipenses 2.15,16. “Mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo” diz a epístola aos Colossenses (2.20 - ARC).
“Abstende-vos de toda forma de mal”, é a exigência em 1 Tessalonicenses 5.22.
“Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor” é a palavra dada a Timóteo (2 Tm 2.21). “Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério” é a heróica intimação de Hebreus 13.13. Tiago, com uma dureza santa, declara que “a amizade do mundo é inimiga de Deus” (Tg 4.4). Pedro escreveu: “Não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento” (1 Pe 1. 14,15). João escreveu uma epístola inteira sobre o tema: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1 Jo 2.15-17).
Aqui estão os ensinamentos dos apóstolos quanto ao relacionamento da Igreja com o mundo. E ainda diante deles, o que vemos e ouvimos? Um compromisso amigável entre os dois e um esforço insano de trabalhar em parceria para o bem das pessoas. Deus nos ajude e dissipe a forte ilusão. Como os apóstolos faziam seu trabalho missionário? Em harmonia com seus ensinos? Deixemos que os Atos dos Apóstolos dêem a resposta.

A ausência de qualquer coisa que se assemelhe ao mundanismo dos dias de hoje é notável. Os antigos evangelistas tinham confiança ilimitada no poder do Evangelho e não usavam outra arma. O Pentecostes veio após uma pregação simples. Quando Pedro e João estiveram presos durante uma noite por pregar a ressurreição, a Igreja primitiva teve uma reunião de oração. Quanto à libertação deles, a petição oferecida foi: “Agora, Senhor... concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra” (At 4.29). Eles não tinham em mente orar: Concede aos teus servos mais criatividade, de maneira que pelo sábio e característico uso de passatempos, eles possam evitar a ofensa da cruz e mostrar docemente a essas pessoas quão contentes e alegres somos.
A acusação feita pelos membros do Sinédrio contra os apóstolos foi: “Enchestes Jerusalém de vossa doutrina” (At 5.28). Não há muita probabilidade desta acusação ser levantada contra métodos modernos. A afirmação: “Todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo” (At 5.42), descreve o trabalho dos apóstolos. Claramente, não cessavam de ensinar e pregar, não tinham tempo para organizar entretenimentos; eles se empenhavam continuamente “ao ministério da palavra” (At 6.4). Dispersos pela perseguição, os discípulos primitivos “iam por toda parte pregando a palavra” (At 8.4).
Quando Filipe foi à Samaria, houve motivo de “grande alegria naquela cidade” (At 8.8). O único método registrado é “anunciava-lhes a Cristo” (At 8.5). Quando os apóstolos visitaram o campo de trabalho de Filipe, foi dito: “Eles, porém, havendo testificado e falado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém e evangelizavam muitas aldeias dos samaritanos” (At 8.25). Quando acabaram de pregar, voltaram diretamente para Jerusalém. É evidente que durante sua missão, eles não pensaram em ficar e organizar umas noites agradáveis aos descrentes.
Naqueles dias, as congregações esperavam nada além da Palavra do Senhor. Cornélio disse a Pedro: “Estamos todos aqui, na presença de Deus, prontos para ouvir tudo o que te foi ordenado da parte do Senhor” (At 10.33). A mensagem dada foi sobre palavras “mediante as quais serás salvo, tu e toda a tua casa” (At 11.14). Causa e efeito estão proximamente ligados em Atos 11.20,21: “Alguns deles, porém, que eram de Chipre e de Cirene e que foram até Antioquia, falavam também aos gregos, anunciando-lhes o evangelho do Senhor Jesus. A mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor”. Aqui vemos o método deles – pregação. O assunto deles – o Senhor Jesus. O poder deles – a mão do Senhor ao seu lado. O sucesso deles – muitos creram.
O que mais a Igreja de Cristo precisa hoje?
O relato sobre o trabalho conjunto de Paulo e Barnabé é “o Senhor, ... confirmava a palavra da sua graça” (At 14.3). Quando numa visão, Paulo ouve um homem da Macedônia dizendo: “Passa à Macedônia e ajuda-nos” (At 16.9), ele indubitavelmente deduz que o Senhor o chamara a fim de pregar o Evangelho às pessoas daquele lugar. Por quê? Como ele soube se a ajuda necessitada era de iluminação para a vida deles por meio de um pouco de entretenimento ou o refinamento de seus costumes por meio de conhecimento fundamentado em diversão descompromissada? Ele nunca pensou em tais coisas. Passa e ajuda-nos! Significava para Paulo: Pregue o evangelho. “Paulo, segundo o seu costume, ali entrou, e por três sábados discutiu com eles, tirando argumentos das Escrituras” (At 17.2 - Tradução Brasileira). Perceba: eles discutiam não sobre as Escrituras, e sim tiravam argumentos delas, “expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos...” (At 17.3). Esta era a forma do trabalho evangelístico naqueles dias e parece ter sido maravilhosamente poderosa, pois o veredicto das pessoas foi: “Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui” (At 17.6). Atualmente, o mundo está transtornando a igreja; esta é a grande diferença.
Quando Deus disse a Paulo que tinha muita gente em Corinto, lemos: “E ali permaneceu um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus” (At 18.11). Evidentemente, Paulo concluiu que a única forma de liderá-los era pela Palavra. Um ano e meio e apenas um método adotado. Maravilhoso! Se estivéssemos naquela época, provavelmente teríamos uma dúzia! Mas Paulo nunca considerou como parte de seu ministério o arranjar coisas agradáveis aos incrédulos. Em seu aprisionamento e enquanto viajava para Jerusalém, ele disse: “Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (At 20.24). Este era todo o ministério que ele conhecia. A última descrição que temos dos métodos deste príncipe dos evangelistas revela concordância com tudo que aconteceu antes: “Desde a manhã até à tarde, lhes fez uma exposição em testemunho do reino de Deus, procurando persuadi-los a respeito de Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos profetas... pregando o reino de Deus, e, com toda a intrepidez, sem impedimento algum, ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo” (At 28.23,31). Que contraste com todo o lixo e absurdo agora praticado no santo nome de Cristo! Que o Senhor limpe a igreja de todo entulho que o demônio tem imposto sobre ela e nos traga de volta a métodos apostólicos!
Por último, a missão do entretenimento falha absolutamente em efetuar o fim desejado entre os não-salvos e causa estragos entre os recém-convertidos.
Mesmo que tal missão fosse bem-sucedida, seria nada menos que errada. O sucesso pertence a Deus; fidelidade às instruções dEle cabe a mim. Mas a missão do entretenimento não é bem-sucedida. Teste-a pelos resultados e descobrirá uma desprezível falha. Que seja usado o método provado pelo fogo; o veredicto será a pregação da Palavra – que é o poder.
Mostre-me os convertidos ganhos pelo entretenimento! Comece com as meretrizes e bêbados, com os quais o divertimento foi o primeiro passo rumo à conversão deles! Deixemos que falem e testifiquem os zombadores e negligentes, que agradecem a Deus pela igreja ter abrandado seu espírito de separação e servi-los mesmo no meio de seu mundanismo. Deixemos expressar sua alegria, os esposos, esposas e filhos que por conta das Palestras Dominicais sobre Questões Sociais regozijam-se em um novo e santo lar. Que as almas cansadas e sobrecarregas que encontraram a paz através de concertos musicais não mais permaneçam em silêncio. Deixemos os homens e mulheres que encontraram Cristo através de uma reversão dos métodos apostólicos declararem e mostrarem a grandeza do erro de Paulo, quando disse: “Decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1 Co 2.2). Não há voz ou qualquer outra coisa para responder a estes desafios. A falha é equivalente à insensatez e é tão grande como o pecado. Dentre os milhares com quem tenho conversado pessoalmente, a missão do entretenimento não levou à conversão verdadeira.
Agora observemos aqueles que, repudiando qualquer outro método, apostam tudo na Bíblia e no Espírito Santo. São desafiados a produzir resultados, mas não há necessidade. A aprovação de Deus é atestada pela transformação de vidas. Por dez mil vezes, dez mil vozes estão prontas a declarar que a simples pregação da Palavra foi, em primeiro e último lugar, a causa de sua salvação.
E quanto ao outro lado da questão – quais os efeitos nocivos? Também são insignificantes? Aqui darei meu testemunho tão solenemente como se estivesse diante do Senhor. Por meio desse novo procedimento é difícil ver um pecador salvo, e sim apóstatas. Repetidamente, crentes jovens e às vezes aqueles mais experientes chegam até mim em lágrimas e me perguntam o que fazer, porquanto perderam toda paz e caíram em pecado. Muitas vezes tem sido feita a confissão: Eu comecei a pecar ao freqüentar encontros de divertimentos mundanos patrocinados por cristãos. Recentemente, um jovem de alma agonizante me disse: Eu nunca pensei em ir ao teatro até que, numa pregação, meu pastor convenceu-me o coração de que não havia mal em ir. Fui e tenho estado de mal a pior. Agora sou um miserável apóstata, e ele é o responsável.
Quando jovens convertidos começam a esfriar, abandonam as reuniões de oração e tornam-se mundanos, quase sempre descubro que o cristianismo mundano é o responsável pelo primeiro passo decadente. O entretenimento é usado pelo diabo como meio-caminho para o mundo. Por causa do que vi, escrevo, de bom grado, com intensidade e vigor. O entretenimento traz podridão à Igreja de Deus e destrói seu serviço ao Rei. Com aparência de cristianismo, tal método realiza o próprio trabalho do diabo. Sob o pretexto de sair a alcançar o mundo, ele carrega nossos filhos e filhas para o mundo. Com o apelo: não sejam as massas alienadas com a rigidez, ele está seduzindo os jovens discípulos “da simplicidade e pureza devidas a Cristo” (2 Co 11.3). Professando ganhar o mundo, ele está transformando o jardim do Senhor num parque de diversões. Para encher o templo com aqueles que não vêem beleza em Cristo, é colocado na entrada um porteiro cujo sorriso encobre espírito demoníaco.
Não é de admirar que o Espírito Santo, ferido e insultado, retire sua presença, pois “que harmonia, entre Cristo e o Maligno?... Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?” (2 Co 6.15,16)
“Retirai-vos do meio deles!” É o chamado de hoje. Santifiquem-se. Retirem o mal do seu meio. Derrubem os altares do mundo e destruam seus postes-ídolos. Recusem sua proposta de auxílio. Rejeitem a ajuda dele, assim como seu Mestre liquidou o testemunho dos demônios, “não lhes permitindo que falassem, porque sabiam quem ele era” (Mc 1.34). Renunciem todas as diretrizes do presente século. Pisem as armaduras de Saul. Agarrem-se à Palavra de Deus; confiem no Espírito que escreveu as páginas dela. Lutem sempre com esta arma e apenas com ela. Parem de entreter e de tentar estimular. Evitem aplausos de um auditório satisfeito e atentem para os soluços de um genuíno convertido. Desistam de tentar agradar a homens quem têm apenas um sopro entre sua alma e o inferno; e advirtam, supliquem e peçam como aqueles que sentem as águas da eternidade cobrindo-os. Que a igreja mais uma vez confronte o mundo; testifique contra ele; encontre com ele apenas atrás da cruz. E, assim como o seu Senhor, a igreja superará e com Cristo compartilhará a vitória.

Quem eram os puritanos?

O Puritanismo foi um movimento que surgiu dentro do protestantismo britânico no final do século 16. A Inglaterra estava separada da submissão papal, mas não da doutrina, liturgia, e ética católica. O rei inglês Henrique VIII por motivos pessoais, e não por convicção teológica liderou uma reforma política no Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales) que defendia o rompimento com a Igreja Católica Romana, vindo a originar-se a Igreja Anglicana. O monarca inglês faleceu e o seu filho, Eduardo VI, tornou-se rei em seu lugar. O jovem regente inglês possuía conselheiros influenciados pela Reforma protestante. Alguns teólogos e professores foram convidados para liderar a Reforma na Inglaterra. Entretanto, este projeto não foi adiante, pois o novo rei veio a falecer prematuramente. A sua irmã mais velha, Maria Tudor, a sangüinária, assumiu o trono ordenando a morte de todos os protestantes, prendendo e expulsando muitos outros do Reino Unido.
Em 1559, Elizabeth sucedeu à sua meia-irmã Maria Tudor. A nova rainha da Inglaterra era simpatizante da Reforma. Ainda em 1559, solicitou a revisão do Livro Comum de Oração, e editou em 1562, os 39 Artigos de Fé[1] como padrão doutrinário da Igreja Anglicana.[2] Autorizou a volta dos reformadores ingleses exilados. Todavia, os que retornaram estavam insatisfeitos com a lenta e parcial Reforma eclesiástica que Elizabeth estava realizando. Justo L. González comenta que os que foram expulsos “trouxeram consigo fortes convicções calvinistas, de modo que o Calvinismo se estendeu por todo o país.”[3] Eles haviam contemplado o que os princípios da Reforma poderiam fazer em outros países, agora estavam comprometidos em aplicá-los em sua terra natal.
Os que defendiam que a Igreja Anglicana carecia duma completa Reforma foram apelidados jocosamente de "puritanos". De fato, os puritanos acreditavam que a igreja inglesa necessitava ser purificada dos resquícios do romanismo. Eles clamavam por pureza teológica, litúrgica, e moral! Henrique VIII embora discordasse da Igreja Católica acerca dos seus divórcios, ele morreu sustentando o título de Defensor da fé Católica. Mas, os puritanos também ansiavam por mudanças litúrgicas, pois, mesmo a Inglaterra se declarando protestante, a missa ainda era rezada em latim, eram usadas as vestimentas clericais, velas nos altares, e o calendário litúrgico e as imagens de santos eram preservadas. Era uma incoerente ofensa aos reformadores ingleses.
A começar pela liderança da Igreja, a prática do evangelho não estava sendo observada. Os puritanos exigiam não apenas mudanças externas, religiosas e políticas, mas mudança de valores, manifesto numa ética que agradasse a Deus, de conformidade com a Palavra de Deus. Foi por causa deste último ponto que o apelido puritano tornou-se mais conhecido. Eles eram considerados puros demais, porque queriam ter uma vida cristã coerente com a Escritura!Infelizmente, uma caricatura horrível é feita deste movimento. Não poucas vezes os puritanos são criticados e mencionados com desdenho; entretanto, isto apenas evidencia a ignorância acerca da grandiosidade da obra e esforço destes homens e mulheres. Muitos perderam a sua vida por serem zelosos com o estudo e ensino das Escrituras Sagradas, por viver consistentemente o puro evangelho de Cristo![4]
O presbiterianismo é herdeiro direto deste movimento. Os Padrões de Fé de Westminster são produto da melhor erudição e piedade puritana do século 17. Os presbiterianos que migraram para os EUA, eram todos puritanos. A oração fervorosa, o culto sóbrio e equilibrado, o estudo da Escritura e a pregação da Palavra de Deus, tanto pelo ensino como pela prática de uma vida simples, eram marcas que distinguiam estes homens, que influenciaram o Cristianismo europeu e norte-americano, e que chegou até ao Brasil, através do missionário Rev. Ashbel G. Simonton.
Notas:
[1] Este documento doutrinário é essencialmente calvinista. Os 39 Artigos de Fé serviram para preparar a abertura de um processo de divulgação do Calvinismo na Igreja Anglicana que culminaria na Assembléia de Westminster (1643-1648), que produziu a Confissão de Fé e os Catecismos Breve e Maior. B.B. Warfield, Studies in Theology in: The Works of. B.B. Warfield, pp. 483-511.
[2] A maioria dos clérigos anglicanos relutam, ainda hoje, em adotar uma posição de consistência teologicamente calvinista. Em geral, os teólogos anglicanos adotam a Via Media, ou seja, eles tentam conciliar a teologia romana com a protestante, e formar um sistema doutrinário sincretista. Veja E.A. Litton, Introduction to Dogmatic Theology (London, James Clark &CO, LTD, 3ªed., 1960), pág. xi-xv. A liturgia anglicana ainda segue o The Book of Common Prayer (Livro Comum de Oração), embora dentro da Comunhão Anglicana cada Província é livre para alterar e adaptá-lo.
[3] Justo González, Visão Panorâmica da História da Igreja (São Paulo, Ed. Vida Nova, 1998), p. 70.
[4] Leitura indispensável sobre este movimento são as obras:
1. D.M. Lloyd-Jones, Os Puritanos - suas origens e seus sucessores (PES).
2. J.I. Packer, Entre os Gigantes de Deus - uma visão puritana da vida cristã (Editora Fiel).
3. Leland Ryken, Santos no Mundo - os puritanos como realmente eram (Editora Fiel).
Autor: Ewerton B. Tokashiki
Fonte: http://www.tokashiki.blogspot.com/

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A Tocha da Evangelização Levada pelos Puritanos

EU CONSEGUI ESSE ARQUIVO SOBRE OS PURITANOS E GOSTEI MUITO, E HOJE QUERO COMPARTILHAR COM TODOS QUE ABRAÇARAM A CAUSA DOS PURITANOS, OU SEJA, O EVANGELHO SEM ADIÇÕES OU SUBTRAÇÕES.

A Mensagem da Evangelização Puritana

A preocupação evangelística puritana
Quais os métodos que os puritanos usaram para comunicar a sua mensagem? Qual a disposição interior do evangelista puritano?
Ao analisarmos a mensagem da evangelização puritana, procuraremos cobrir pelo menos quatro características e, assim fazendo, procuraremos contrastar a evangelização puritano com a evangelização moderna.
Antes disso, quero, de forma sumária, definir o que entendo por puritano. Estou usando a palavra "puritano" no sentido geral da palavra, que inclui aqueles piedosos ministros e teólogos ingleses do século XVI e XVII, que estavam preocupados com uma vida pura de acordo com as doutrinas da graça soberana de Deus. Eles estavam preocupados com as seguintes áreas:
1. Com a manutenção do ensino das Escrituras e do pensamento reformado sadio.
2. Com a necessidade de desenvolver um padrão pessoal de piedade, conforme as prescrições das Escrituras, que flui do correto entendimento de doutrina, e que dá ênfase à conversão pessoal e se manifesta numa religião experimental resultante do poder transformador do Espírito Santo.
3. Com a necessidade de uma vida eclesiástica baseada nas Escrituras, onde o Deus triúno é adorado conforme as determinações de Sua Palavra.
Quando me refiro à evangelização puritana estou focalizando a proclamação que era efetivada pelos puritanos de todo o conselho de Deus como revelado em Sua Palavra. Percebe-se que a palavra Escritura está presente e inferida nos três itens. Por isso queremos considerar quatro características bem abrangentes da pregação puritana. Dentro de cada característica veremos o contraste com a evangelização moderna.

Característica da pregação puritana - contraste com a evangelização moderna
Em primeiro lugar, os puritanos, por serem profundamente embasados nas Escrituras Sagradas, apresentavam sermões extensamente baseados nas Escrituras. Para o puritano, o sermão nunca estava só ligado às Escrituras, mas ele saía e crescia de dentro da Palavra de Deus. Para o pregador puritano o texto não estava no sermão, mas o sermão estava no texto. Por isso, um velho membro de uma igreja puritana poderia dizer: "Ouvir um sermão, para mim, é como estar dentro da Bíblia".
Se você abrir um livro de sermões puritanos, encontrará de dez a quinze versículos citados em cada página, além de encontrar dez a doze referências textuais. Os pastores puritanos sabiam como usar suas Bíblias. Eles viviam e respiravam os textos da Palavra de Deus. Eles tinham centenas e até milhares de textos das Escrituras memorizados e sabiam como citá-los para os problemas da alma ou para qualquer outro problema pessoal. Eles usavam as Escrituras de forma sábia, não passando por elas de forma superficial, porém trazendo o texto e fazendo-o permanecer de acordo com a doutrina que estava sendo enfocada. Os sermões evangelísticos de hoje muitas vezes são perturbadores, não porque não citem as Escrituras, mas porque o fazem de modo repetitivo, superficial. Quando alguém saía da igreja, após um sermão puritano, nunca esquecia o texto que fora usado, pois aquele texto lhe fora colocado inteiramente aberto, tendo sido levado até o seu coração.
Hoje, na evangelização moderna, temos toda razão para ficarmos perturbados quando testemunhamos que há uma seleção muito pequena dos textos bíblicos utilizados, além de textos que são tirados do seu contexto bíblico. Nós pregadores sabemos que podemos citar uma porção de textos sem estarmos sendo bíblicos nestas citações. Uma seqüência de textos intercalados por anedotas não faz, de maneira alguma, com que um sermão seja bíblico em si.
Os puritanos acreditavam fortemente em Sola Scriptura. Você pode procurar nos seus escritos e sermões, qualquer história ou referência pessoal e não as encontrará. Pelo fato de pensarem que o púlpito era um lugar de grande importância, este não podia ser degenerado com uma pregação egocêntrica. Eles sabiam que só uma coisa pode salvar pecadores: o Espírito Santo ligando-Se à semente incorruptível da Palavra de Deus. Por isso a tarefa deles era exatamente expor a Palavra de Deus incorruptível, orando para que o Espírito a aplicasse aos corações dos ouvintes. Se estamos convencidos de que conhecemos bem as nossas Bíblias e abrirmos um livro puritano, logo ficaremos muito humilhados. Eles foram gigantes espirituais nas Escrituras e nós somos anões, pigmeus perante eles. Por isso é muito importante lermos os puritanos. Eles são nossos mentores para nos ensinar como usar a Bíblia de uma forma pastoral, evangelística e na nossa pregação. Você sem dúvida seria um evangelista mais sábio e útil se buscasse mais as Escrituras como faziam os puritanos. Ame a Palavra de Deus de maneira mais calorosa. Pesquise a Palavra de Deus em suas devoções pessoais. Busque a bênção de pensar biblicamente, de falar biblicamente, viver biblicamente e perceberá que sua palavra contém uma autoridade divina. Você não precisará persuadir as pessoas pela sua personalidade ou por você mesmo, mas a Palavra de Deus é que vai persuadi-las. A Palavra quando exposta, passo a passo, abre as Escrituras perante nós. Esse é o primeiro ponto da pregação puritana. Eram profundamente bíblicos.
Em segundo lugar, o pregador puritano era doutrinador. A mensagem puritana não pedia desculpas por apresentar doutrina. O puritano não temia pregar todo o conselho de Deus para o povo. Os puritanos achavam que você não podia contar uma história qualquer, sem que esta tivesse doutrina. Doutrina é simplesmente a apresentação das verdades de Deus trazidas das Escrituras numa forma que pode ser entendida e que se relaciona com as nossas vidas. Não diluíam suas mensagens com anedotas, humor, histórias triviais e levianas durante a pregação. Eram profundamente sérios, verdadeiros e austeros no púlpito, pois sabiam que ao chegar ali estariam lidando com verdades eternas e almas eternas. Sentiam a realidade solene do seu chamado divino. Pregavam a verdade de Deus como um homem que está morrendo para homens que estão morrendo.
Vejamos alguns exemplos:

1. Quando pregavam a doutrina do pecado tinham a coragem de chamar pecado de pecado mesmo. Eles pregavam o pecado como uma rebelião moral contra Deus, uma rebelião que traz um sentimento de culpa e, se não houver arrependimento e perdão, a conseqüência será a condenação eterna certamente. Pregavam a respeito de pecados específicos; pecados de omissão e pecados de comissão; pecados por palavras e ações; falavam do quanto foi horroroso o nosso pecado original em Adão e Eva; falavam à congregação que eles tinham um referencial muito ruim e um coração mal por natureza; que o homem natural não pode amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo; ensinavam de forma "aberta" que uma reforma, apenas externa na nossa vida, não é suficiente para salvação eterna; a reforma interna produzida pelo Espírito Santo é absolutamente necessária e por isso pregavam como aquela regeneração podia ser experimentada e então vivida.

2. Outro exemplo se vê na sua pregação. Pregavam de uma maneira muito forte a doutrina de Deus. A evangelização deles era construída em cima de forte base teísta; pregavam Deus no Seu ser majestoso e em todos os Seus atributos gloriosos. Não só deixavam Deus ser Deus, mas declaravam que Deus é Deus. Os puritanos colocavam Deus em uma posição bem elevada - como deve ser. Quando se aproximavam de Deus em oração não falavam com Ele como quem fala com o vizinho pela janela, ou como um vizinho que pode ajustar seus atributos de acordo com suas necessidades e desejos pessoais. O puritano sempre exaltou a majestade de Deus e, quando se aproximava de Deus, você podia perceber aquele sentimento profundo de reverência. O Deus que o puritano pregava era o Deus da Bíblia. Talvez um dos versículos mais importantes, na Bíblia, para um puritano, seria exatamente Gênesis 1:1 - "No princípio, Deus". E de Deus que emanam e se desdobram todas as coisas neste mundo. Todas as coisas são preparadas, iniciadas, projetadas e feitas para a glória de Deus!

3. A evangelização puritana também proclamava de forma completa e plena a doutrina de Jesus Cristo. Pregavam o Cristo integral para o homem integral. Recusava-se em separar os benefícios que advêm de Cristo, da própria Pessoa de Cristo. Um dos grandes puritanos, Joseph Alleine, em seu clássico livro originalmente intitulado, An Alarm to the Unconverted (Publicado no Brasil pela PES, como Um Guia Seguro para o Céu), disse que o ser de Cristo integral é aceito por aquele que é realmente convertido. Os verdadeiros convertidos não aceitam apenas as recompensas de Cristo, mas a própria obra de Cristo. Não amam apenas os benefícios de Cristo, e sim também o "fardo" de Cristo ("...tomai sobre vós o meu jugo..."). Amam não só tomar os mandamentos, mas também, a cruz de Cristo. Por outro lado, o falso convertido recebe Cristo pela "metade". Ele quer os privilégios de Cristo, porém não quer se inclinar diante do senhorio de Cristo. Ele divide os ofícios de Cristo e os benefícios de Cristo. Esse é o problema dos "crentes" de hoje.
Freqüentemente Jesus tem sido apresentado na evangelização de hoje como alguém que está aí para satisfazer todas as necessidades e desejos dos homens. Na pregação de hoje, Jesus é apresentado como alguém que não exige que o homem ofereça o seu coração completo e a sua vida completa. Quando os puritanos pregavam, instavam com os pecadores a se voltarem para Jesus e avisavam que eles precisavam avaliar o preço de seguir a Jesus, e o preço era perder a sua vida; morrer diariamente por amor a Cristo, negar-se a si mesmo, tomar a cruz e segui-lO. Os puritanos tinham horror àquilo que hoje é chamada "a graça barata", porque, na verdade, essa não é uma graça verdadeira. Graça barata significa que eu aceito Jesus na minha própria força; Ele reforma um pouco a minha vida por fora, porém eu continuo agindo com os princípios egocêntricos no meu ser interior. A graça barata me leva a pensar que, por um lado, eu tenho a Jesus, que estou a caminho para o céu, mas, por outro lado me permite continuar vivendo uma vida mundana. Na verdade, eu estou mesmo no meu caminho para o inferno. Os puritanos apresentavam Jesus como um Salvador completo para um pecador completo. Um puritano disse: "O pregador que é o seu melhor amigo, é aquele que vai dizer mais verdades sobre você mesmo". Eles não estavam preocupados em causar dano ao amor próprio dos ouvintes das suas congregações. Eles estavam mais preocupados com Cristo do que com os ouvintes. Estavam preocupados com a Trindade. O cristão encontra o seu amor próprio a medida que ele ama ao Pai que o criou, ao Filho que o restaurou através da cruz, e no amor ao Espírito Santo que mora nele e que faz com que sua alma e seu corpo sejam templo do Espírito Santo.

4. A doutrina puritana expandia e explanava com detalhes a doutrina da santificação. A vida inteira do crente era para ser colocada aos pés de Deus. Ele tinha que trilhar a vereda do Rei no caminho da justiça. Ele precisava conhecer a vida de uma forma experimental. Precisava conhecer essas "irmãs siamesas" que são, a vida e a experiência. Quando o ministro prega sobre santificação, você precisa saber o que está sendo requerido de sua parte. Você não pode entender estas coisas sem doutrina e isso nos traz à terceira característica da pregação dos puritanos.
Em terceiro lugar, destacamos que a pregação puritana era experimentalmente prática. A ausência de uma pregação experimental e prática é uma das grandes falhas no culto e na evangelização de hoje. O que significa uma pregação experimental? A palavra experimental vem da palavra experiência. Em termos de cristianismo, a religião experimental significa que a Palavra de Deus e suas doutrinas precisam ser recebidas não apenas na mente (os puritanos chamavam isso de conhecimento na cabeça, apenas), mas também precisam ser experimentadas e vividas no coração. Isso eles chamavam de "conhecimento do coração". Eles baseavam este tipo de ensinamento, por exemplo, em Provérbios 4:23: "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida".
Para os puritanos os pensamentos precisam fluir das Escrituras e as experiências do coração, fluem do ensino da doutrina e das Escrituras. Dessa forma, experiência não é alguma coisa mística, separada da Bíblia. Isso eles rejeitavam totalmente! Ao mesmo tempo, eles também rejeitavam completamente o tipo de religião que se satisfaz com o conhecimento apenas na cabeça, que é só racional. Estas doutrinas sobre as quais falamos resumidamente, a doutrina de Deus, de Cristo e do pecado, para os puritanos deviam ser tão reais quanto as cadeiras em que sentamos. Estas doutrinas precisam ser transformadas numa realidade que queime dentro de minha alma. Elas precisam influenciar toda a minha vida, todo o meu estilo de vida. Dessa forma, os puritanos acreditavam em viver, na prática, o que eles experimentavam. Sempre eles traziam suas experiências às Escrituras para terem a certeza de que estavam sendo totalmente bíblicos - até nas suas experiências. Para os puritanos, doutrina seria algo vazio se não fosse acompanhada pela experiência. Toda experiência verdadeira leva a uma experiência pessoal com Cristo. Por isso é necessária a pregação da Pessoa de Cristo e esta pregação será honrada pelo Espírito Santo, porque Ele toma estas coisas e as aplica aos pecadores.
Os puritanos, na sua pregação, incluíam o que chamavam de "marcas de um auto exame". Estas marcas de exame eram os sinais que distinguiam a Igreja do mundo. Distinguiam os verdadeiros crentes daqueles que eram crentes nominais ou apenas por professarem a fé. Os puritanos faziam distinção entre fé salvadora e fé temporária. Muitos livros têm sido escritos a respeito deste assunto. O mais famoso deles foi escrito por Jonathan Edwards: Afeições Religiosas. Também o livro de João Bunyan, O Peregrino, contém tais marcas. O que nós hoje, desesperadamente precisamos, é de uma volta a este estilo de evangelização reformado-puritano que sempre está pesquisando e sondando o coração. Os puritanos nunca diziam de uma forma "leviana" que os pecados do povo estavam perdoados, mas pregavam de forma profunda o que realmente o pecado é e como ele tem afetado as pessoas. Eles procuravam tirar do pecador todo o seu sentimento de justiça própria para, então, levá-lo ao Senhor Jesus Cristo.
Alguém disse que a religião da América, hoje, tem 2.000 km de comprimento por 3.500 Km de largura (essas são as dimensões do país), mas com uma profundidade de mais ou menos 12 centímetros, apenas! O problema, em todos os lugares no mundo, hoje, é que a evangelização freqüentemente começa num lugar errado. Poderíamos dizer muitas coisas sobre as diferenças entre a evangelização moderna e a puritana, em relação à experiência do povo de Deus. Pois bem, quero apenas destacar um ponto e este é a resposta a uma pergunta: quando olhamos atrás para a história da Igreja, e também na história bíblica, observando as épocas de avivamento verdadeiro, não produzido pelo homem, qual era o elemento evidente naquela época que hoje está claramente ausente? Respondemos sem hesitação que é a ausência de profunda convicção de pecado. Este é um grande problema nos nossos dias.

Convicção de pecado
Hoje há muito pouca convicção de pecado entre os não salvos. A maioria dos chamados "cristãos" contemporâneos vive de maneira tão descuidada em sua vida, que é muito difícil alguém diferenciá-los de homens não convertidos. O problema é que freqüentemente o pecado não é pregado como pecado para as pessoas; o horror do pecado não é enfatizado às pessoas. Isso nos leva a uma pergunta ainda mais profunda: por que as épocas de avivamento realizado pelo Espírito Santo foram períodos de profunda convicção de pecado? A resposta é que o Espírito Santo, como Jesus nos diz, vem para convencer do pecado, da justiça e do juízo. Assim, o convencimento do pecado é o caminho pelo qual Deus age para abrir espaço no coração do pecador. Quando o homem vê a realidade de Deus e a realidade do pecado contra Deus, ele se humilha até o pó. Só então, ele vai apreciar o que aquele Deus-homem, Jesus Cristo, fez por nós pecadores. Foi o que aconteceu com Isaías quando ele chegou à presença de Deus: "Ai de mim porque sou um homem de lábios impuros..." O mesmo aconteceu com Jó ao chegar à presença de Deus. Por cerca de quarenta capítulos no livro de Jó ele estava mais ou menos se defendendo, estava lutando para entender o que Deus havia feito com ele. Mas ao se sentir na presença de Deus, o Senhor Se tornou tão grande e Jó tornou-se tão pequeno, que perdeu todas as suas defesas. Então Jó falou: "Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso me abomino, e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42:5-6). Ele já havia ouvido falar de Deus antes, porém agora ele "viu a Deus", pela fé e perdeu tudo que estava do seu lado e se lançou como um pobre pecador, tão somente na misericórdia de Deus. É isso que está faltando na evangelização moderna. Não se vêem pecadores chegando até a cruz e clamando como aquele publicano que disse em sua oração: "Ó Deus, tem misericórdia de mim pecador".
Vocês vêem o que é realmente o pecado, e quem é Deus? Se assim acontecer seremos levados à cruz e, quando experimentarmos pela fé a beleza e plenitude de Cristo na cruz, não precisaremos de nenhuma explicação da parte de Deus por aquilo que Ele está fazendo em nossa vida. Nós nos inclinamos diante dEle e dizemos que seja feita a Sua vontade. Deus nunca explicou a Jó por que Ele fez tudo aquilo com sua vida. Entretanto, veio de Deus o poder para que Jó fosse justo aos Seus olhos.

Avivamento
Isso nos leva a outra questão. Se a falta de convicção de pecado é um problema tão sério, como pode esse tipo de convicção ser restaurado à Igreja hoje? Novamente aqui a história da Igreja nos dá uma resposta muito clara. O Espírito Santo encontra um homem caído, quebrantado; este homem chega diante da cruz e encontra a plenitude da salvação em Cristo Jesus, e o Espírito envia esse tipo de homem para pregar o pecado e a conversão aos outros. Em outras palavras, Deus está levantando homens que sejam santos, que sejam humildes, homens de oração para usá-los; homens que odeiam o pecado e que amem a Deus; homens que estejam tremendamente convictos da necessidade da salvação de almas; homens que estejam orando sempre por um avivamento bíblico, um avivamento do Espírito Santo. Deus usa este tipo de homem para trazer avivamento. Lembrem-se que o avivamento começa com uma convicção experimental de pecado.

Arrependimento
Isso nos leva a outra questão. Quando Deus Se agrada em levantar esse tipo de homem, será que alguma coisa específica em sua pregação tem conexão com a convicção de pecado? Creio que a resposta é sim! É esse tipo de homem, que de forma incisiva, se dirige à convicção da consciência, de uma forma bem aguçada. Eles mostram aos pecadores de forma clara a necessidade de arrependimento e o Espírito Santo Se agrada em honrar e abençoar a Sua Palavra quando este homem prega de forma convincente. O que aconteceu com João Batista quando ele começou a pregar com convicção? Os homens começaram a fugir da ira vindoura. O que aconteceu quando Pedro pregou com profunda convicção no dia de Pentecoste? O Espírito Santo desceu sobre os que ouviam a sua palavra.

Evangelização moderna
Por isso minha tese é: a evangelização moderna está se levantando como um obstáculo frontal, com raras exceções, à verdadeira convicção de pecado, ao arrependimento e ao verdadeiro avivamento. A evangelização moderna tem uma visão superficial de pecado; fala tão pouco de um assunto que a Bíblia tanto menciona. Por que a evangelização moderna fala tão pouco a respeito do pecado? A evangelização moderna tem medo de falar às pessoas as verdades a respeito delas mesmas; tem medo de perdê-las. Ensina que nós não devemos ofender as pessoas, e sim, sempre conquistá -las. A razão humana diz que não vamos ganhar as pessoas se lhes falarmos do pecado. A evangelização moderna não nega que o homem esteja morto nos seus delitos e pecados; não nega que a Bíblia diz em Romanos 8:7, que a mente carnal está em inimizade contra Deus; não nega que está escrito em 1 Coríntios, capítulo 2, que o homem natural não aceita, não compreende as coisas de Deus, mas a evangelização moderna diz que textos assim são apenas afirmações doutrinárias. Diz que esses textos são relevantes para os crentes, todavia não seriam relevantes para os não salvos. Dizem: "Como podemos ganhar as pessoas se dissermos que elas não podem se salvar a si próprias?" Concluem, assim, que qualquer ensino que retira da mente dos ouvintes a capacidade de responder imediatamente ao evangelho, na verdade é alguma coisa que impede a evangelização.
Dessa forma fazem do cristianismo alguma coisa bem simples e fácil. Dizem: "aceite a Jesus hoje, é simples, não precisa se preocupar com seus pecados, Ele já lhe perdoou. " Mas eles não somam aí o que é que significa realmente ser perdoado e quais os frutos de uma vida verdadeiramente perdoada. Por isso, a evangelização moderna produz cristãos muito superficiais, com uma religiosidade de apenas "12 centímetros" de profundidade. O pastor batista, Erroll Hulse, trabalhou certa vez em uma cruzada evangelística de massa com o Dr. Billy Graham e logo após, teve de escrever um livro intitulado, O Dilema do Pastor, onde esclarece que menos de cinco por cento dos que vinham à frente, no apelo, mostravam frutos subseqüentes em suas vidas. Se formos comparar por um momento, tudo isso, com o ministério do puritano Richard Baxter, que teve 600 pessoas convertidas na pequenina cidade de Kidderminster onde foi pastor, fazendo-o dizer no fim de sua vida que ele não sabia de nenhum que tivesse caído ao longo do caminho, perceberemos que há uma grande diferença. Há uma diferença entre uma pregação superficial a respeito de Jesus e que ignora o pecado, e uma pregação que diz ao pecador que ele não vai saber valorizar a Jesus enquanto não souber claramente o que é pecado. A evangelização moderna põe toda a pressão em cima da vontade do pecador e o pecador precisa tomar uma decisão imediata. Um ato de decisão feito pelo homem usurpa o papel do Espírito Santo em salvar pecadores.

Evangelização puritana
A evangelização puritana tem uma mensagem bem mais ampla sobre o que é o evangelho. O dever da fé é enfatizado, mas outros deveres também são ressaltados. Os evangelistas puritanos vão dizer aos seus ouvintes, não salvos, que eles precisam se arrepender, precisam parar de fazer o mal, precisam ser santos como Deus é santo, precisam amar a Deus de todo o coração e precisam entrar pela porta estreita. Tudo isso é enfatizado na evangelização puritana. Noutras palavras, a evangelização puritana apresenta a Bíblia como um todo para confrontar o incrédulo. Contudo, sejamos cuidadosos aqui. Eles não pregavam que o incrédulo tinha capacidade de fazer estas coisas, mas pregavam a seus ouvintes as exigências das Escrituras, sabendo que o Espírito Santo é quem faz tudo isso para mostrar aos pecadores que eles não podem cumpri-las por sua própria força.
O alvo do puritano era levar a alma não sal va a uma encruzilhada, quando duas estradas se cruzam. Uma dessas estradas poderia ser chamada a estrada da necessidade e o pecador realmente convencido diria: "Eu preciso ser salvo, salvação é minha necessidade!" A outra estrada poderia ser chamada a estrada da impossibilidade. O pecador diria: "Eu não posso ser salvo; eu não consigo ser santo como Deus é santo; não posso ir a Jesus e me dobrar diante dEle por minha própria força". Qual era o alvo do puritano? Era o de levar o pecador a esta encruzilhada e ao chegar lá descobrir que precisa ser salvo mas não pode. Dessa forma ele vai clamar ao Deus todo-poderoso: "Faze por mim ó Senhor, o que eu não posso fazer por mim mesmo!". É isso que Paulo faz nos capítulos 1,2 e 3 de Romanos; o mesmo fez João Batista quando pregava assim: "Arrependei-vos porque o reino de Deus está próximo". João Batista não começou dizendo: "Eis o Cordeiro de Deus...", porém começou dizendo "arrependei-vos". Quando Jesus começou Seu ministério pastoral, Ele não disse "tome uma decisão por mim", mas também começou dizendo "arrependei-vos porque o reino de Deus é chegado". Como foi que Jesus evangelizou Nicodemus?Ele disse: "você precisa nascer de novo". Como Jesus evangelizou o jovem rico? Ele disse: "Guarde os mandamentos". Por que Jesus lhe disse isso? Ele sabia que o jovem não podia guardar todos os mandamentos no seu coração. Jesus estava colocando como alvo a convicção de pecado.
Os puritanos não faziam na sua evangelização nada que os apóstolos e o próprio Senhor Jesus não fizesse. Eles pregavam a lei para que os pecadores se sentissem culpados perante Deus e aí pregavam Cristo, não um Cristo de 12 centímetros de profundidade, e sim, Cristo completo na Sua altitude, na Sua amplitude e na Sua profundidade. Pregavam Cristo destacando Seus ofícios, Seus nomes e Seus títulos. Pregavam Sua natureza e Sua Pessoa, pregavam-no plenamente. Isso nos leva a uma conclusão: o que nós estamos precisando desesperadamente é de uma evangelização centralizada em Deus; uma evangelização centralizada na mensagem; centralizada na Bíblia; não uma evangelização feita pelo homem, mas uma evangelização onde o Espírito Santo está agindo na Palavra e por meio dela. Para este fim você e eu, como evangelistas, nós mesmos fomos restaurados para um relacionamento mais vital e íntimo com Deus por Jesus Cristo. O que nós precisamos desesperadamente é de carregadores da tocha, homens e mulheres que estejam em chamas por Deus. Não de homens que estejam em fogo por ensinos não bíblicos, mas de homens inflamados pelo ensino da Palavra de Deus - sim, de homens cheios daquele temor filial a Deus. Você já percebeu que todas as vezes que Paulo fala a pastores e presbíteros para dar-lhes algum conselho ele sempre diz, "Tem cuidado de ti mesmo e depois do rebanho"?

Conclusão
Querido irmão, se você não odiar o pecado, se você não amar a Deus, se não estiver cheio do poder de Cristo, não deve ficar surpreso de seu ministério ser tão infrutífero. Se as pessoas perceberem que viver religiosamente não é viver a realidade da nossa vida, elas vão ser levadas a desobedecer as nossas mensagens. Um dos nossos grandes problemas hoje é que a nossa própria casa não está em ordem. Que Deus nos leve a conhecê-lo de uma forma íntima e pessoal, seguindo-0 de forma incondicional e pregando todo o conselho de Deus.
Queridos amigos, o tempo está curto, muito cedo vamos pregar nosso último sermão, fazer a nossa última oração, participar da nossa última conferência, e a única coisa que realmente vai contar é a seguinte: conhecemos realmente a Deus e a Jesus Cristo a quem Ele levou assunto aos céus? Que Deus nos faça portadores da tocha da evangelização puritana em nossa geração.

EXTRAÍDO DO LIVRO A TOCHA DOS PURITANOS
Palestras proferidas no simpósio OS PURITANOS em 1995
Joel R. Beeke
PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS
Caixa Postal 1287 10159-970-São Paulo-SP

sexta-feira, 10 de julho de 2009

UMA NOVA VIDA EM CRISTO

“Não se admire em eu te dizer: é necessário nascer de novo!” (João 3.7)

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus” (Efésios 2.8)

Por que para Deus é necessário todos nascer de novo? Será que nós não somos filhos de Deus?

“Todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23)

Existem verdades que todos devem saber sem nenhuma dúvida, se quiser ter uma vida feliz e em paz com Deus.

Por que o homem precisa ser salvo?

• Por que é um pecador. (Rm. 3.23; 5.12)
• Por que está condenado. (Rm.3.10; 19)

Mas, o que é preciso fazer para ser salvo?

• Arrepender-se. (Lc. 3.3; At. 3.19)
• Crer no evangelho. (Rm. 1.16-17)
• Receber a Cristo como salvador e Senhor. (Jo. 1.12)

Lembre-se:

1. A salvação não vem pelas obras. (Rm. 3.28; Gl. 2.16; Ef. 2.8-9)
2. A salvação não vem pelo batismo.
3. Os desejos da carne não podem agradar a Deus.(Rm. 8.8; Gl. 5.19-21; Gn.4.4 -5)

Resumindo, Sem Jesus estamos perdidos. Vivemos para nós mesmos, dirigindo nossa própria vida, buscando nossos próprios interesses. Fazemos a nossa vontade e não a de Deus. Ficamos envolvidos pelo pecado, perdemos o controle de nós mesmos e sofremos terríveis conseqüências por isso. O pior é que quando a vida termina, a separação de Deus se torna definitiva e eterna. E o destino terrível que Jesus chamou de inferno se torna nossa maior realidade.



PASTOR SÓSTENES RANIELY LUCENA

quinta-feira, 9 de julho de 2009

PODE SER TUDO, MENOS CULTO DE ADORAÇÃO.

Existem comentários de que no leito de morte, o naturalista Charles Darwin teria negado a sua teoria da evolução das espécies, embora que muitos não acreditem nisso, mas com essa afirmação, podemos ter mais certeza ainda que o homem tenha bastante sede de Deus, e por isso vive numa busca desesperada por algo que possa satisfazê-lo espiritualmente.

Com essa necessidade em seu coração que outrora era puro e sem pecado foi que venho surgir à religião. O homem é um ser extremamente religioso, pois em seu coração existe a ânsia por adoração a um ser supremo. (Sl. 42.1)

Em todos os tempos da antiguidade sempre foram encontrados histórias e vestígios de rituais religiosos, por que quanto mais primitivo o povo e sem contato com outras nações ou populações, eram em geral, os mais religiosos.

Também na antiguidade, muitos homens desenvolveram vários métodos de adoração de acordo com suas necessidades e seus diferenciados métodos de interpretação de um ser criador e superior, tentando por muitas vezes encontrar um caminho para sua plena satisfação espiritual. Nós cristãos atuais, que diariamente estudamos as sagradas escrituras, sabemos que somente através da bíblia sagrada é que encontramos os métodos que realmente Deus requer de nós em termos de adoração.

Hoje em muitas igrejas infelizmente podemos observar uma verdadeira falta de reverência no culto começando pelo estilo de adoração, onde os “ministros” tentam satisfazer os desejos de incrédulos que querem se divertir e não cultuar ao Senhor.

Em toda a narrativa bíblica não vemos em lugar algum um culto para agradar as pessoas, mas sim a Deus, mas infelizmente, falsos mestres que querem divertir bodes sem nenhum temor a Deus colocam na liturgia do culto essas seções de entretenimento para agradar e “inchar” a igreja, pois a moda hoje e crescimento a qualquer custo sem compromisso com a palavra de Deus. Já se pode observar hoje em muitas comunidades evangélicas pastores que moldam a palavra de Deus segundo a necessidade de incrédulos que querem se sentir num circo ou em um show de humor, mas menos em uma igreja onde ele venham se sentir justo diante de Deus.



BIBLIOGRAFIA.

Folheto o fim da religião, CPAD 2009

Esboço de Teologia Sistemática, A.B. Langston JUERP. 1991

Nossa Suficiência em Cristo, JOHN Macarthur Ed. Fiel 2007